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Um agradecimento às mães que nos possibilitam ser quem somos: livres

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Opinião

Um agradecimento às mães que nos possibilitam ser quem somos: livres

Importante ressaltar que criar com liberdade não é sinônimo de uma educação sem limites


12 de maio de 2023 - 12h11

(Crédito: Helga Khorimarko/shutterstock)

Meus pares dizem que eu arrisco meu emprego todos os dias e que não tenho receio de me posicionar. Falo sim o que penso, claro, desde que não ofenda ninguém. Posso dizer que não visto um padrão para agradar, seja na vida pessoal ou profissional. Não crio uma persona corporativa, mas tenho clareza que, sim, isso é um privilégio. 

Nem todas as mulheres (ou pessoas) podem agir assim no mercado de trabalho (e muito menos na vida amorosa e pessoal). Acredito que não só eu tenha galgado esse espaço, mas que essa coragem, que muitas vezes soou como rebeldia, vem da minha criação, do acolhimento e da liberdade que meus pais me deram na infância e na adolescência. Que a influência positiva das mulheres da minha família possibilitou essa minha autenticidade identitária. 

Minha mãe, Rosa, é tida como “alternativa”. É o sincretismo brasileiro em pessoa: entende de astrologia, passa incenso na casa, adora literatura africana… Pedagoga de formação, sempre fez trabalho voluntário e me levou para conhecer e praticar artes marciais. Por causa dela, eu tinha, quando criança, a “parede da expressão”, um canto da casa onde podia pintar, desenhar, riscar, colar adesivos, papéis e tudo mais que queria. Não existia pergunta ou assunto proibido em nossa casa. E ela sempre me incentivou a escrever e, principalmente, a falar sobre meus pensamentos e sentimentos. 

Minha avó paterna, Margit, é outra grande inspiração: mãe solo em um período em que isso era ainda mais difícil do que hoje. Imigrante Húngara, fugiu da 2ª Guerra Mundial e criou sozinha quatro filhos num país aonde chegou sem nenhum dinheiro e sem saber falar a língua. Ela é uma grande referência de força, resiliência e uma boa base para o meu feminismo. 

Entre a dor e a doçura, a força e o espiritualismo, esses e outros modelos me ajudaram a fortalecer meu autoconhecimento, minha base, meu autoamor e a noção de que eu poderia ser o que e como quisesse. Como Jung diz: “Aquele que olha para fora sonha. Mas o que olha para dentro acorda”. 

Mais do que uma homenagem à minha ancestralidade ou a outras mães, queria trazer para a roda essa conversa sobre a importância de não só permitirmos, mas incentivarmos que nossos filhos sejam livres para serem quem são. Acredito muito na criação como ferramenta importante para quebrarmos paradigmas de gênero na sociedade: eles ganham, a sociedade ganha, nós ganhamos. 

Levamos essa valorização pela criação com liberdade para a campanha do perfume Libre, de Yves Saint Laurent, para o Dia das Mães, data mais importante do primeiro semestre para o varejo brasileiro. A cantora Liniker e outras influenciadoras foram convidadas a contar histórias de liberdade com suas mães. Os relatos são inspiradores. 

Antes que me julguem (e nós, mães, sabemos bem, que somos julgadas o tempo todo – uma pesquisa americana revelou que 61% das mães são criticadas pelo modo como criam os filhos), digo logo: criar com liberdade não é sinônimo de uma educação sem limites. Até porque há muitas situações em que a criança ou o jovem pode não ter ainda maturidade para administrar e tomar certas decisões. Mas quais são os limites que devemos impor sem que isso interfira na liberdade individual das crianças? 

A única conclusão que tenho é: mãe, sou quem sou porque você me permitiu ser livre. Obrigada, a você e a todas as mães que vestem a camisa pela liberdade. 

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