Essa é a capivara do Chega…. Repasse se você não aguenta mais
Episódio de importunação sexual em jogos universitários urge que as marcas se posicionem
Essa é a capivara do Chega…. Repasse se você não aguenta mais
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22 de setembro de 2023 - 9h17
Eu sei que a gente aqui deveria escrever sobre dimensões mais relacionadas ao lado profissional feminino. Pensar em como podemos fomentar conexões e relações de trabalho entre mulheres, em usar a sororidade para levantarmos umas às outras.
Escrever um texto assim na semana de 18/set/2023, no entanto, parece até desconexão da realidade. Porque é impossível falar do futuro sem endereçar um tema grave do presente: o “masturbaço coletivo” que descobrimos, em setembro, ter acontecido em abril, num evento universitário no interior de SP.
O buraco profundo já começa por aí: a sociedade levou cinco meses para perceber que 30 homens com o pênis de fora e na mão, com os rostos pintados de preto, correndo em volta de uma quadra cheia de mulheres jogando vôlei, não é normal.
(É importunação ofensiva ao pudor somado a crime de racismo, minha gente. E não deveríamos precisar fazer este esclarecimento em pleno 2023.)
Mas eu não escrevo sobre isso aqui hoje só por conta da revolta pessoal que sinto ao ver o vídeo que viralizou. Escrevo porque precisamos, como comunidade, fazer as empresas e as marcas nossas aliadas no processo de construir uma sociedade melhor.
Neste episódio, nenhuma das duas universidades envolvidas deu exemplo:
– Ambas parecem ter tentado “abafar o caso” por cinco meses (e conseguiram, infelizmente);
– A universidade dos ofensores expulsou alguns alunos identificados, mas não todos os envolvidos, e não parece ter feito nada em prol das meninas que sofreram tamanho constrangimento, abuso, horror;
– e pra mim, a pior de todos os atores neste processo: a universidade em que estudam as meninas que perderam o jogo postou a seguinte frase, disponível até ontem em seu pronunciamento oficial no Instagram: “Não foi registrada, naquele momento, nenhuma observação por parte de nossas alunas referente à importunação sexual”.
E aí eu pergunto: se 30 homens correndo segurando o pênis em volta delas não é importunação sexual, o que é então, gente?
Hoje, pra piorar, a referida universidade editou o post do Insta, trocando a palavra “observação” por “denúncia”. Parece que para eles a coisa funciona assim: se ninguém reclamou, não é problema.
Frente a tudo isso, venho aqui apelar às pessoas que estão lendo este artigo e trabalham nas empresas envolvidas. Vocês são instituições de ensino. Educam e formam os profissionais que estarão, aqui nos nossos lugares, daqui a uma ou duas décadas. O que vocês acham que ensinaram para os seus alunos neste episódio?
E venho apelar, também, às pessoas que trabalham nas agências e aos parceiros de comunicação de vocês. Para que sejam aliados verdadeiros da mudança, e que ajudem a essas instituições a entenderem que o dano que elas fizeram à sociedade e às suas marcas ao não agir é enorme.
E para quem não está diretamente envolvido nessa crise, #ficadica: as marcas têm, sim, um papel fundamental na construção de um mundo melhor. E a gente precisa fazer nossa parte.
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