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Opinião

Geração Z e IA

Stanford e MIT já têm resultados positivos de pesquisas sobre habilidades geracionais e o impacto delas na produtividade por meio de inteligências artificiais generativas


3 de junho de 2024 - 8h58

(Crédito: Adobe Stock)

Assim como eu, boa parte das lideranças organizacionais atuais não fazem parte da geração Z, a primeira delas a ser considerada nativa digital. Geração essa que deve representar um quarto da força de trabalho até o próximo ano, seguindo a projeção da consultoria McKinsey, mas que desde já vem ocupando grande parte da área de TI. Segundo a maior plataforma de recrutamento tech do Brasil, a Revelo, os Z’s chegam a representar 35% dos profissionais.

Para continuarmos inseridos nesse ecossistema que sobrevive em transformação, é cada vez mais relevante nos questionarmos como estamos recebendo esses jovens no mercado. Infelizmente ainda estamos com dificuldades, mas, afinal, se existem problemas na inclusão dessa geração nos ambientes de trabalho, como podemos mudar isso? 

Nós sabemos que as diferenças geracionais e os seus conflitos já fazem parte do nosso cotidiano, isso não é novidade. Mas elas estão potencializando desafios com os quais estamos tendo que lidar, cada vez mais, nos últimos anos, e que estão impactando a nossa produtividade. As transformações rápidas e extremas, que caracterizam nosso ecossistema da tecnologia, ficam mais intensas. As reflexões sobre os impactos do ambiente organizacional na nossa saúde ficam mais pontuais. O local onde trabalhamos fica mais carregado.  

Como resultado, já nos deparamos com o fato desta geração não querer ocupar cargos de lideranças. Uma pesquisa recente feita pela plataforma de inteligência Futuros Possíveis mostrou que apenas 10% das pessoas ouvidas, entre 16 e 29 anos, demonstram a ambição de assumir cargos de gestão.  A prioridade que dão à flexibilidade, ao propósito e à realização pessoal também está conectada com essa estatística.   

Mas, ao mesmo tempo, já estamos comprovando que a combinação entre a presença da geração Z e da Inteligência Artificial nas corporações está impulsionando a produtividade. O artigo “Generative AI at Work”, publicado em abril de 2023, resultado da pesquisa de Erik Brynjolfsson de Standford & NBER, Danielle Li, do MIT & NBER, e Lindsey Raymond, do MIT, demonstrou que a IA impulsiona em 10% e 15% a produtividade dos profissionais mais jovens em serviços de atendimento. E, mais importante, aponta que isso não está acontecendo com os seniores. 

Parte desta realidade pode ser explicada pela própria disseminação e uso de IA nas organizações. A empresa americana de software Salesforce, em uma pesquisa global, mostrou que 70% da geração Z domina a IA generativa. Enquanto no universo dos baby boomers, pessoas que nasceram até 1964, esse número não chega a 25%  

Qual é a nossa parcela de participação nesta equação? Estimular as conhecidas habilidades da geração Z – soft skills como agilidade, criatividade, proatividade, flexibilidade, facilidade de trabalhar em conjunto e lidar com as diferenças, super valorizadas hoje em dia – e ajudá-la a potencializar a integração da IA nas empresas. A metacognição e o pensamento críticos são outras dessas características que têm relação com o poder geracional em potencializar os resultados da IA.  

A capacidade desses profissionais em monitorar e autorregular processos da cognição e pensamento facilitarão as equipes a compreender melhor as decisões trazidas por inteligência artificial. Em questionar, analisar dados e conclusões gerados por ela. E será aliada das organizações para diminuir a incerteza que atualmente, segundo a consultoria EY, cerca de 68% dos CEOs já têm em relação à adoção da IA generativa.

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