Relatório da GSMA aponta impacto da conectividade à economia global, com US$ 6,5 trilhões do PIB mundial; teles movimentaram mais de US$ 1 trilhão no ano passado entre geração de receita e investimentos
Sergio Damasceno Silva
5 de março de 2025 - 9h51
Relatório da GSMA aponta impacto da conectividade à economia global, com US$ 6,5 trilhões do PIB mundial (Crédito: Sérgio Damasceno)
A GSMA, entidade que organiza o Mobile World Congress (MWC), divulgou o The Mobile Economy 2025, relatório que mostra a participação da conexão móvel na economia global, o desenvolvimento da tecnologia no setor e os impactos e tendências para este ano.
Tecnologias e serviços móveis geram cerca de 5,8% do PIB global, contribuição que equivale a US$ 6,5 trilhões de valor econômico agregado. Até 2030, esse número aumentará para quase US$ 11 trilhões, ou 8,4% do PIB mundial.
Grande parte disso, de fato, será impulsionada por países que se beneficiam das melhorias em produtividade de tecnologias digitais que incluem as redes 5G, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (IA).
As redes 4G e 5G suportam mais de sete bilhões de conexões coletivamente.
Assim, em fevereiro deste ano, 72 operadoras aderiram à iniciativa GSMA Open Gateway, o que corresponde a 78,5% das conexões móveis globais.
Ainda, os casos de uso do Open Gateway em torno da mitigação de fraudes e outras ameaças à segurança ressaltam a importância de se garantir ambiente digital seguro para indivíduos e empresas.
Os assinantes móveis mundiais chegaram a 4,8 bilhões no ano passado (71% da população global) e se estima que atingirão 6,5 bilhões (76% da população mundial) de pessoas até 2030.
Já as conexões à internet registraram 4,7 bilhões (58% da população global) de acessos ativos até o ano passado e devem atingir 5,5 bilhões (64%) em 2030.
Smartphones correspondem a 80% desses acessos e devem chegar a 91% em 2030.
Operadoras giraram recursos (receitas mais investimentos) de mais de US$ 1 trilhão, valor que chegará a US$ 1,2 trilhão em 2030.
Desde 2015, mais de 2 bilhões de pessoas se conectaram à internet via celular. No entanto, a taxa de crescimento nesse aspecto tem diminuído nos últimos anos.
Cerca de 110 milhões de pessoas começaram a usar a internet móvel no ano passado, dado um pouco menor do que os números de 2022 e 2023 e significativamente menor do que a expansão nos anos de 2015 a 2021, quando mais de 200 milhões de pessoas se tornaram conectadas a cada ano.
Dos 3,4 bilhões de pessoas que permanecem desconectadas da internet móvel no mundo, quase 90% vivem em área já coberta por banda larga móvel, mas não usam internet.
Até dezembro do ano passado, 305 operadoras em 121 mercados lançaram serviços baseados em redes 5G. A previsão é que 80 operadoras de 60 mercados anunciem planos para serviços
Até o final do ano passado, o 5G era responsável por mais da metade das conexões móveis na América do Norte, China e região desenvolvida da Ásia-Pacífico.
Dessa forma, ainda é cedo para a adoção do 5G na maioria dos mercados 5G emergentes, como o Brasil que, no final do ano passado, chegava a cerca de 15% de penetração.
A pressão sobre as receitas de conectividade, ou retorno sobre investimentos (ROI), tem impulsionado esforços em novas áreas, entre as quais a iniciativa GSMA Open Gateway, cujo objetivo é alavancar o poder das redes móveis globalmente.
Para isso, as teles devem abrir o acesso aos recursos de rede por meio de interfaces comuns de programação de aplicativos (as APIs).
O uso de APIs Open Gateway para pagamentos e funções relacionadas à rede (por exemplo, qualidade de serviço e computação de ponta) ainda é incipiente e deve crescer.
Outra oportunidade de receitas para as teles é a IA, de fato.
O setor está na vanguarda da adoção de IA, com aplicações em áreas como operações de rede, otimização de energia, call centers de clientes para reconhecimento automático de linguagem e operações de varejo.
Isso se tornou uma tendência maior nos últimos anos, à medida que as operadoras exploram soluções para melhorar a eficiência operacional, enfrentar ameaças emergentes e mais sofisticadas e atender às crescentes expectativas dos clientes.
Essa tendência, contudo, permanecerá no futuro, à medida que o cenário de IA continua a evoluir com novos desenvolvimentos e inovações de operadoras, fornecedores de rede, provedores de nuvem e o ecossistema digital mais amplo.
A IA generativa (GenAI), que tomou conta da pauta do MWC este ano, vai além para permitir a criação de conteúdo sem a necessidade de parâmetros de entrada definidos.
Ainda conforme o relatório da GSMA, pesquisa global feita com consumidores aponta mudanças no comportamento e aumento das expectativas.
Entre junho e agosto do ano passado, a GSMA Intelligence conduziu pesquisa com consumidores em 12 grandes países desenvolvidos para obter insights sobre o comportamento do consumidor e as tendências de adoção de tecnologia.
Essa pesquisa, portanto, explorou oito tópicos que moldam o cenário digital: 5G, dispositivos, eSIM, GenAI, TV paga, jogos, metaverso e XR e sustentabilidade.
Apesar de parcela crescente de consumidores já usarem o 5G, as intenções de atualização permanecem fortes. Nos 12 países pesquisados, 46% dos consumidores pretendem atualizar para o 5G.
No entanto, a insatisfação com a velocidade continua sendo uma preocupação, com o desempenho lento do 5G no topo da lista de motivos de insatisfação.
Espera-se que isso melhore com a expansão das redes 5G e as primeiras implantações do 5G-Advanced este ano.
Assim, para o consumidor, isso tem motivos claros.
Mais de 40% dos usuários consideram a conectividade de banda larga residencial 5G altamente atraente porque o streaming de vídeo aprimorado e os serviços de saúde digital remotos estão entre os principais casos de uso de 5G para usuários de smartphones.
Os usuários 5G estão mais engajados com conteúdo de entretenimento digital.
Em todas as plataformas pagas de vídeo, música e jogos, 40% dos usuários 5G consomem conteúdo digital semanalmente, o que representa 16 pontos percentuais a mais do que o mesmo número para usuários 4G.
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