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O que a justiça climática tem a ver com a necessidade de empoderamento feminino?

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Opinião

O que a justiça climática tem a ver com a necessidade de empoderamento feminino?

As mulheres fazem parte dos grupos mais vulneráveis às catástrofes naturais e aos fenômenos extremos juntamente com crianças, negros, indígenas e imigrantes


28 de agosto de 2023 - 9h40

Justiça climática é, atualmente, um dos temas mais relevantes da agenda ESG. Há quem diga que essa abordagem se limita apenas a uma questão meramente ambiental. Na verdade, não se trata unicamente de tentar frear o aquecimento global ou de promover a economia circular. As causas e os efeitos da mudança do clima estão intrinsecamente ligados a questões sociais e de gênero. 

Recentemente, a bióloga, epidemiologista e ecofeminista portuguesa, Luísa Barateiro, afirmou que “não há justiça climática enquanto não houver justiça de gênero”. Não é um exagero. As mulheres fazem parte dos grupos mais vulneráveis às catástrofes naturais e aos fenômenos extremos juntamente com crianças, negros, indígenas, imigrantes… Isso porque as mudanças climáticas estão entrelaçadas aos padrões globais de desigualdade.  

“Justiça climática” pressupõe a busca de uma reparação. Os países desenvolvidos precisam sim assumir uma conta maior na redução das emissões e na ajuda a nações mais afetadas e a grupos mais vulneráveis que, inclusive, contribuem menos para agravar a crise, mas muitas vezes são os mais suscetíveis a sofrer suas consequências, já que possuem menos estrutura e recursos para enfrentar o problema. Para se ter uma ideia, em todo o mundo, os 10% mais ricos são responsáveis por entre 36% e 45% do total de emissões de Gases de Efeito Estufa, enquanto as famílias de menor renda (50%) respondem por apenas 13% a 15% das emissões. 

Essas populações minoritárias são vítimas de inúmeras violências quando buscam defender seus direitos pela vida, o que inclui a defesa de seus territórios. Basta ver a grave crise sanitária e humanitária que assolou o o povo indígena Yanomami, que luta contra o garimpo ilegal na região. Sobre isso, vale a leitura, também, do termo “Racismo Ambiental”. O mundo já sente os efeitos causados pela crise do clima, mas ainda falta uma consciência coletiva de que as consequências desses eventos atingem de forma muito diferente e desigual tanto as pessoas quanto os países.  

Quis falar sobre justiça climática nesta coluna porque acredito que o setor privado, assim como o público, tem um papel fundamental não só para mitigar os impactos de suas produções sobre o meio ambiente, mas para liderar ações transversais que aliem a proteção do meio ambiente ao combate a problemas sociais. Como lideranças de grandes, médias ou até pequenas corporações, devemos sim fomentar iniciativas voltadas, por exemplo, para as áreas de saneamento, saúde e educação.  

Vale refletir “qual o propósito da minha empresa?” ou “o que ela faz para combater as mudanças climáticas” ou “mitigar a crise?” e, por fim, “qual problema consigo resolver com minha expertise?”. Por exemplo, na L’Oréal, em 2022 nós atingimos a neutralidade de carbono em todas as nossas unidades do Brasil. Para além disso, através do programa Solidarity Sourcing, ajudamos mais de 3 mil pessoas de comunidades vulneráveis ou de cultivo agrícola a conseguirem remuneração justa pela sua produção. Dessa forma, além de conseguir matéria prima de qualidade e obtida de forma sustentável para usarmos em nossos produtos, empoderamos essas comunidades ajudando-as a mudar a realidade de suas famílias e da sociedade, enquanto contribuímos com a preservação do meio ambiente.   

Teremos justiça ambiental quando todos, juntos, garantirmos o acesso a recursos naturais e sociais indispensáveis para uma vida digna. Isso sim é um ecossistema equilibrado. 

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