Diversidade: uma jornada de longo prazo
Ter uma empresa múltipla é o caminho para um ambiente mais saudável, correto e justo, mas ainda é pouco
Ter uma empresa múltipla é o caminho para um ambiente mais saudável, correto e justo, mas ainda é pouco
16 de março de 2022 - 0h05
O Yahoo tem seu escritório na avenida Faria Lima, em São Paulo, um dos centros financeiros do país. Um local, ainda, predominantemente masculino, branco e homogêneo. Um contraponto e até um desafio à empresa que vem, nos últimos anos, aprofundando seu comprometimento com relação à diversidade e inclusão.
Ter sido anunciada, há menos de um mês, como a primeira mulher a assumir a posição de country manager na região da América Latina faz parte disso. Um motivo imenso de orgulho pessoal. Mas ainda é pouco. A verdade é que diversidade, inclusão e outra palavrinha que começa a ser cada vez mais usada – o pertencimento – não são uma tendência, e sim uma urgência.
O Yahoo Brasil tem hoje uma liderança predominantemente feminina. Infelizmente, não podemos falar o mesmo sobre diversidade de raça. Em 2021, trabalhamos em conjunto com o Instituto Identidades do Brasil (ID-BR) e com a consultoria Think Eva – voltada à inovação social e que articula o mundo corporativo para criar soluções para as desigualdades de gênero e intersecções – em uma proposta educativa para o time, um letramento, em que foram levantados pontos sensíveis. É o caso do uso de palavras que, em um mundo distante, levavam à comum expressão “não se ofenda, eu só estava brincando”. Ou a urgência de contratar com olhar inclusivo – e como fazer isso.
Empatia, abrir mentes, ver com os olhos do outro, ouvir, aprender com as diferenças. Expressões que foram reforçadas à exaustão. Sinto-me tranquila em afirmar que, em cada mente dentro do Yahoo, existe uma preocupação e um comprometimento com a diversidade. Ter uma empresa múltipla é o caminho para um ambiente mais saudável, correto e justo em todos os sentidos. Isso fortalece não apenas as relações, mas amplia as vozes, as visões de mundo, melhora a comunicação e, ainda, a inovação e os resultados financeiros.
É um primeiro passo. De novo, ainda é pouco. Um país com quase 60% da população negra precisa ter isso replicado nas empresas. Manter o compromisso de inclusão na cabeça das pessoas é o que efetivamente vai levar à mudança. Talvez não seja tão rápido quanto eu gostaria, até porque toda mudança profunda leva tempo.
Quando entrei na companhia, há quase três anos, a liderança no Brasil era majoritariamente masculina. Agora, contamos com mulheres à frente da direção geral, finanças/Recursos Humanos, jurídico, marketing e vendas. No time editorial, por exemplo, além do Brasil, sou head Latam e Canadá, e temos três mulheres na hierarquia à qual respondo.
Na semana passada, comecei um curso que está sendo ministrado para líderes do Yahoo em diversos mercados, chamado “Confronting Racism as Leaders” (em português, Confrontando o Racismo como Líderes). No material preparatório para a primeira aula, havia um podcast: “Corporate America’s Work in Fighting Racism is Just Beginning”. Durante a conversa, Ella Washington, psicóloga organizacional da Georgetown University, tocou em um ponto fundamental e o mais difícil de todos: como dizer que temos um comprometimento com diversidade se não temos vagas abertas, se temos uma crise econômica ou se a virada para um time realmente diverso envolveria ter novas vagas ou trocas de pessoas?
Diante deste cenário, temos apenas uma resposta: eventualmente, novas vagas serão abertas, pessoas precisarão ser repostas ou promoções para a liderança serão definidas e lembraremos que temos um compromisso com a D&I e poderemos agir. “Inclusão é uma jornada, é sobre saber a coisa certa a fazer”, reforça Ella.
Não se pode ficar de braços cruzados, esperando. Todos os dias há decisões a tomar: quais parceiros vamos escolher, quais fornecedores, quais entrevistados para reportagens, qual compromisso e impacto queremos causar na sociedade. Todo ato envolve responsabilidade social. Ainda é pouco. Em breve, não será.
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