Os desafios das teles diante de 35 bilhões de devices conectados
Expansão da infraestrutura, redes abertas, consumo de energia e monetização são alguns dos temas que operadoras e fornecedores precisam lidar
Expansão da infraestrutura, redes abertas, consumo de energia e monetização são alguns dos temas que operadoras e fornecedores precisam lidar
Fernando Murad
3 de março de 2025 - 13h07
Julie Linn Teigland (EY), Benji Coetzee (KPN), Antonietta Mastroianni (Proximus), Ray Dolan (Cohere Technologies) e Mikael Back (Ericsson) durante painel no MWC 2025 (crédito: Fernando Murad)
Até o final de 2030, o número de devices conectados no mundo deve ultrapassar a marca de 35 bilhões, de acordo com projeções do mercado. Com o desenvolvimento da inteligência artificial generativa (GenAI) e dos Agentes de IA – sistemas inteligentes autônomos que realizam tarefas específicas sem intervenção humana –, a demanda sobre as redes crescerá exponencialmente.
Neste cenário, dimensionar a capacidade da rede, garantir conectividade e manter a segurança em bilhões de endpoints são alguns dos principais desafios das empresas de telecomunicações e seus parceiros e fornecedores. Adoção de tecnologias de última geração, expansão da infraestrutura e a otimização dos recursos são algumas das frentes de atuação.
Para Benji Coetzee, chief strategy and growth officer da telecom holandesa KPN, o número é subestimado. No entanto, a principal questão não é o total de aparelhos, mas como orquestrar tudo num ecossistema. “O desafio é como trabalhar com parceiros, dados e usuários para construir um futuro ilimitado”, opina, ressaltando que a oferta de energia limpa é uma preocupação.
Na visão de Antonietta Mastroianni, chief digital & IT officer da Proximus, os devices conectados somente funcionarão com a integração total, o everything as a service. “É preciso aumentar a capacidade da rede e isso requer parceria com diferentes fornecedores e o ecossistema trabalhando junto”.
CEO da Cohere Technologies, Ray Dolan recorda que o mercado tem histórico de subestimar a adoção de tecnologias. “O que chamamos hoje de smartphone não é o que chamávamos no passado”, ressalta. De acordo com o executivo, neste contexto, dois pontos são mais relevantes: o avanço de soft e open networks, a arquitetura aberta, e a qualificação da rede – já que alguns devices rodarão melhor na nuvem e outros, no solo, cada um na sua linguagem.
“Escalará de acordo com a aplicação e a segurança, é outro nível de disrupção que dará à rede 20 anos de faturamento”, avalia, pontuando que, em sua opinião, o total de devices conectados poderá chegar a cem milhões até 2030.
Nas contas de Mikael Bäck, vice-presidente & corporate officer da Ericsson, o total de devices pode chegar a 70 bilhões até 2030. Independentemente da projeção, a IA terá um papel fundamental na adequação do setor. “Usaremos a IA para prever o tráfego para nossos clientes. O que virá, claramente, mudará o padrão de tráfego, com diferentes tipos de devices que se relacionam em diferentes níveis com a rede, que precisará ser mais eficiente, usando menos energia”, projeta Bäck.
Historicamente, as operadoras de telecomunicações têm o controle das redes e, no contexto de disrupção do setor, será necessária uma mudança na relação com os parceiros e fornecedores. Esse movimento, inclusive, pode se refletir numa melhor monetização das redes.
“As telecom estão no controle e precisamos mudar para uma colaboração maior, temos o Open Gateway. O poder é maior em colaboração, com cada um tendo uma participação justa da monetização”, defende Benji. Ao invés de apenas se debater o tamanho da fatia do bolo, é preciso aumentar o bolo. “Expandir mais e mais, criar parcerias, ampliar o poder dos serviços e monetizar as redes abertas”, complementa Antonietta.
Para Ray Dolan, a situação é um ganha-ganha-ganha envolvendo operadoras, fornecedores e usuários. “Como patrocinar a inovação mantendo o modelo? É preciso perder o controle em troca da inovação que acontece fora da teles. Levará anos, terá que se provar, mas é preciso a construção de uma coalizão. O smartphone criou muito faturamento, mas não exigiu transformação na rede”, recorda.
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