Qual valor fundamental orienta sua vida?
Construir uma equipe coesa vai além de habilidades técnicas ou experiência profissional; é preciso que as pessoas compartilhem valores éticos comuns
Construir uma equipe coesa vai além de habilidades técnicas ou experiência profissional; é preciso que as pessoas compartilhem valores éticos comuns
13 de novembro de 2024 - 9h44
Na construção de uma cultura organizacional sólida e duradoura, um dos maiores desafios para as empresas é manter as pessoas conectadas em torno de valores compartilhados. O que faz os colaboradores permanecerem não é o salário mais alto, mas sim o alinhamento com a cultura e os princípios éticos da organização.
A lealdade, por exemplo, é frequentemente citada como um pilar central, especialmente no setor publicitário, onde a coesão e a identificação com a missão e os valores da empresa são fundamentais para atrair e reter talentos.
Mas a ética organizacional vai além da lealdade. Existem outros cinco pilares principais amplamente reconhecidos: cuidado, justiça, autoridade, liberdade e santidade, que também influenciam as interações e práticas dentro das organizações.
Esses pilares trazem tanto oportunidades quanto desafios no dia a dia das empresas.
Os valores de cuidado, justiça e lealdade formam uma tríade poderosa no setor publicitário. Quando as pessoas se sentem tratadas com respeito e justiça, elas tendem a se comprometer mais com o sucesso da empresa. No entanto, é necessário equilibrar esses valores para evitar problemas. Por exemplo, uma lealdade cega pode levar a decisões antiéticas para proteger o grupo.
Para prevenir isso, é preciso que as empresas promovam uma cultura de transparência, onde a justiça e a lealdade são entendidas como uma via de mão dupla, em que o compromisso da empresa com os funcionários é tão importante quanto a lealdade da equipe para com a organização.
Construir uma equipe coesa vai além de habilidades técnicas ou experiência profissional. É preciso que as pessoas compartilhem valores éticos comuns, pois é nesse compartilhamento que a confiança é fortalecida. Quando sei que um colega valoriza o respeito e a honestidade tanto quanto eu, sinto-me mais segura em colaborar, pois sei que nossos objetivos estão alinhados e que, ao tomar decisões, daremos prioridade aos mesmos princípios.
Recentemente, participei de um fórum com líderes internacionais e percebi que o código moral varia conforme a cultura do país. Por exemplo, conversei com líderes da Arábia Saudita, Omã e Emirados Árabes, que se orientam pelo valor da autoridade. E esse comportamento não é exclusivo do Oriente Médio; os líderes de empresas japonesas compartilham o mesmo valor. Achei isso curioso, porque, além de trabalhar no setor publicitário, sou empreendedora, e quanto mais liberdade tenho no meu dia a dia, mais produtiva sou. Mas foi interessante ver como diferentes motivações moldam a conduta empresarial.
Por outro lado, empresas do setor publicitário, onde a criatividade e a inovação são cruciais, concentram-se em pilares como o cuidado, a lealdade e a liberdade, promovendo um ambiente colaborativo e inspirador.
Isso não significa que um pilar seja mais importante que outro, mas que cada cultura organizacional precisa encontrar o equilíbrio adequado para sua realidade. Um bom exercício de autoconhecimento é priorizar os seis valores fundamentais mencionados acima.
Cada pilar ético, embora bem-intencionado, pode apresentar armadilhas.
O princípio do cuidado, por exemplo, valoriza a empatia e a proteção, mas, levado ao extremo, pode se transformar em superproteção. Esse excesso limita a autonomia e o desenvolvimento dos colaboradores, pois uma liderança excessivamente cuidadosa acaba sufocando o potencial de crescimento dos profissionais, ao não fornecer os feedbacks necessários para seu desenvolvimento.
A justiça, outro pilar essencial, se mal interpretada, pode gerar favoritismo e nepotismo, comprometendo o equilíbrio no ambiente de trabalho. Para evitar isso, é importante que as práticas de contratação, promoção e remuneração sejam justas, tratando todos com equidade.
A liberdade, que incentiva a autonomia e a criatividade, pode gerar falta de alinhamento e até conflitos de interesse se não houver controle adequado. Portanto, este pilar precisa ser acompanhado de responsabilidade e limites claros para garantir um ambiente produtivo e harmonioso.
Para construir uma cultura organizacional ética e duradoura, é essencial definir e comunicar claramente os valores fundamentais da empresa, alinhando-os à estratégia de negócios e garantindo que nenhum pilar se sobreponha a outro, preservando o equilíbrio cultural.
Por exemplo, quando a lealdade ultrapassa a justiça, a tolerância a comportamentos inadequados em nome da fidelidade ao grupo compromete a integridade organizacional.
Empresas que desejam atrair e reter talentos precisam equilibrar esses pilares éticos e criar um ambiente onde todos se sintam seguros, respeitados e inspirados a dar o seu melhor, fortalecendo o comprometimento da equipe com os objetivos comuns.
Liderar com clareza nos princípios éticos molda a cultura organizacional e promove um ambiente saudável e atraente para talentos. Entender os pontos fortes e as armadilhas de cada pilar é fundamental para que a empresa mantenha sua integridade e conquiste a confiança de sua equipe, permanecendo fiel aos valores, mesmo em tempos de mudança.
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