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MWC

Jornada telco to techco pode render US$ 1 trilhão para teles

Projeção da KPMG é a de que redes 5G poderão gerar US$ 1 trilhão para operadoras até 2030, segundo Diogo Sousa, partner e EMA telco lead da consultoria


27 de fevereiro de 2024 - 9h02

Diego Sousa

Diego Sousa, da KPMG: operadoras precisam se tornar “tech” (crédito: Fernando Murad)

No início da jornada da implementação das redes de conexão 5G, projeção da KPMG indicava que a receita gerada pela tecnologia no período de 2020 a 2023 ultrapassaria a marca de US$ 500 bilhões. A estimativa não se confirmou e o mercado movimentou US$ 400 bilhões.

Segundo Diogo Sousa, partner e EMA telco lead da KPMG, dinâmicas mais lentas tanto no segmento B2C quanto B2B foram os responsáveis pelo resultado.

Nesse contexto, a indústria também lidava com reforços de investimentos no desenvolvimento de padrões abertos, políticas de privacidade de dados e cibersegurança, enquanto aplicações de inteligência artificial e machine learning ainda estavam em progresso.

“Não antecipamos o cenário complexo de integração de tecnologia, com o número grande de stakeholders que deve envolver. O gap no crescimento vem daí”, disse o executivo em apresentação no MWC.

Apesar do gap nesta primeira fase, a consultoria segue confiante no potencial da tecnologia, agora que as soluções estão sendo escaladas. “As bases foram estabelecidas para crescer. É preciso ser mais aberto, democratizar o acesso. Outro elemento é a segurança e a privacidade de dados. Nossa nova projeção é a de que o mercado de 5G gere receita de US$ 1 trilhão até 2030”, pontuou.

Desafios para o incremento das receitas

Para alcançar a expectativa de geração de novas receitas, segundo Diego, as operadoras devem abraçar a jornada telco to techco. Ou seja, as empresas de telecomunicações devem se consolidar como empresas de tecnologia. Durante essa jornada, as companhias devem superar oito desafios.

São eles: Implementar de forma rápida redes baseadas em nuvem; implementar arquiteturas digitais abertas para melhorar a eficiência dos investimentos; otimizar redes para dimensionar capacidade e demanda; oferecer serviço simplificado em tempo real; integrar aplicações que necessitam de serviços específicos da rede; colocar a experiência do cliente no centro do desenvolvimento de produtos; utilizar APIs para potencializar a orquestração da rede e usar IA para enriquecer a experiência do cliente. “Com isso feito, está definido o que é uma techco”.

Caminhos para a monetização das redes 5G

A regra número um, segundo Matt Dugan, vice-presidente de data platforms da AT&T, é a transparência no uso e na coleta de dados dos consumidores para o estabelecimento de um banco de dados first party. “Se não tiver transparência, o case não é válido. Não monetizamos vendendo dados ou publicidade”, ressalta.

No caso da Vodafone, a base de mais de 400 milhões de clientes é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade, de acordo com Emma Keedwell, head of innovation da Vodafone Business do Reino Unido.
“Precisamos que os consumidores compartilhem os dados, sempre com segurança e transparência. Temos limitações quando comparamos com as redes sociais. A relação de confiança entre clientes e bancos é um modelo”, exemplifica.

MWC 2024

Fawad Qureshi (Snowflake), Emma Keedwell (Vodafone) e Matt Dugan (AT&T): transparência é fundamental (Crédito: Fernando Murad)

Inteligência artificial nos negócios

A base da usabilidade da IA na rede 5G começa com a operadora, na opinião de Hans Neff, CTO group director da ZTE. “A IA pode ser usada para ver a necessidade do cliente em tempo real para oferecer a capacidade de rede necessária, por exemplo. Na agricultura, para a automação da plantação”, cita.

A United Airlines, por exemplo, já tem 50 aplicações de inteligência artificial generativa. Mas Clare Dussman, director of digital trust da companhia, faz um alerta sobre o grande apetite de marcas para monetizar seus dados: “Com a GenAI temos o risco de as pessoas serem impactadas antes de a solução oferecer um benefício”.

MWC 24 monetização do 5G

Dieter Trimmel (Deloitte), Clare Dussman (United Airlines), Hans Neff (ZTE) e Jodi Marie Baxter (Telus) debatem IA no 5G (Crédito: Fernando Murad)

Outro aprendizado, segundo Jodi Marie Baxter, VP, 5G & IoT Connectivity da canadense Telus, é ter o cuidado de não criar BIAS, ou vieses. “A IA é tão inteligente quanto as perguntas que formulamos”. A executiva também reforça o lado positivo: “A GenAI virou uma ajuda para clientes tomarem decisões mais inteligente e terem mais capacidade de visualização”.

Em relação a abordagem ao mercado, Jodi afirma que é preciso uma mudança. “Historicamente, tínhamos uma solução e íamos atrás de um problema. Agora, temos que ir ao mercado e entender os problemas reais dos clientes”. “Teoricamente, podemos usar GenAI para todos os problemas, mas não necessariamente funciona para todos”, complementa Hans.

No caso da United Airlines, a estratégia é olhar a necessidade do negócio e a expectativa do cliente. Claire cita como exemplo soluções de manutenção que reduzem o tempo da aeronave em solo.

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