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A interação entre humanos e IA nas redes do futuro

Avanço dos processo de automação na construção de redes impõe novos paradigmas na função dos humanos


6 de março de 2025 - 15h19

A presença da inteligência artificial (IA) no setor de telecomunicações, definitivamente, não é nova. No entanto, os recentes avanços nesse tipo de tecnologia, com o salto em modelos de linguagem e redes neurais, permitiram a aceleração de processos na complexa tarefa de projetar redes e implementar sistemas.

Painel sobre IA e humanos na construção de redes

Painel discutiu como humanos e IA podem trabalhar juntos no desenvolvimento de redes (Crédito: Caio Fulgêncio)

Essa velocidade, segundo Velu Sinha, sócio da Bain & Co., cria desafios reais, não apenas teóricos. Uma das questões é o equilíbrio entre as ferramentas criadas e a maneira como elas são implementadas e operadas. Em outras palavras, pontua que o treinamento dos profissionais ainda não caminha no ritmo da tecnologia.

“Um dos desafios que vemos nas empresas é que, conforme essas soluções são implementadas, os trabalhadores podem se sentir sobrecarregados. A questão é: como treinamos essas pessoas no mesmo ritmo em que desenvolvemos as ferramentas?”.

A Orange Wholesale, provedor global de serviços de infraestrutura e conectividade, opera redes em vários países que totalizam 450 mil quilômetros de cabos submarinos e fibras apagadas. Michael Trabbia, CEO da companhia, relata que a IA é usada há anos para planejamento de rede, combater fraudes em tempo real e, nos últimos 12 meses, essa tecnologia foi integrada às operações.

O próximo passo diz respeito à IA generativa. No momento, a Orange tem usado a GenAI no desenvolvimento de software. O próximo avanço, revela, será a configuração automatizada da rede, com a possibilidade de “conversar com a infraestrutura”.

“Nosso papel como operadora é garantir que a conectividade funcione, independentemente do que aconteça. Hoje, tudo no mundo digital é crítico e buscamos ‘cinco noves’: 99,999% de confiabilidade”, diz.

IA e divisão de tarefas

Diante da crescente automação, a pergunta que emerge é: as pessoas deixarão de ser importantes no design das redes? Mariano Vecchioli, head de tecnologia e arquitetura de soluções da Amazon Web Services (AWS), responde que não. Na visão dele, os humanos continuarão a fornecer estratégia e pensamento crítico, enquanto a IA lidará com escala e complexidade. “Ela existe para servir a um propósito, não para substituir as pessoas”.

Sinha concorda com o porta-voz da AWS e exemplifica que a Bain & Co. desenvolveu ferramenta que usa dados geoespaciais para planejar redes, que seria impossível sem IA. No entanto, o humano continua desempenhando “papel fundamental como gerente de produto e tomador de decisões estratégicas”.

Marcos Nispel, head de engenharia de IA da Extreme Networks, complementa que os benefícios reais da IA nos negócios dependem da confiança das pessoas. Ele diz que a empresa usa IA para melhorar a experiência do cliente em todas as etapas – da descoberta de soluções até a otimização da rede.

“É importante dizer que, se não confiarmos na IA, sua adoção será limitada. Nossa missão é garantir que os humanos entendam e participem do processo”, acrescenta.

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