Mobile World Congress: quais serão os próximos passos?
Evento debateu valoração das redes 5G, apontou para o 6G, confrontou teles e players de streaming e chamou a atenção para fatores como exclusão digital e pautas ESG
Evento debateu valoração das redes 5G, apontou para o 6G, confrontou teles e players de streaming e chamou a atenção para fatores como exclusão digital e pautas ESG
Sergio Damasceno Silva
3 de março de 2023 - 9h58
Ao encerrar mais um ano, o MWC deixa algumas questões que serão abordadas ao longo deste ano e que abrangem, sempre, o antigo debate sobre quem paga a conta de uso das redes, além das próprias teles, que têm que investir porque a demanda de dados só cresce, e o que será tanto da atual geração, o 5G, quanto das demais, passando pelas antigas redes que remontam ao 2G e 3G, por exemplo. Ao mesmo tempo, já prepara para escalar para o 6G.
A conectividade com a internet móvel atingiu 55% da população global, o equivalente a 4,3 bilhões de pessoas conectadas até 2021, o que é um grande marco para o setor. No entanto, 3,6 bilhões de pessoas no mundo ainda não estão conectadas. Isso inclui uma lacuna de cobertura (sinal de celular) de 400 milhões de indivíduos e ausência de uso de 3,2 bilhões de pessoas no globo que não têm acesso móvel. A questão é se o 5G tem ampliado ainda mais essa lacuna digital entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento e entre áreas rurais e urbanas e que papel desempenha na ponte entre essa divisão. Os dados foram fornecidos pela associate partner da McKinsey, Mandisa Mazibuko, na abertura do painel “O 5G é o futuro para todos?”
Durante quatro dias, sucederam-se anúncios de produtos que serão lançados este ano e além, de protótipos futuristas que podem ou não se viabilizar. Como nos últimos cinco anos, os novos modelos de smartphones, poucos, mas presentes, não são mais protagonistas. Este ano, os óculos inteligentes, que se integram a tecnologias imersivas como realidade aumentada, virtual e expandida (AR, VR e XR), apareceram em vários estandes.
Em termos de efetividade, um dos grandes avanços foi a iniciativa Open Gateway, com APIs abertas para que os desenvolvedores possam acessar as diferentes capacidades de suas redes 5G. É um elemento que muda as regras do jogo porque torna as redes programáveis para todos. Desenvolvedores e empreendedores podem se tornar parceiros e usar essas ferramentas para melhorar a experiência de games na nuvem ou potencializar videochamadas com 5G.
Uma nota que ainda persiste e que, definitivamente, não atende pautas ESG: a presença feminina. Foi de apenas 26% o percentual de mulheres entre os participantes. A tecnologia e, por consequência, o MWC, ainda tem o problema da falta de igualdade de gênero que torna as mulheres minoria também no trabalho do setor, em geral. Isso significa, aproximadamente, 1 mulher para cada 4 homens, segundo dados oficiais da organizadora GSMA. Por outro lado, foram 56% os participantes de setores adjacentes ao ecossistema móvel. Isso quer dizer que a indústria móvel está mais dissolvida em outras áreas, não só das empresas do ecossistema de telecomunicações, mas também no cotidiano das pessoas.
Após o cancelamento da edição de 2020 por conta da Covid-19, o MWC foi afetado, tanto quanto eventos físicos similares ao redor do mundo. Em 2021, a edição foi quase que digital na sua totalidade e aconteceu no final de junho, ao contrário da edição convencional em fevereiro. No ano passado, a obrigatoriedade do uso de máscaras (que caíram totalmente nesta edição) e as restrições para viajar da Ásia limitaram a presença a 60 mil pessoas. Neste ano, o setor esperava para ver se a feira retomaria os números pré-pandemia, como a de 2019, que bateu recorde de público com 109 mil participantes presenciais. A adesão superou as expectativas: 88,5 mil pessoas passaram pela Fira Gran Vía de Barcelona, segundo a GSMA, o que mostra que a feira recuperou em termos de participação, embora sem atingir os níveis pré-pandêmicos.
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