Inteligência artificial e games: novos caminhos a explorar
O uso de modelos de IA tem tudo para potencializar o storytelling dos jogos, contribuir para a criação de mundo in-game e gerar cada vez mais engajamento
Inteligência artificial e games: novos caminhos a explorar
BuscarO uso de modelos de IA tem tudo para potencializar o storytelling dos jogos, contribuir para a criação de mundo in-game e gerar cada vez mais engajamento
22 de janeiro de 2024 - 6h23
Trabalhar com games é se maravilhar constantemente com os avanços da tecnologia e como eles ajudam a proporcionar experiências cada vez mais envolventes aos jogadores.
Alguns textos atrás, comentei que os jogos estão se tornando mais imersivos e interativos. Muitos deles, hoje, são praticamente filmes em que os jogadores atuam como protagonistas. Em vez de apenas consumirem um conteúdo de maneira passiva, são parte efetiva daquilo e participam ativamente. Atualmente, o sucesso do game enquanto fonte de entretenimento depende 100% do desempenho dos jogadores, e os jogos se tornam mais divertidos conforme a dedicação que se deposita neles.
Li recentemente que a Microsoft firmou uma parceria com a Inworld AI para criar ferramentas de inteligência artificial que poderão ser usadas por empresas desenvolvedoras de jogos. Com isso, os estúdios parceiros poderão usar o algoritmo de IA para criar falas de NPCs nos games.
Para quem não está inteirado sobre o universo dos jogos digitais, NPCs (sigla para “non-player characters”) são personagens não-jogáveis que interagem com os jogadores dentro do game. Eles passam missões, vendem itens, realizam transações e desempenham outras tarefas necessárias à fluidez do jogo.
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Pois bem: com a novidade, esses personagens, que antes eram pré-programados e tinham linhas de diálogo fixas no jogo, poderão falar com os jogadores por meio do ChatGPT.
Isso com certeza tem tudo para tornar a experiência ainda mais imersiva e memorável, uma vez que as interações não serão mais genéricas. A ferramenta poderá gerar respostas de acordo com o contexto da conversa e com a ação dos jogadores, o que torna tudo mais interessante.
Cada diálogo entre um jogador e um NPC será único e gerará uma resposta específica e mais realista, o que certamente contribuirá para uma conexão mais genuína e um relacionamento mais estreito dos jogadores com o game.
O uso de modelos de inteligência artificial tem tudo para potencializar o storytelling dos jogos, contribuir para a criação de mundo in-game e gerar cada vez mais engajamento.
Com opções infinitas, os jogos poderão assumir um caráter não-linear e dinâmico para surpreender os jogadores e mantê-los engajados por mais tempo. O mecanismo poderá ser empregado para gerar narrativas mais diversas, cheias de nuances e imprevisíveis.
Por exemplo: os NPCs poderão criar plots de acordo com o contexto, passar missões personalizadas e contribuir para a criação de storylines mais criativas e interessantes. Como as respostas dependerão das ações e das escolhas dos jogadores, eles terão muito mais controle sobre os rumos do jogo e poderão consolidar seu papel de protagonistas da história.
Já existem hoje em dia alguns jogos que estão adotando o uso de mecanismos de inteligência artificial para criar conversações mais realistas e dinâmicas e storylines mais atraentes, mas ainda há muito a evoluir nesse campo. A IA está apenas começando a transformar a indústria de jogos.
E, eu não sei você, mas essa perspectiva me fascina! A possibilidade de integrar ferramentas de inteligência artificial generativas com certeza vai ser uma revolução nos games, e vai abrir novas portas para a criatividade que, inclusive, poderá ser explorada pelas marcas.
Não é de hoje que os anunciantes mais inovadores estão se inserindo no mundo dos games. Com o uso de IA nos jogos, eles poderão explorar novas maneiras de interagir com os jogadores (e potenciais consumidores) e gerar experiências personalizadas.
Com isso, as chances de estreitar o relacionamento e converter essas pessoas em clientes reais aumentam exponencialmente. Que isso sirva de inspiração não só para quem trabalha com games, mas também para quem atua com estratégia de marcas.
Todo esse papo me lembrou um pouco de um conto chamado “Summer Frost”, do autor Blake Crouch. Ele está na coletânea Forward (Intrínseca, 2021, tradução de Braulio Tavares), que reúne um monte de autores sensacionais de ficção científica.
Nesse conto, um NPC começa a desenvolver autonomia e passa a tomar decisões não programadas, agindo por contra própria. Ao perceber isso, a desenvolvedora do projeto resolve retirar esse NPC do jogo e começar a treiná-lo utilizando técnicas de aprendizado de máquina e deep learning.
E o que acontece depois disso? Bom, aí você vai ter que ler para saber. 😉
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