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Opinião

Mulher com mulher

É essencial que as empresas contemporâneas reconheçam a importância de cultivar uma cultura de apoio mútuo entre as mulheres


21 de junho de 2024 - 8h49

(Crédito: Adobe Stock)

“Mulher não consegue trabalhar com mulher.”  

Quem nunca ouviu esta frase?  

Na semana passada descobri uma preciosidade em forma de série: “Feud”, do Ryan Murphy. Ela retrata, como o próprio nome em inglês diz, grandes tretas. Histórias em que a rivalidade, a competição ou o desentendimento tiveram consequências importantes.  

A primeira temporada da série se passa na era dourada de Hollywood, ali pelos anos 1960. Naquela época, duas estrelas dominavam as telas de cinema, Joan Crawford e Bette Davis. E quando ambas passam dos 50 anos de idade, e os grandes papéis começam a se esvair, uma oportunidade aparece: um filme noir, de um diretor não exatamente da primeira liga.  

Não surpreende duas estrelas de tamanho quilate aceitarem os papéis de protagonista e coadjuvante: elas queriam continuar trabalhando – e vamos combinar que aos 50 anos de idade, todas nós ainda temos energia, força e capacidade de realização e contribuição enormes. 

Também não surpreende que os egos das duas rapidamente gerem conflitos. E é aqui que, como diriam os eruditos, o pepino entorta. O que a série revela é que ao invés de ajudar tamanhos astros (ou astras!) a se realinharem, o que o estúdio faz, naquela época, é incensar o conflito. Criar mais raiva de uma em relação à outra.  

À primeira vista, o objetivo é o famoso “criar buchicho”. Ao espalhar fofocas maldosas sobre as duas, o estúdio falava sobre o filme a ser lançado – e isso aumentou, sem sombra de dúvidas, as bilheterias.  

E é essa a reflexão que eu trago pra cá: será que se fossem dois protagonistas homens, a opção seria a mesma? Esta que vos fala pensa que não.  

Essa conversa ganha ainda mais corpo quando pensamos na escassez de posições de liderança para mulheres, ainda, nas empresas – o que cria um ambiente onde as poucas que conseguem ascender muitas vezes entendem que precisam “proteger seu espaço”, exacerbando a competição ao invés da colaboração. 

Contrastando com o caso de Crawford e Davis, é essencial que as empresas contemporâneas reconheçam a importância de cultivar uma cultura de apoio mútuo entre as mulheres. Programas de mentoria, redes de apoio e iniciativas de desenvolvimento profissional que promovam a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos são fundamentais. Eu tenho o privilégio de trabalhar numa casa que tem este olhar e age de diversas formas para aumentar a sororidade, mas esta não é a realidade de muitas mulheres ainda, infelizmente.  

E é aí que entra o nosso papel e a nossa força como agentes de transformação: mulheres trabalhando por mulheres mudam o mundo.  

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