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Uma mulher grávida ganhou o Superbowl esse ano

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Opinião

Uma mulher grávida ganhou o Superbowl esse ano

Rihanna apresentou o maior chá de bebê da história revelando ao mundo que estava no auge da carreira


28 de fevereiro de 2023 - 14h36

Rihanna se apresenta no Superbowl 2023 (Crédito: Reprodução/Twitter)

Domingo, 12 de fevereiro, 113 milhões de espectadores. A terceira maior audiência da TV americana (perdendo apenas para o Superbowl de 2015 e 2017) e o maior streaming da história dos Superbowls (mais de 7 milhões de streams, segundo dados Nielsen). No total, cerca de 180 milhões de pessoas assistiram a alguma parte do evento, segundo a Nielsen.

Em um tempo em que as empresas discutem sobre os benefícios de aumentar a licença maternidade, a licença paternidade, a equidade salarial em todas as instâncias, é impressionante o que uma mulher, negra, grávida, conseguiu em 15 minutos de show.

Rihanna cantou seus clássicos de maneira irretocável e apresentou o maior chá de bebê da história revelando ao mundo que estava no auge da carreira, cheia de energia e grávida do segundo filho. Dados do Spotify atestam que os streams da cantora cresceram 640% e a Apple Music revelou que seus fãs cresceram em 331% só na primeira hora após o show. Uma líder nata. E já está com presença confirmada para um show ao vivo no Oscar daqui a algumas semanas.

O entretenimento também saiu vitorioso quando o assunto é a comunicação das marcas. A era dos manifestos longos e sérios parece que chegou ao fim. O que se viu foi o aumento do uso do humor, de celebridades (até de maneira excessiva, na minha opinião) e mensagens mais leves e cheias de positividade. 

A audiência quer ver diversidade dentro e fora da tela. 71% dos respondentes da Kantar dizem que desejam ver comerciais com pessoas negras, 68% com asiáticos e 58% com mulheres. Meio óbvio, mas demorou bastante para que ficasse claro que a era dos homens falando com homens num evento que antes era dito como apenas masculino não existe mais.

A própria NFL tocou no assunto do empoderamento feminino e o apoio ao futebol feminino de um jeito bem “Nike” de ser. Em vez de speeches sérios, o comercial mostra a performance da capitã do time de futebol Mexicano, Diana Flores, (uma escolha duplamente diversa: mulher e latina) que corre com a bola na mão (sim, futebol americano) desafiando todos em sua volta para resgatá-la. No final, o conceito assina dizendo que a NFL está contando os dias para ver as mulheres tomando conta do jogo. Ou seja, agora é a hora de nós, mulheres, assumirmos de vez nosso lugar no jogo, atrás e na frente das câmeras, no esporte, nas cadeiras de CEO.

O custo de 30 segundos no Superbowl foi de 7 milhões de dólares, um valor altíssimo até para os padrões de mídia americanos, mas o retorno sobre o investimento, o famoso ROI para as marcas é sólido.

O mesmo estudo da Kantar atesta que o ROI de anunciar no Superbowl em 2023 pode ser comparado ao mesmo que anunciar 23 vezes na programação de TV normal aqui nos Estados Unidos. Em 2022, o ROI foi de $4.5 dólares por dólar investido e os comerciais que são lembrados até hoje já bateram $7 ou até $8 dólares por dólar investido.

A lembrança de marca é ainda maior quando pensamos que a conversa não acaba quando acaba o jogo. Todas as redes de notícias americanas falam no assunto em mesas redondas, memes e todas as plataformas de social media. Listas e mais listas dos melhores momentos e, claro, dos melhores comerciais, circulam até o fim do mês e consumidores comuns se sentem como jurados dos principais festivais de propaganda com direito à voto.

Temos esse mesmo poder no Brasil. Ou até maior. Temos audiências continentais em finais de campeonatos e finais de novela. Temos o maior evento de entretenimento do mundo que é o Carnaval. Podemos ensinar ao mundo como produzir o melhor cross entre marcas e entretenimento que existe. Por que não unir as finais do futebol feminino e masculino em um grande evento? Por que não incorporar a ideia do “Half Time Show” nas finais dos campeonatos brasileiros? 

Temos muitas Rihannas. Criando, escrevendo, cantando, dançando, produzindo conteúdo e entretenimento com retorno garantido às marcas e à sociedade em geral. Talento é o que não nos falta no país do verdadeiro futebol.

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