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Manuela Barem: Pedir ajuda é importante

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Manuela Barem: Pedir ajuda é importante

Estreando o espaço, a jornalista diz como alimenta sua mente e seu coração diariamente e o que considera essencial para ser mulher em posição de destaque  


17 de março de 2022 - 16h02

A jornalista e podcaster Manuela Barem dá dicas de liderança e fala sobre suas inspirações (Crédito: Divulgação)

Não existe fórmula pronta para ser mulher no mundo, tampouco para ser uma liderança feminina. Somos uma diversidade de perfis, cores, personalidades e histórias, mas hoje estamos mais unidas em nossas diferenças: nos ajudamos, nos ouvimos e damos as mãos, no mercado e fora dele. Nesse sentido, como liderança, saber delegar e confiar na equipe são pontos importantes para dividir a pressão que muitas de nós podemos sentir em cargos de gestão. O peso de provar para si e para outros que é capaz e as longas jornadas de trabalho podem nos fazer esquecer da importância de pedir ajuda, embora dividir o trabalho com os colegas seja crucial para o sucesso de uma equipe. 

É o que recomenda Manuela Barem, consultora de estratégia, professora de cursos online de liderança e conteúdo e apresentadora do podcast Tipo Rádio. Manuela é a primeira convidada deste espaço, em que descobriremos as inspirações, referências, técnicas e dicas do dia a dia de trabalho de mulheres de diferentes áreas do mercado e do Brasil — de pequenas empresas a agências, de especialistas em negócios a especialistas em conteúdo, passando por diversos segmentos. De São Paulo e do Ceará, do bairro de elite ao bairro da periferia.  

Confira abaixo a entrevista com Manuela, que é formada em jornalismo e começou sua carreira em 2006 em jornais de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, sua cidade natal. Especializada em comunicação digital, trabalhou para diversas empresas de comunicação, como Revista Galileu e YOUPIX, atuando como jornalista, criadora de conteúdo e liderança. Fundou o BuzzFeed Brasil em 2014 e trabalhou lá até agosto de 2019 como editora-chefe e diretora de conteúdo. Em 2018, recebeu o prêmio Comunique-se na categoria “Executivo de Comunicação do ano”.   

Que características ou habilidades você considera essenciais em uma mulher na liderança? Como você as desenvolve e as alimenta regularmente?  

As primeiras habilidades que me vêm à cabeça com essa pergunta são: organização e saber delegar, dividir as tarefas com a sua equipe. Sobre delegar, isso me vem à mente porque sinto que, para mim e para muitas mulheres líderes que conheço, a posição de liderança é pesada, cheia de pressão. Tem a pressão de provar para si e para os outros que dá conta das coisas, de enfrentar jornadas longas (e muitas vezes jornadas duplas), além de todo o machismo que a gente sabe que está impregnado no mundo corporativo e que cria tantos entraves para o nosso desenvolvimento, entre muitos outros tipos de pressão. 

Isso tem um impacto grande na vida, faz com que a gente exija muito de si e nem sempre lembre que é importante pedir ajuda, dividir o trabalho. Já a parte da organização, de se preparar para ser líder, também acho importante, mas é muitas vezes deixada de lado, como se fosse uma habilidade menor. Eu tento desenvolver ambas no dia a dia, vou aprimorando meus processos ao pesquisar soluções e hoje também tento dividir meus desafios com amigas que estão na mesma posição. A gente debate esses e muitos outros assuntos, troca ideias e soluções que já testamos. É a famosa rede de apoio de que tanto falam, né? Acho ela fundamental para uma líder.    

Você já teve algum tipo de sentimento de autossabotagem? Como lida com essa situação e que dicas dá para mulheres que se sentem assim nos projetos, áreas e lugares em que atuam?  

Sim. É um sentimento que volta e meia aparece. Para mim, a autossabotagem é um sintoma de que algo está fora do lugar e que geralmente vem acompanhada de outro inimigo conhecido de muita gente: a procrastinação. Quando eu me vejo desviar muito de uma tarefa ou trabalho, por exemplo, já sei que estou procrastinando. Quando identifico que isso está acontecendo, paro para fazer uma rápida análise do que estou sentindo com relação ao trabalho ou tarefa. Para mim, é muito comum descobrir que estou com medo de falhar. Quero tanto acertar que algo dá errado no caminho, bate uma insegurança e eu travo. Chega até a ser engraçado perceber esses padrões depois de um tempo. Escrever o que estou sentindo me ajuda muito a sair desse processo tóxico. Essa é a minha dica para outras mulheres que também estejam passando por isso: a escrita pode te ajudar a “sair um pouco da sua cabeça”, racionalizar as coisas. Na maioria das vezes, coloco meus medos no papel, elaboro um pouco a origem deles, e no mesmo momento eles ficam menores. Consigo sair desse processo com uma clara direção dos próximos passos para eu me desbloquear e conseguir trabalhar. Recomendo.  

Quais mulheres inspiradoras você segue, lê e observa? Como elas te inspiram?  

Algumas das mulheres que tenho seguido atualmente e que admiro muito são Aline Valek, Gaía Passarelli, Nath Finanças, Thais Farage, Madama Brona e Samantha Almeida. A Aline e a Gaía me encantam muito pela qualidade e consistência no trabalho que desenvolvem nas newsletters e podcasts delas. Já a Thaís, a Nath Finanças e a Madama Broona são incríveis de acompanhar o tempo todo, pois estão sempre crescendo, evoluindo o trabalho para novos formatos, soluções, tamanhos e é muito bom ter a oportunidade de vê-las crescer, mudar de ideia, evoluir. Mostram que não existe uma resposta final para tudo, é muito inspirador. A Samantha tem uma luz imensa, eu praticamente sigo e falo amém para tudo, aprendo muito. Para mim, ela é a executiva mais cool que existe (risos). Ah, e por último, estou amando acompanhar o trabalho das administradoras do perfil da Linn da Quebrada, agora que a Lina está no BBB. São seis mulheres trabalhando de forma exemplar com as redes sociais da Lina, são criativas e conseguiram criar um tom de voz único e aproveitar muitas oportunidades para engajar o público, isso é muito inteligente. Além de tudo, sempre acham um espaço aqui e ali para educar as pessoas sobre como é ser travesti, já que todas elas são travestis.   

Quais conteúdos ou ferramentas você recomendaria para uma mulher que quer dar uma turbinada na carreira?  

Acho que muitas vezes a gente esquece de sair um pouco da timeline e fuçar a internet como um todo em busca de respostas pra gente. Minha dica é buscar as habilidades que você quer desenvolver no YouTube, no Google e em plataformas como o Coursera, a Domestika e tentar aprender com os conteúdos de lá. Tem muita coisa disponível, inclusive de forma gratuita. Recentemente, achei um curso de gerenciamento de projetos completo no Google e outro no YouTube que foram incríveis pra mim. Poder usar estes conhecimentos e aplicar no dia a dia pode ser muito poderoso. 

Por fim, tem alguma dica de séries, filmes, livros e/ou músicas que consumiu recentemente e te fizeram refletir sobre a condição e o papel das mulheres?   

Não são séries novas (sou muito ruim de acompanhar o hype), mas amei demais assistir recentemente Fleabag e Marvelous Mrs Maisel. Acho que ali tem muitas camadas do que é ser mulher e eu amei vê-las na televisão. E tenho pensado muito sobre questões de gênero, sobre o feminino, sobre mulheres trans graças aos episódios da temporada mais recente de RuPaul’s Drag Race. Acho que são discussões muito atualizadas, as questões de gênero estão sempre rodando pelos tópicos que me interessam atualmente.  

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