A visão de um futuro aberto: Earth Computing ou Cloud Computing
Debates do MWC, antes pautados por hardware, infraestrutura e protocolos, agora olham para o impacto da tecnologia em nossas vidas
Debates do MWC, antes pautados por hardware, infraestrutura e protocolos, agora olham para o impacto da tecnologia em nossas vidas
28 de fevereiro de 2023 - 9h37
As primeiras sessões do Mobile World Congress 2023 já revelam a humanização da tecnologia. As discussões que antes eram muito pautadas por hardware, infraestrutura e protocolos, agora, passaram a olhar para o impacto da tecnologia em nossas vidas, no campo do entretenimento, da saúde, das finanças etc.
Com isso, o termo colaboração foi trazido por diversos representantes, que reforçaram a necessidade não só de operadoras, grandes empresas e desenvolvedores interagirem mais, mas também que essa aproximação ocorra entre as telcos.
É claro que a base desse foco nas pessoas está respaldada em tecnologia, mas agora ela vem como viabilizadora de novas possibilidades.
O termo Earth Computing tangibiliza isso de uma forma ampla e, do meu ponto de vista, muito apropriada ao apresentar diversas correlações com a Terra. Relações humanas são a Terra. Sustentabilidade é parte da Terra.
E, com isso, muito naturalmente surgiu a discussão sobre a necessidade de começar a desligar tecnologias passadas, como 2G e 3G.
Essa demanda não vem só do aumento de capacidade que as novas gerações propiciam junto com a projeção de aumento de tráfego de dados de 24 vezes até 2032. Mas de como as novas tecnologias são mais eficientes em termos de consumo energético. Como exemplo, o fato de que nos últimos cinco anos tivemos um aumento do tráfego de 10 vezes, porém, o consumo energético se manteve estável no mesmo período, dado compartilhado pela CEO da Orange, Christel Heydemann.
Mas como estamos falando de “Computação da Terra” precisamos observar de um prisma global e parte dessa missão para atingir essa nova era passa por democratizar a internet móvel. Segundo Mats Granryd, diretor geral da GSMA, existe um gap de 3,6 bilhões de pessoas que ainda não utilizam internet móvel no mundo. Para viabilizar essa transformação — para nós consumidores/usuários/cidadãos —, a perspectiva é que as empresas de telecom realizem investimentos na ordem de US$ 1,3 trilhão até 2030.
Essa nova proposta de valor é muito positiva porque passamos a olhar para as relações que se constroem por trás das tecnologias. Me lembro que, ano passado, no Gartner, alguns analistas já falavam sobre a utilização do metaverso e da blockchain, e essa questão de olhar para a computação da Terra, o que ela nos fornece de benefícios, nos coloca em uma situação de olharmos para o problema, e a tecnologia é a consequência dessa solução.
Por outro lado, entendo que esse debate é fundamental embora estejamos ainda em um caminho longo a percorrer. Hoje, essa discussão envolve bastante os grandes players e operadoras, que buscam essa transformação para conseguir essa mudança de tecnologia para entrega de valor, um ambiente que passe do centralizado para o aberto, com APIs para que os desenvolvedores possam customizar a experiência dos clientes com as soluções. É um primeiro passo.
Pensando em meio ambiente, enxergo que a sustentabilidade tem ganhado força de modo espontâneo. A própria tecnologia está sendo muito mais eficiente ao demonstrar a viabilização do aumento expressivo de tráfego contra um consumo de energia que se mantém estável. Embora exista a propensão na escalada desse tráfego também existe a tendência de redução e otimização do consumo energético, o que é um benefício para o planeta.
Entretanto, creio que seja um pouco contraditório quando falamos em querer conectar cada vez mais um número maior da população — sendo uma das possibilidades dessa conexão o desligamento das redes 2G e 3G —, quando boa parte desta ainda não tem acesso. Aumentar a cobertura para uma nova tecnologia, como 5G e 6G, sem ainda expandir o acesso a todos ou dar condições para isso, pode se tornar um contrassenso entre as grandes operadoras.
Na Europa, já existe o plano do desligamento das redes 2G e 3G em alguns países, mas creio que globalmente ainda levaremos um tempo para balancear essa dicotomia que envolve esse benefício energético.
E para fechar, pegando o gancho da importância das relações pessoais, fica evidente a retomada do evento pós-pandemia. Os corredores voltaram a ficar lotados, a feira voltou a ocupar um dos principais pavilhões do evento e as pessoas voltaram a interagir de forma mais próxima, criando conexões interpessoais.
Isso é só o começo, logo menos volto com mais novidades aqui do Mobile World Congress.
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