Assinar
De 3 a 6 de março de 2025 I Barcelona – ESP
MWC

O efeito DeepSeek na concorrência tecnológica

Chegada do chatbot da empresa chinesa agita corrida pela liderança global de IA com novos modelos disponíveis e debates sobre open source


5 de março de 2025 - 6h06

Tabuleiro de xadrez

Alibaba (Qwen), Apple (Apple Intelligence), Amazon (Amazon AI), Google (Gemini), Meta (Meta AI) e OpenAI (ChatGPT) disputam liderança em IA (crédito: Fit Ztudio/Shutterstock)

Se, em 2023, o ChatGPT, da OpenAI, escalou o uso da inteligência artificial (IA) em todo o mundo, em 2025, o chinês DeepSeek sacudiu o mercado ao anunciar um modelo de alta performance de linguagem de IA com custo mais baixo do que os concorrentes.

A disputa pela liderança da corrida de IA envolve, além de big techs, como Alibaba (Qwen), Apple (Apple Intelligence), Amazon (Amazon AI), Google (Gemini) e Meta (Meta AI), investimentos somados de mais de US$ 1 trilhão entre iniciativa privada, governos, fundos e entidades.

“Podemos ver reações imediatas ao lançamento do DeepSeek: quedas de preços, modelos novos disponíveis e conversas sobre ampliar modelos open source. Essa competição é extremamente saudável do ponto de vista financeiro e tecnológico”, analisa Fabio Caversan, vice-presidente Global de Inovação do Grupo Stefanini.

Segundo Cristiano Nobrega, CDO da Totvs, de fato, o caso DeepSeek e outras iniciativas da China e open source devem impactar muito favoravelmente o mercado em direção à máxima eficiência dos modelos, das inferências – capacidade de um modelo de IA de fazer previsões precisas com base em novos dados –, a serviço de múltiplos casos de uso, embora tais modelos ainda precisem se provar.

Novo ambiente competitivo

“Claro que a dominância de OpenAI, Google e Nvidia pode ser questionada, mas tem muita coisa acontecendo nesse ambiente competitivo. Não podemos esquecer de outros modelos fundacionais, como a Anthropic, Grok, Qwen, que apresentam virtudes que também estão sendo provadas. Muitos modelos especialistas, viabilizados com investimentos menos vultuosos, continuarão surgindo e ganharão protagonismo à medida que os casos de uso se multipliquem e os agentes de IA ganhem mais tração e fiquem cada vez mais específicos”, projeta o executivo.

Essas movimentações mostram um novo paradigma na competição global de IA. Se, antes, o mercado era dominado por um seleto grupo de empresas que detinham alto poder computacional e acesso a investimentos, hoje, novos players estão surgindo com modelos mais eficientes e hardware especializados, explica Marcelo Ramos, CEO da Axway América Latina.

“Eles trazem soluções de alto nível sem depender de tais investimentos exorbitantes. A indústria da IA, por assim dizer, passará pelas mesmas evoluções de qualidade e custos, impulsionadas pela competitividade e novas demandas, que outras tantas indústrias vivenciaram ao longo dos tempos”, analisa.

Efeito chinês no universo de IA

A China, em particular, tem um ecossistema muito robusto de IA, impulsionado por grande disponibilidade de dados, investimentos governamentais e uma abordagem pragmática para inovação. O avanço de concorrentes asiáticos deve acelerar o desenvolvimento de modelos mais acessíveis e open source, o que pode reduzir a barreira de entrada para empresas menores adotarem IA avançada.

“Este avanço da IA na China, por exemplo, potencializado pelo DeepSeek, com alternativas de código aberto, pode mudar o equilíbrio de poder na indústria, proporcionando um acesso mais democrático à tecnologia. No entanto, isso também traz alguns desafios. Essa fragmentação pode trazer padrões diferentes entre os blocos econômicos, dificultando uma adoção global. Além disso, uma crescente competição governamental no setor de IA pode intensificar os debates sobre governança, segurança cibernética e soberania digital”, pondera Ramos.

A China, com seus investimentos, talentos e vasto mercado, está em posição privilegiada para liderar essa nova era da IA, pontua David Aiub, diretor sênior de tecnologia EMEA da CI&T.

“Essa competição global, porém, traz desafios geopolíticos e éticos que exigem atenção e soluções conjuntas para garantir um futuro promissor e responsável para a IA, mas é inegável que a competitividade no segmento vai trazer benefícios para a sociedade”, afirma.

Publicidade

Compartilhe