Para além dos avatares: metaverso é sobre conexão
A expectativa em torno do mundo virtual demanda as potencialidades da tecnologia 5G, como largura de banda e baixa latência
A expectativa em torno do mundo virtual demanda as potencialidades da tecnologia 5G, como largura de banda e baixa latência
Victória Navarro
28 de fevereiro de 2023 - 15h06
O metaverso é apenas sobre avatares vagando em jogos de realidade virtual? É sobre criptomoeda e Tokens Não Fungíveis? É realmente a tendência para a indústria da comunicação? Ou será outro pesadelo distópico? Uma vida totalmente digital é possível ou mesmo desejável? Como dar vida ao metaverso que todos imaginamos? Muitas dúvidas cercam o conceito, que vem ganhando a discussão de diversas empresas, uma vez que promete redefinir o futuro do mundo, humano e empresarial.
No Mobile World Congress (MWC), falou-se do jogo Second Life, que em 2003 já refletia o que hoje vem sendo amplamente debatido, as potencialidades de um ambiente virtual imersivo na interação entre diversas pessoas e objetos ao redor do mundo. Na época em que o game ganhava o dia a dia dos usuários, entretanto, a má qualidade de conexão e carência de placas gráficas potentes atrapalhavam a experiência. E, atualmente, embora a inclusão digital seja maior e tecnologias como 4G e 5G estejam nas mãos de mais pessoas, o problema ainda existe. É, por meio da adesão ou do interesse das empresas ao metaverso, que a história pode mudar.
Leslie Shannon, líder de ecossistema e pesquisa de tendência da Nokia, explicou que o metaverso é sobre ser livre, ou seja, estar nos lugares que quiser, quando quiser. A profissional comentou que é muito além do que conquistar espaços no ambiente virtual. Leslie dá como exemplo o pagamento de R$ 2,5 milhões feito pelo investidor de criptomoedas P-Ape para se tornar vizinho do Snoop Dogg no metaverso The Sandbox, um universo digital com uma criptomoeda própria em que é possível adquirir itens. Os ativos digitais do rapper tinham sido apresentados em videoclipe para o lançamento de seu single House I Built. “Não é sobre isso. É sobre não ter as restrições do mundo físico e permitir que a imaginação vá além, ver tudo como e quando quiser”, complementou. Para a executiva da Nokia, no mundo real, as pessoas têm coisas reais para fazer, que não podem ser alcançadas via um fone de ouvido de realidade virtual. “Na minha opinião, o verdadeiro metaverso, o metaverso útil, é o metaverso da presença, não da imersão”, explicou.
O metaverso mostra que a conexão vai além do smatphone, uma vez que permite interações feitas com as mãos livres, ou seja, por meio de outros dispositivos, como óculos de realidade aumentada e fones de ouvido e luvas de realidade virtual. “É só quando tiramos os aparelhos de nossas mãos e o colocamos em nossa cabeça que a mágica acontece”, disse.
A expectativa em torno do metaverso permeia as experiências únicas que pode proporcionar. Dessa forma, Jianshu Tu, porta-voz técnico e cientista da empresa de telecomunicações ZTE, destacou a importância de impulsionar a convergência da rede com a tecnologia de nuvem e introduzir o cloud, a inteligência artificial e a o big data na transformação digital de indústrias verticais na era 5G. “Na infraestrutura digital, incluir essas tecnologias é muito importante e, claro, é o motor do mundo digital, da economia digital”, afirmou.
Leslie pontou que, no metaverso industrial, é importante largura de banda e baixa latência, características do 5G. Um dos ganhos com a quinta tecnologia de telefonia móvel é a renderização remota, uma vez que a experiência pode ser transmitida de modo parecido com a de um streaming.
A executiva da Nokia, ainda, comparou os movimentos atuais em torno do metaverso com os primeiros dias da internet. “O metaverso está no mesmo estágio em que a internet estava por volta de 1993, com muitas teorias sobre para onde o conceito irá seguir, mas com poucos caminhos definidos e concretos”, disse. Como resultado, ela acredita que a melhor maneira de incentivar o metaverso é construir a infraestrutura: “O setor só será realizado quando a infraestrutura subjacente estiver em vigor”.
Com o trabalho para fornecer infraestrutura de metaverso já em andamento, Leslie espera que os primeiros resultados criativos para serviços ao consumidor surjam na segunda metade da década atual. Ela previu que isso poderia incluir aplicativos para tornar as tarefas mundanas mais interessantes ou a melhora da interação entre pessoas e suas casas, em vez do hype já focado em jogos.
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