MWC avança conteúdo para pautas alinhadas às demandas globais
Mudança de foco do maior evento móvel do mundo mostra urgência de conectar inovações tecnológicas às pessoas e causas para acompanhar debates globais que impactam marcas
Mudança de foco do maior evento móvel do mundo mostra urgência de conectar inovações tecnológicas às pessoas e causas para acompanhar debates globais que impactam marcas
Sergio Damasceno Silva
26 de fevereiro de 2024 - 4h29
Nos últimos anos, a abordagem temática do Mobile World Congress (MWC) tem se modulado para abarcar pautas antes inexistentes no universo do evento.
Um dos motivos é que o antigo foco do MWC, orientado às telecomunicações, perdeu sentido e, portanto, a organização do evento teve que se abrir para abranger o digital, o marketing, as startups e empresas que formam o ecossistema de comunicações, em geral.
De forma que as evoluções das redes móveis, até recentemente, eram destaque em todas as edições.
Contudo, a adoção em larga escala da quinta geração (5G) e os efeitos que causariam na economia global não se concretizaram como esperado. Relatório da Oxford Economics, feito sob pedido da Qualcomm, apontou que o 5G tembpotencial para aumentar a produtividade global em 1,7% sobre o PIB mundial até
2030, o que equivale a 10% do crescimento desse PIB.
O 4G contabiliza 58% das conexões móveis globais ante 15% de 5G. Em 2030, o quadro se inverte e o 5G terá 54% das conexões ante 36% do 4G.
Mas é da natureza do MWC apontar sempre o futuro.
Assim, no ano passado, além de celebrar a expansão do 5G pelo mundo, um dos destaques do evento foi a 5G Advanced (5GA), padrão que precede a 6G. Que também já entrou em pauta no MWC.
Contudo, redes e tecnologia embrionárias são apenas esboços até se converterem em realidade. E isso tem feito com que a GSMA, entidade que organiza o MWC, evolua os debates e painéis, com curadoria
que abrange os mais diversos temas.
Na edição do ano passado, o MWC já havia dado esse salto qualitativo de conteúdo.
Este ano, o evento se superou e aborda seis macro temas:
– 5G e além, que trata da próxima fase do 5GA, integração com inteligência artificial (IA) e 6G;
– conectando tudo, que aborda como as redes suportarão 6,3 bilhões de assinantes móveis com cinco bilhões de conexões 5G globais até 2030 e como as soluções dessas redes conectarão os 15 bilhões de dispositivos de internet das coisas (IoT) que estarão em operação em dois anos;
– humanizando a IA, sobre o impacto da IA generativa e a interação natural entre pessoas e computadores;
– manufatura DX, que abrange a transformação digital (DX) na manufatura e como as empresas têm investido tempo e dinheiro nas estratégias digitais;
– viradas de jogo, para entender para onde vai a tecnologia este ano;
– e nosso DNA digital, que, finalmente, analisa a sustentabilidade, diversidade e a atração de novos talentos que, além da óbvia responsabilidade social corporativa, se tornaram prioridades estratégicas centrais para quaisquer segmentos.
Portanto, o tópico Nosso DNA Digital talvez seja o mais inovador das últimas edições. Segundo a GSMA, a escala e o escopo da evolução tecnológica significam que o negócio de atração e retenção de talentos deve crescer duas vezes mais rápido nos próximos dez anos.
E continua: “No entanto, o número de mulheres em cargos de liderança de tecnologia caiu significativamente no ano passado. E embora os intervenientes da indústria adotem abordagem mais circular para operar de formas sustentáveis e energeticamente eficientes, ainda estamos aquém de atingir as metas da ONU.”
Assim, esse tipo de afirmação é inédito para o MWC e significa que a indústria envolvida com as conexões, sejam os fabricantes tradicionais de redes, as teles ou os fornecedores de celulares, está alinhada com players que chegaram mais recentemente ao MWC, como os digitais, startups, fintechs, automotivos, de educação, agronegócios e os smart, como as empresas desenvolvedoras de soluções para cidades inteligentes.
Ainda, acoplada a todas essas mudanças, a abordagem da governança ambiental, social e corporativa (ESG) completa essa modulação à qual o MWC tem se adaptado, em linha com debates globais e urgentes, como as mudanças climáticas e as questões relativas à privacidade e segurança de dados.
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