O que o 5G na indústria ferroviária ensina para outros setores
Empresas e especialistas da indústria de ferrovias discutiram demandas e soluções para o avanço da quinta geração de rede móvel
Empresas e especialistas da indústria de ferrovias discutiram demandas e soluções para o avanço da quinta geração de rede móvel
Caio Fulgêncio
26 de fevereiro de 2024 - 17h13
A transformação tecnológica prometida pelo 5G, assim como em outros setores, já afeta a indústria ferroviária. Com o impacto do aquecimento global e urgência da transição energética, o setor tem se posicionado como opção para viagens de curta distância frente aos movimentos aéreos. O painel Indústrias Conectadas, nesta segunda-feira, 26, no Mobile World Congress (MWC), abordou o tema.
A head de cloud, edge e mobile da Vodafone Business, Jennifer Didoni, pontou que os avanços do 5G nesse mercado ainda estão no início, ocorrendo, no geral, por meio de iniciativas piloto e outros testes. Dessa forma, as experimentações de novas ferramentas já são aplicadas na pontualidade dos trens e prevenção de acidentes.
Além disso, sistemas de conservação de energia e operação à distância também passam por estudos, que podem servir, inclusive, de modelo para outros países. “Estamos avaliando como podemos descarregar todos esses dados que chegam de diferentes sensores e dispositivos de inteligência artificial para coisas como manutenção preditiva e até remota. Então, esperamos mais evolução para a indústria”, analisou.
No entanto, segundo Giuseppe Angelisanti, head de conectividade, IoT e automação da Ferrovie Italiane, o desafio ainda é encontrar um modelo de negócio que seja sustentável. Ele afirmou que, na operação, as necessidades podem ser divididas em camadas, sendo que cada uma tem demandas específicas.
“Assim, podemos considerar pelo menos três camadas: infraestrutura, transporte e serviços. Cada uma requer conectividade diferente e, por isso, estamos de mente aberta para soluções ao longo do caminho”, disse. E tais soluções, conforme o executivo, são cross industry, ou seja, sendo construídas com a união de diferentes indústrias.
Os desafios em relação ao avanço do 5G são comuns a todos os setores, de acordo com a análise do vice-presidente sênior de network da Nokia, Rafael De Fermín. Isso porque “o 5G é uma espécie de marca, mas a rede não é apenas a parte final, e sim a totalidade”. Em outras palavras, ele afirmou que não adianta o final ser moderno e toda a estrutura de apoio, como a fibra, ser antiga.
Nesse sentido, salvo os casos de construções do zero, há um trabalho de transição das “redes de hoje para as redes de amanhã”, pontuou Fermín. “Há o caso de implementar um novo trem de alta velocidade em um local onde não havia nenhuma comunicação. Então, é preciso criar a rede do zero. E isso é mais fácil”, falou.
O caso mais comum, porém, é a necessidade de transformar, com mais infraestrutura, uma rede de telecomunicações já existente, sem que o serviço seja interrompido. Com isso, de fato, trata-se de uma combinação de esforços. “Investimos não apenas no produto e nas redes, como também nas pessoas que são capazes de transportar esse legado para outro lugar.”
Assim, ao pensar nessa conexão 5G end-to-end, as exigências incluem a capacidade em lidar com volume maior de dados, incluindo, por exemplo, o monitoramento das plataformas feito por câmeras. “Isso significa que a rede tem transmitir grande quantidade de informações, ou seja, precisa de um desempenho maior”, disse.
A qualidade do serviço, obviamente, desponta como outra necessidade. E, por fim, outra urgência diz respeito à segurança. “Infelizmente, existem mais ataques e as pessoas atacam qualquer infraestrutura. É preciso haver a certeza de que a rede não é o problema, mas é parte da solução e totalmente resiliente e capaz de impedir esse tipo de ataque”, acrescentou.
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