Se o conteúdo é rei, a comunidade é rainha
Será preciso inverter a lógica estratégica das marcas para se alinhar com o futuro da criação de conteúdo na web 3.0
Será preciso inverter a lógica estratégica das marcas para se alinhar com o futuro da criação de conteúdo na web 3.0
26 de agosto de 2022 - 0h04
“Só sei que nada sei!” Começo a coluna deste mês falando sobre isso, porque foi exatamente esse pensamento que me trouxe até aqui. Aprendendo a reaprender, ressignificar e desmaterializando minha própria carreira, mas embasando as tomadas de decisões em comportamentos e dados. E isso tem muita relação com a revolução que estamos vendo acontecer.
Se lá na web 1.0 falávamos do grande impacto da informação e na web 2.0 da economia dela, agora, com o pensamento da Web 3.0, temos a possibilidade de construir uma nova economia digital com a descentralização do conhecimento. Você pode até não gostar ou acreditar na revolução que está acontecendo. Mas ela é real e vai impactar as marcas e os negócios.
Afinal, somos criaturas sociais, queremos nos sentir parte de uma comunidade, e estamos constantemente buscando esse sentimento de pertencer a algo, de ser parte de algo maior [comunidade]. O sucesso das estratégias com creators está aí para comprovar. De acordo com os dados recentes do estudo da Statista e HootSuite, mais de 43% da população brasileira já realizou uma compra por influência de uma celebridade ou influenciador digital, uma taxa significativamente maior que outras nações, como 17% no caso dos Estados Unidos. Essa revolução está movendo a cultura e os mercados.
A Web 3.0 permitirá que os criadores finalmente assumam a propriedade total de seu trabalho e também da plataforma que usam para publicá-lo, mudando a lógica da criação de conteúdo sem fim e o desejo de atrair os deuses do algoritmos. Com isso, a inovação começa de baixo pra cima.
Parece futurologia, mas na verdade não é. A tendência é que os criadores comecem a fazer suas criptomoedas. E o único motivo pelo qual parece loucura é que é um novo conceito. Mas provavelmente isso se tornará a norma.
Com essa nova lógica de descentralização e a mudança de comportamento das comunidades, que empodera as pessoas, é importante estarmos atentos(as) em como atuaremos na creator economy, para que nossas marcas não fiquem para trás e percam oportunidades de criar conexões que sejam, de fato, genuínas. A futurista Amy Webb, em sua fala no SXSW deste ano, disse: “A re-percepção é a essência da criatividade, da inovação e do empreendedorismo, além da qualidade essencial da boa gestão”.
Ou seja, não é necessário saber como as coisas irão se desenrolar exatamente, mas conseguir treinar o olhar na hora de avaliar um cenário ou uma informação, buscando o que os outros não alcançam. Isso passa por sermos mais curiosos e menos céticos quanto às mudanças que podem acontecer, buscando novas possibilidades de atuação e entendendo que, por um tempo, a web 2.0 e 3.0 irão coexistir. Portanto, acredito que o caminho não é esperar ficar pronto, mas construir ao longo dessa trajetória a possibilidade de participar ativamente dessas mudanças. Quão você tem aplicado esse modelo de pensamento na sua rotina, nas estratégias e nos negócios? Porque isso é pensar num futuro mais justo e diferente.
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