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MWC

Infraestrutura inteligente e os primeiros passos do 6G: a vitória da cultura colaborativa

O encerramento do MWC deste ano é apenas o preâmbulo do desafio de companhias em suas jornadas de tecnologias e migração para modelos comerciais mais rentáveis


7 de março de 2025 - 15h41

Em um piscar de olhos, os quatros dias mais importantes do semestre para a indústria de telecomunicações (telco) se encerraram. Nesse mergulho de debates, painéis, novidades e tendências, três pontos destacam-se à medida que concluímos o MWC 2025: a primazia da IA para transpor modelos de negócios para a nova fase das telcos, o peso estratégico de uma infraestrutura autônoma e inteligente para alavancar processos e desenvolver novas formas de receita e, principalmente, as apostas para a concretização do 6G, tecnologia que promete revolucionar nossas vidas.

Dizendo de outra forma, o encerramento do MWC deste ano é apenas o preâmbulo do desafio de companhias em suas jornadas de tecnologias e migração para modelos comerciais mais rentáveis, seja se especializando para o lado de serviços ao consumidor final — tornando-se assim uma TechCO —, seja aprofundando a estratégia de Open RAN e desbravando um mercado emergente, ou ainda, apostando nas duas frentes de forma integrada. Independentemente do caminho escolhido, o grande ponto de atenção para telcos deve ser os investimentos em tecnologia. De acordo com relatório do Gartner, o apetite por inovação de players representa um aumento de 9,8% nos custos operacionais globais, o equivalente a US$ 5,61 bilhões em orçamentos já comprometidos.

Observabilidade: a chave para reduzir custos e impulsionar a inovação

No entender da consultoria, o aumento de gastos representa uma necessidade de reinvenção da indústria que por anos ofereceu soluções e produtos semelhantes em diversas verticais. Tanto que, segundo estimativas também do Gartner, 70% do orçamento para área técnica já está comprometido em 2025, o que significa que novas alternativas para alavancar a inovação e criar um ecossistema sustentável no curto e médio prazos são capitais para viabilidade econômica das telcos. Para isso, no entanto, é preciso mais do que apenas soluções de ponta e equipes técnicas preparadas para o futuro. A adoção de metodologias e protocolos de produtividade também se tornou mandatória para avançar em distintas iniciativas.

Entre as práticas e técnicas disponíveis no mercado para reposicionar organizações, a criação de um departamento de observabilidade e monitoramento de dados e métricas tem se mostrado a maneira mais fácil — e simples — de escalar processos. Por meio da abordagem, equipes técnicas implementam ferramentas e softwares de desempenho para rastrear atividades, acompanhar processos de desenvolvimento e sugerir melhorias operacionais para aumentar a performance geral da empresa e reduzir gastos desnecessários com tecnologia e energia. Com a chegada da IA, a área ganhou ainda mais consistência e assertividade, uma vez que agora pode combinar a análise preditiva, a IA generativa (gen AI) e APIs abertas para automatizar ações de técnicos e constituir uma infraestrutura autônoma, adaptável às demandas e especificidades de cada negócio.

Um grande exemplo dessa infraestrutura inteligente é a utilização da inteligência artificial nos ecossistemas de RAN. Por meio de suas funções generativas e de operações de TI (AIOps), a solução emergente começa a se tornar uma opção viável para telcos em todo mundo, tendo em vista que a IA resolve seus principais gargalos operacionais: eficiência, consumo de energia, nível de desempenho e segurança. Ou seja, graças ao uso de ferramentas emergentes, equipes técnicas podem realizar manutenções preditivas de clusters e servidores, além de realizar análises profundas sobre as causas de vulnerabilidades e problemas de desempenho, proporcionando um ambiente padronizado e estável para a tomada de decisões.

Para além do novo campo de possibilidades disponibilizado pelos avanços da IA, práticas e protocolos abertos também vêm se mostrado aliados na consolidação da observabilidade. A partir de uma abordagem ética e colaborativa, ancorada em metodologias e princípios democráticos, o open source fornece o essencial, de maneira gratuita, para que telcos e outras empresas possam se guiar por mentalidades disruptivas e inovadoras. Ferramentas como Prometheus, Grafana, ELK Stack, Jaeger, OpenTelemetry abrem um leque de possibilidades para organizações otimizarem processos e replanejarem suas jornadas de tecnologia.

De olho no amanhã: o que falta para a chegada do 6G?

O código aberto será, ainda, um dos propulsores da nova geração de telefonia móvel (6G). Por mais que muitas organizações estejam reticentes sobre qual abordagem adotar para rentabilizar a frequência e se diferenciar de concorrentes, o open source será um dos grandes catalisadores da transformação da indústria: fornecendo tanto a base de tecnologia e inovação necessárias para escalar a solução pioneira, quanto as garantias necessárias na colaboração de diferentes players para o desenvolvimento mais amplo da disciplina nos próximos anos.

Segundo previsões da McKinsey, essas colaborações e parcerias serão capitais para ajustar as mudanças estruturais e culturais necessárias em toda a cadeia de valor da indústria, permitindo que experiências imersivas em carros autônomos, aparelhos de realidade aumentada, realidade virtual e realidade estendida se tornem cada vez mais comuns, graças à consolidação de uma cultura colaborativa no mercado. Ainda de acordo com o levantamento, esse movimento faz parte de um esforço coletivo de tornar a tecnologia, não à toa grande parte das alianças firmadas será entre empresas de múltiplos setores, potencializando investimentos não apenas para a parte técnica e estrutural de organizações, como também para as soluções finais para consumidores.

Em síntese, não é só com uma infraestrutura flexível, um ecossistema de TI robusto e as últimas ferramentas de IA que se faz a próxima geração de redes de comunicação. Juntamente com avanços técnicos nas áreas de automação e monitoramento de sistemas, o ecossistema de alianças e a capacitação de equipes também devem ser encarados como fatores-chave dessa transição de tecnologia, a qual institui um novo paradigma na indústria: estar aberto para o amanhã. Se antes, apenas as organizações mais resilientes persistiam na transição de ciclos de inovações, hoje o código aberto possibilita uma abordagem mais holística e democrática, na qual diferentes players e metodologias de trabalho convivem em sinergia para proporcionar o bem-estar de todo o ecossistema comercial.

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