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MWC

IA: solução ou desafio para as redes?

Previsão é de que redes autônomas, a partir dos avanços da inteligência artificial, sejam realidade no cotidiano dos operadores ao redor do mundo


6 de março de 2025 - 14h01

Assim como em outras indústrias, a inteligência artificial (IA) está transformando o setor de telecomunicações. No entanto, com avanços tão velozes, a área ainda enfrenta desafios e oportunidades de melhorias, tanto em relação à rede em si quanto aos serviços. O tema foi debatido por especialistas durante o Mobile World Congress (MWC) deste ano.

Painel sobre o impacto da inteligência artificial nas redes de telecomunicações

Especialistas preveem que redes autônomas serão realidade geral nos próximos três anos (Crédito: Caio Fulgêncio)

No âmbito da infraestrutura, Mathangi Sandilya, líder global de tecnologia e indústrias de mídia e comunicação da Accenture, explicou que não é tão simples aplicar IA da mesma forma como ocorre em outras áreas. Isso porque redes envolvem infraestrutura física. Mesmo assim, já existem bons frameworks sobre evolução de algo totalmente físico para um ambiente mais virtual.

“O conceito de redes autônomas nos dá a possibilidade de usar IA para ir além da automação e, realmente, permitir a autorreparação das redes. Esse é um dos caminhos pelos quais vejo a IA se tornando mais relevante”, falou.

O desafio central é, conforme Mathangi, incorporar a IA responsável a partir da construção de diretrizes. “Esse é o ponto crucial: garantir que a inteligência artificial responsável esteja presente no contexto das redes exige uma nova abordagem de pensamento”.

Concordando com a complexidade, o chief digital officer (CDO) da multinacional de telecomunicações Veon, Lasha Tabidze, comentou as métricas sobre o quanto a IA está, de fato, aprimorando o desempenho da rede se dividem em dois grandes eixos: indicadores tradicionais, como economia de energia, e a precisão preditiva na detecção de anomalias e níveis de automação.

“Também monitoramos KPIs em tempo real nos sistemas de rede. Além disso, sempre precisamos ajustar os modelos baseados em APIs. Esse é o único caminho para criarmos redes mais inteligentes e adaptáveis, preparando-nos para as complexidades futuras”, explicou.

IA e dados

Brendan O’Reilly, CEO Reino Unido e Irlanda da Boldyn Networks, acrescentou que faz parte dessa evolução ter uma estratégia de dados bem estruturada, uma vez que as duas coisas estão diretamente relacionadas. Ou seja, a revisão constante é fundamental para a validade dos dados e, nesse sentido, há muito a ser feito, inclusive no âmbito da automação desse processo.

“A IA, na verdade, também pode ajudar a validar os dados. Estamos caminhando para redes cognitivas que aprendem continuamente. Ter uma compreensão clara do que queremos fazer com os dados e permitir que a IA impulsione o processo é um grande benefício para os operadores”, pontuou.

Em relação à autonomia total das redes, existem operadores em estágios variados de maturidade. Mathangi previu que deve demorar, pelo menos, três anos para que o setor como um todo experimente essa realidade.

“Não é por falta de vontade, mas esse é um problema complexo. Precisamos consolidar os fundamentos da automação antes de realmente alcançar isso. Confiança e segurança são, provavelmente, os aspectos mais importantes e isso nos leva de volta à questão da governança”, avaliou.

O’Reilly concordou no prazo apontado por Mathangi para que as redes sejam verdadeiramente autônomas. “É importante dizer que não é como se a IA tivesse surgido nos últimos 12 meses e todos estivessem embarcando nessa onda de repente. O trabalho feito nos últimos 10 ou 15 anos foi essencial para chegarmos aonde estamos agora com IA nas redes”.

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