Como o recommerce está transformando o consumo de eletrônicos
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Como o recommerce está transformando o consumo de eletrônicos

Avanços em inteligência artificial devem impactar o comércio circular e a sustentabilidade nos próximos anos


7 de março de 2025 - 9h04

A projeção é que, globalmente, o valor da indústria de eletrônicos de consumo cresça de US$ 110 bilhões, em 2025, para US$ 476 bilhões, em 2035. Para se ter uma ideia, o setor produz mais de 2,5 bilhões de dispositivos por ano, incluindo 1,3 bilhão de smartphones e 240 milhões de equipamentos vestíveis, o que gera um grande desafio ambiental devido aos ciclos de vida curtos.

Painel sobre recommerce no MWC

Painel discutiu o impacto do recommerce de eletrônicos (Crédito: Divulgação)

Um dos painéis do Mobile World Congress (MWC) juntou líderes de fintech e e-commerce para analisar o papel da tecnologia, sobretudo com o avanço da inteligência artificial (IA), na transição para um comércio sustentável. Atualmente, somente 8% dos dispositivos eletrônicos são reutilizáveis, embora o percentual deva subir para 14% até o fim da próxima década, o que demonstra o longo caminho que o mercado ainda precisa percorrer para atingir níveis ideias de sustentabilidade.

É com esse pano de fundo que crescem as conversas sobre o potencial do chamado recommerce – ou comércio de revenda –, que deverá atingir US$ 1,24 trilhão globalmente até 2035. De acordo com os especialistas, os programas de trade-in (que envolvem apenas a compra de produtos usados dos consumidores) também foram apontados como tendência, com uma projeção de chegar a US$ 244 bilhões também até 2035.

O setor, no entanto, ainda carece de inovações tecnológicas para impulsionar esse crescimento, como a da empresa espanhola Ealyx. A companhia desenvolveu um método de pagamento que permite aos consumidores pagarem por novas compras utilizando o valor de produtos usados. Ou seja, o sistema concede desconto instantâneo no valor total do carrinho, baseado no preço do item antigo.

“Todo o ecossistema precisa de uma solução que implemente a circularidade. Nosso objetivo é oferecer um incentivo comercial para que os lojistas possam adotar um modelo sustentável sem comprometer o crescimento. O segredo está em colocar os incentivos certos nos lugares certos”, disse Pol Karaso, cofundador e CEO da Ealyx. A solução é usada em e-commerces como Allzone.es e Microfusa.com.

O diretor-geral da Foxway para o Sul da Europa, Óscar Díaz, defendeu a importância do assunto ao dizer que os eletrônicos merecem uma segunda chance. A empresa europeia oferece dispositivos eletrônicos recondicionados, como portáteis, PCs, servidores e acessórios, com padrões de qualidade e garantia dos fabricantes originais.

“Coletamos, reformamos e revendemos dispositivos, para prolongar sua usabilidade e minimizar o desperdício eletrônico. Nosso objetivo é uma economia totalmente circular, onde os dispositivos permaneçam no mercado pelo maior tempo possível”, ressaltou.

Recommerce e outros setores

Yair Martínez, diretor de operações da GoTrendier, afirmou que a economia circular é um conceito conhecido na moda, sendo porta para novas oportunidades para os players. “Os consumidores revendem roupas principalmente para obter uma renda extra e liberar espaço em casa. A sustentabilidade tem papel maior na retenção de usuários do que na aquisição. Grandes varejistas estão desenvolvendo suas próprias plataformas de revenda, mas a abordagem de marca única pode levá-los a colaborações com marketplaces multimarcas no futuro”, analisou.

Já no âmbito das fintechs, conforme Adrián Escudé, diretor de receitas da SeQura, os avanços da inteligência artificial estão revolucionando a avaliação de riscos. Dessa forma, é possível viabilizar soluções financeiras mais inteligentes e condizentes com o comércio circular.

A empresa começou no mercado, há dez anos, sem nenhum sistema de pontuação de risco, aceitando todas as transações para acelerar o próprio aprendizado. “Evoluímos rapidamente para modelos de aprendizado de máquina semissupervisionados e, recentemente, introduzimos algoritmos de detecção de anomalias baseadas em IA, o que permitiu aumentar as taxas de aceitação em 5 pontos percentuais e reduzir os índices de inadimplência em 8%”, contou.

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