Inovação, reflexão e o futuro da conectividade
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MWC

Inovação, reflexão e o futuro da conectividade

Mais do que uma vitrine de inovações, o MWC 2025 se consolida como um espaço de diálogo sobre os rumos da conectividade global


7 de março de 2025 - 11h01

Neste terceiro dia do Mobile World Congress 2025, ficou ainda mais evidente que o evento vai muito além dos lançamentos de dispositivos e das inovações tecnológicas. Em meio a novidades e protótipos de ponta, o encontro tem sido palco de uma reflexão profunda e de uma discussão aberta entre os principais stakeholders do setor – desde operadoras e fabricantes até reguladores.

Novidades e reflexões: um duplo impacto

Embora o MWC 2025 tenha apresentado lançamentos impressionantes, como novas soluções de telas dobráveis, protótipos de óculos com realidade aumentada e interfaces inovadoras, a mensagem do dia foi que nem todo avanço tecnológico se traduz em uma revolução para o consumidor.

De fato, muitos debates giraram em torno de como as inovações estão se expandindo para além do tradicional smartphone. O conceito de que a tecnologia pode se fragmentar em dispositivos especializados – como anéis inteligentes para monitoramento de saúde, óculos que realizam tradução em tempo real e até lentes de contato inteligentes – sugere um futuro em que a experiência digital se desdobra em múltiplas interfaces, cada uma otimizada para funções específicas.

Ao mesmo tempo, o evento trouxe à tona uma importante reflexão sobre os investimentos feitos na rede 5G que, embora esteja sendo amplamente adotada, ainda não estamos explorando seu potencial completo. A discussão sobre o 6G, por exemplo, levantou questionamentos quanto ao momento certo para iniciar esse debate, já que muitas operadoras ainda enfrentam altos custos e incertezas sobre o retorno do investimento no 5G. Essa tensão entre inovação e viabilidade econômica reforça a necessidade de um diálogo transparente entre reguladores, operadoras e fabricantes.

Conectividade, AI e a nova era dos serviços

Outro ponto central que chamou a atenção foi o papel da inteligência artificial na transformação dos serviços de telecomunicações. Enquanto muitos projetos de AI parecem “óbvios” para os especialistas, o que se destacou foi a expansão de soluções que vão além do corte de custos. A crescente adoção de AI pelas operadoras foi um dos temas mais discutidos, seja na automação do atendimento, na redução de erros de fatura ou na otimização da cobertura e resposta a incidentes. Essa evolução pode não só tornar os serviços mais eficientes, mas também criar oportunidades de uso para os consumidores, acelerando a evolução de todo o mercado.

A discussão se estendeu também ao uso inovador do 5G para aplicações que fogem do tradicional. Exemplos marcantes incluem:

• Aplicações em eventos de grande porte: Um circuito de Fórmula 1, por exemplo, foi utilizado para demonstrar como o 5G pode garantir uma rede estável e de alta qualidade para validação de ingressos, operações de drones de segurança (missão crítica que exige velocidade de transmissão, baixíssima latência, alta estabilidade e não pode correr risco de engargalar por congestionamento de rede) e transmissão de vídeo em tempo real. A tecnologia de network slicing permitiu a segmentação da rede conforme a necessidade de cada serviço, garantindo velocidade e estabilidade sem comprometer a performance.
• Conectividade residencial: O network slicing também viabiliza a criação de “fatias” da rede para usos específicos, permitindo modelos de internet residencial baseados em 5G. Essa abordagem poderia eliminar a necessidade de infraestrutura tradicional como a fibra óptica, tornando o acesso mais flexível e dinâmico.

O debate aberto e as perspectivas para o futuro

A amplitude das discussões no MWC 2025 evidencia que o setor não está apenas voltado para o lançamento de produtos, mas para a redefinição de modelos de negócio e estratégias de investimento. A pressão para explorar novas tecnologias, como o 6G, contrasta com os desafios financeiros da adoção plena do 5G, criando um ambiente de incertezas que exige uma postura colaborativa entre todos os envolvidos.

Por outro lado, a convergência entre inovações em AI, novas interfaces e a evolução dos dispositivos indica que estamos caminhando para uma era em que o smartphone poderá perder o protagonismo. As novas soluções – de óculos com projeções inteligentes a acessórios que expandem nossa capacidade de interação – mostram que o futuro da conectividade será verdadeiramente multi-dispositivo, com cada elemento desempenhando um papel específico na experiência digital.

Mais do que uma vitrine de inovações, o MWC 2025 se consolida como um espaço de diálogo sobre os rumos da conectividade global. Os desafios do 5G, a viabilidade do 6G e o impacto da AI nos serviços reforçam a necessidade de um setor cada vez mais integrado e estratégico. À medida que a tecnologia avança, essa reflexão é, sem dúvida, um convite para que todos os players do setor trabalhem juntos rumo a um ecossistema digital mais sustentável e inovador.

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