Assinar
Publicidade
Opinião

Você é líder ou sombra?

Como lideranças, temos um impacto enorme na vida das pessoas que muitas vezes não dimensionamos


29 de fevereiro de 2024 - 9h01

Ao ser convidada para ocupar esse espaço no hub Women To Watch, escolhi falar sobre um assunto que nós mulheres entendemos bem: liderança humanizada. Tenho 23 anos de carreira no Marketing e, antes de liderar essa área na Reckitt Hygiene Comercial, passei por diferentes companhias, com marcas e propósitos variados. Em todas elas, ser uma colega que escuta, valoriza, reconhece e se interessa pela vivência daqueles com quem compartilhamos o dia a dia (às vezes mais do que nossos amigos e familiares) tem sido uma habilidade valiosa. É o famoso “ver além do CNPJ”. 

Partindo do aspecto humano, é imprescindível refletir sobre o impacto intencional e o não intencional das nossas ações. Um simples elogio pode ter um efeito para além do ambiente de trabalho, aumentando a autoestima de quem o recebe. Por outro lado, um comentário impensado pode gerar preocupações e noites mal dormidas. Como líderes, temos um impacto enorme na vida das pessoas que muitas vezes não dimensionamos.  

(Crédito: Adobe Stock)

De forma a ilustrar essa dualidade, trago a foto acima. Na obra, perceba que as sombras das pessoas são bem maiores do que elas mesmas. Como líder, é essencial que nos demos conta da sombra que projetamos. Será que você está tomando um espaço maior do que realmente é para o seu liderado? 

Se quisermos embarcar na jornada da liderança humanizada, precisamos exercer suas características-chave, como o foco em pessoas, carisma, metas e objetivos definidos, mudanças, inovação e, principalmente, empatia. No contexto atual, em que a liderança assume inúmeras formas e é exercida em diferentes níveis hierárquicos, a empatia se torna uma qualidade essencial tanto para líderes formais quanto informais. Independentemente do cargo que ocupamos, a capacidade de compreender a influência de nossas ações sobre os outros é fundamental para construir relacionamentos saudáveis e alcançar resultados eficazes. 

No Marketing, a empatia desempenha um papel crucial no entendimento do público-alvo. Entender as necessidades, desejos e experiências dos consumidores não é apenas uma estratégia de negócios inteligente, mas também uma expressão tangível de liderança humanizada. Isso se aplica não apenas aos líderes formais, mas a todos os membros da equipe, independentemente de sua posição na hierarquia. 

Mas por que as mulheres parecem ter uma afinidade natural com a liderança humanizada? Um estudo realizado em parceria entre o Instituto de Psicologia (IP) da USP e a University of Auckland, Nova Zelândia, explorou o sucesso de países liderados por mulheres durante a pandemia. Os resultados apontaram para características inerentes a elas, como um estilo de liderança focado em relacionamentos interpessoais, atenção à comunidade, intuição, sensibilidade e olha ela aí! – empatia. Questões biológicas, como variações nos níveis de testosterona, contribuem para essas diferenças, mas o estudo também destaca a influência significativa de fatores sociais nesses padrões. 

Nós nos importamos mais. Em um mercado de trabalho que valoriza cada vez mais habilidades interpessoais, por que não se empoderar desse traço feminino? 

Seja você uma líder estabelecida ou alguém que aspira a liderar, desenvolver habilidades humanizadas é uma jornada contínua. O primeiro passo é reconhecer a importância de praticar o autoconhecimento e refletir sobre o seu papel na empresa. A transparência e o diálogo também são fundamentais nesse processo: ouça ativamente, peça feedback e procure entender as nuances emocionais dos outros. A humanização também se dá através de pequenas atitudes no dia a dia, como não desmarcar uma reunião para a qual alguém se preparou por semanas, ou ajudar um colega a defender seu ponto de vista. Tudo isso proporciona um espaço seguro para que todos se sintam acolhidos, em seus melhores ou piores dias. 

Se eu tivesse que ser lembrada por uma característica ao longo da minha carreira, gostaria que fosse “líder humana”. Essa não é apenas uma qualidade desejável, mas uma ferramenta poderosa que impulsiona o sucesso profissional e a construção de ambientes de trabalho mais saudáveis. 

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Adriana Barbosa: do ativismo à expansão internacional da Feira Preta

    Adriana Barbosa: do ativismo à expansão internacional da Feira Preta

    CEO da PretaHub e presidente do Instituto Feira Preta é a nova entrevistada do videocast Falas Women to Watch

  • Mais de 90% dos brasileiros aprovam ampliação da licença-paternidade

    Mais de 90% dos brasileiros aprovam ampliação da licença-paternidade

    Apesar da aprovação, poucas empresas aderem ao programa que permite extensão da licença ao pai