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Opinião

Pressão por materialidade no ESG

Resultados devem estar na pauta


28 de fevereiro de 2023 - 10h23

ESG

(Crédito: Blue Planet Studio/shutterstock)

Não é preciso ser especialista em questões ambientais para saber que algo não vai muito bem no nosso planeta. Nos últimos anos, diversas catástrofes ambientais têm sido registradas, demandando um olhar mais atento para a intensidade das chuvas, calor exagerado em diversas cidades do mundo a fora, secas impressionantes e nevascas nunca observados.

Existem os céticos dizendo que se trata de um fenômeno natural do planeta, considerando os ciclos de variação de temperatura sempre registradas. Do outro lado do balcão, os tradicionais fundos de investimento, cobrando ainda mais resultados das empresas investidas, neste caso, refutando a tese sobre modelos ESG. Recentemente, um dos principais fundos de investimentos americanos publicou a sua carta anual cobrando maior capacidade de produção e questionando as regras para redução das emissões de poluentes, sendo estas, potenciais “frescuras” de ambientalistas de plantão.

Pois bem, nada melhor do que fazer uma pausa e observar o seu entorno. Na última semana, o estado de São Paulo registrou o maior volume de chuvas da sua história. Dados de institutos de pesquisa renomados sugerem que as chuvas torrenciais não vieram do acaso. A combinação entre calor, concentração de poluentes na atmosfera e densidade geográfica no litoral paulista resultaram em uma catástrofe. Como consequência, pessoas desabrigadas, ausência de apoio público e sinais de sérios problemas. Este seria um caso isolado em território brasileiro? Não. Basta relembrar de eventos similares em outras regiões do país e mundo.

Saindo da realidade nacional para uma imersão global, tem-se outros sinais muito preocupantes. Imagens de satélites são claras, destacando a redução das calotas polares, mudanças no clima nas regiões ao extremo sul do planeta, oceanos perdendo vida, uma migração de regimes de ventos em todos os cantos do mundo e secas novamente vistas em cidades italianas, por exemplo. O motivo seria o aquecimento global, novamente.

Muitas pesquisas sérias têm sido publicadas nos últimos anos pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) destacando que o modelo econômico e industrial desenvolvido nos últimos anos tratará um gargalo para o planeta e seu potencial fim enquanto modelo de vida vigente. Basta mais 1,5 grau em aumento de temperatura registrado para o aquecimento global ser irreversível.

Em pauta, o tema ESG surge com total senso de urgência, demandando nova visão para o mundo, respeitando o seu ecossistema e vida, trazendo novos modelos sustentáveis e governança para as organizações. Ousaria dizer que a demanda é maior. Talvez, gigantescamente maior. A demanda é por um novo modelo econômico em que a materialidade das ações seja comprovada.

Por natureza, pensar em ESG deveria ser iniciado por um profundo respeito pela vida, utilização de recursos e equilíbrio no planeta. Por outro lado, é preciso tangibilizar investimentos e retorno. Neste caso, caberiam aos fundos de investimentos criar mecanismos de restrição sobre onde alocar recursos e cobrar novos modelos de gestão.

Finalmente, a tecnologia no sentido amplo deve ser vista como uma aliada em busca de um futuro melhor. Novos modelos de financiamento, potencial para novos modelos de produção, transportes, alimentação e dados. Concluindo, nada melhor do que voltar ao básico e dizer que a tecnologia humana deveria ser discutida. Como parte de um sistema integrado, talvez seja hora de reeducar a espécie humana e definir prioridades claras. Do contrário, o planeta começou a sua vida sem a espécie humana e tem-se o risco de caminhar sem ela.

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