O futuro do empreendedorismo feminino depende de redes consistentes
A explosão de microgrupos de mulheres empreendedoras é positiva, mas essas associações voluntárias estão dialogando?
O futuro do empreendedorismo feminino depende de redes consistentes
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1 de fevereiro de 2024 - 6h38
Desde 2022, sabemos que o Brasil conta com 10,3 milhões de empreendedoras, o que representa, segundo a pesquisa do IBGE, 34,4% de todos os negócios. No entanto, um fato que ainda escapa dos horizontes de pesquisas a nível nacional é o mapeamento de grupos e redes que surgem a cada mês entre mulheres empreendedoras que estão se conectando para trocar experiências práticas e culturais, além de estabelecerem parcerias de negócio e de investimento. Para quem está inserida neste meio, é comum olharmos a relevância do trabalho das Mulheres do Brasil, da Rede Mulher Empreendedora e do Somos Empreendedoras, entre outras, para citarmos alguns exemplos.
Ocorre que ao longo dos últimos anos, houve um crescimento de micro redes de mulheres empreendedoras que passam longe do radar dos institutos de pesquisa, da mídia e de investidores — e, é claro, de outros tantos grupos de donas do próprio negócio. Desse modo, faz parte do cotidiano conhecer colegas que a cada ano entram em mais de um grupo de projeção local (de bairro ou da cidade), regional ou estadual, com ambição de nível nacional. Isso tudo, aliás, sem citar os grupos formados por setores, segmentos e nichos de mercado. O País ainda concentra, nas cinco regiões, cerca de 40 hubs de inovação para desenvolver negócios conduzidos por mulheres.
Todas essas expressões ajudam o empreendedorismo feminino, pois além de valorizar o trabalho das mulheres frente aos seus negócios, em sua maioria, são espontâneos na sua formação; e uma mulher puxa outra para esse ecossistema. No entanto, será que essas redes estão conectadas e produzindo valores para a sustentabilidade do empreendedorismo feminino?
Longe de querer determinar como essas iniciativas devam ser conduzidas. Como disse, a expressão voluntária dessas redes revela como o empreendedorismo feminino é tanto orgânico (necessidade de criar relações) quanto estratégico (princípio de competitividade). No entanto, como uma mulher está ajudando o desenvolvimento da outra? Os grupos e redes estão se retroalimentando num ecossistema mais consistente?
Por enquanto, acredito que não. Contudo, creio também que temos a oportunidade de estreitar as relações. A resposta inicial para aprofundarmos nesse debate e na solução se resume em agregar para não dividir.
Por mais que no futuro, próximo ou distante, teremos ainda grupos segmentados geograficamente ou por interesse de mercado — e isso é normal, de modo orgânico ou estratégico —, é preciso perguntar também se o surgimento de pequenos grupos, desconectados do todo, ocorre porque as grandes redes estão cada vez mais fechadas, como bolhas de interesse que restringem a participação de outras empreendedoras por uma série de fatores. Além disso, devemos perguntar se as pequenas e médias empreendedoras têm recursos materiais, financeiros e muitos outros para entrar em redes de grande projeção e fomento ao empreendedorismo feminino.
Esse debate precisa ser inserido no mercado por dois motivos: vejo nele um senso de maturidade de quem lidera o tema no Brasil e enxerga nessa discussão uma oportunidade de dar mais consistência e visibilidade ao trabalho das empreendedoras. O segundo motivo é evidente, ou pelo menos está nas entrelinhas acima: se os grupos se mostraram capazes de apoiar empreendedoras que antes estavam solitárias em seus negócios, por que não podem agregar outras redes e, assim, ganhar mais volume e autoridade?
Para o empreendedorismo feminino de 2024 em diante, desejo isso: mais conexões consistentes, orgânicas e estratégicas.
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