Próxima fase da IA passa pela criação de valor e larga escala
Quinze meses depois do lançamento do ChatGPT, da OpenAI, empresas têm casos de uso para apresentar, mas devem focar no valor que a inteligência artificial gera e na adoção massiva
Quinze meses depois do lançamento do ChatGPT, da OpenAI, empresas têm casos de uso para apresentar, mas devem focar no valor que a inteligência artificial gera e na adoção massiva
Sergio Damasceno Silva
28 de fevereiro de 2024 - 9h55
IA atravessa a realidade. Diferentemente de todos os painéis, pela primeira vez, se viu no telão um vídeo da mediadora. O vídeo começa com um pedido de desculpas da diretora de IA generativa para telecomunicações da Capgemini, Camille Juguet, que é a mediadora do painel.
Camiile diz que está atrasada e, por isso, enviou o vídeo.
Daí vem a surpresa: “Sou o avatar dela”, diz a mulher que está no vídeo. E continua: “A boa notícia é que quase pareço ela. Tudo o que você vê aqui é produto da inteligência artificial (IA): a imagem, o som e até o texto. Falo mais de 40 idiomas e estou ficando mais inteligente e melhor a cada dia devido ao progresso surpreendente das tecnologias generativas de IA. Espere! Vejo que Camille chegou agora. O palco é seu, Camille.”
Há 15 meses, diz Camille, a OpenAI lançou o ChatGPT que conquistou consumidores e empresas e criou um mundo de oportunidades com IA generativa. “Para todas as indústrias, isto significa um novo nível de automação, aumento da produtividade dos funcionários e novas formas de interagir com os clientes. Além disso, mudará profundamente a forma como trabalhamos e vivemos. Pouco mais de um ano após o lançamento, aonde realmente chegamos?”, questiona a executiva da Capgemini.
Portanto, as questões são: nesses meses, deu para criar valor tangível e mensurável com a IA generativa? Onde a IA generativa foi implantada? O que é necessário para passar da experimentação à implementação em larga escala? E, finalmente, o que significa a IA generativa para cada uma das empresas?
Assim, para responder a todas essas perguntas, Camille convida alguns líderes de setores como o CTO e vice-presidente executivo corporativo da NEC, Motoo Nishihara, e a diretora de negócios, dados e IA da Telefónica Tech, Elena Gil Lizasoain.
“Há muito investimos em IA, sobretudo em reconhecimento de vídeo e IA preditiva. Nas redes de telecomunicações, precisamos de muitos tipos de IA e de tecnologias de sistemas. Portanto, temos que ter a capacidade de orquestrar ampla gama de recursos tecnológicos. Chamamos esse conceito de orquestração de IA pelo qual podemos lidar com todas as tecnologias como IA, segurança, computação e rede”, explica Nishihara.
Para tanto, o executivo exemplifica com case. A combinação de reconhecimento de vídeo com grande modelo de linguagem (LLM, na sigla em inglês, que são modelos de aprendizado profundo pré-treinados em grandes quantidades de dados) com câmeras de circuito interno. “Você pode me mostrar todos os acidentes de trânsito e explicar com um arquivo o que aconteceu em cada acidente. O sistema analisará todos os vídeos e fornecerá relatório instantâneo e abrangente. Já temos esse protótipo com a IA”, detalha.
Mas, diz, esse tipo de solução pode ser aplicado em ampla gama de indústrias, seja manufatura, construção, aviação, medicina etc. No futuro, veremos mudanças nas empresas com esse tipo de solução disponível em smartphone, dispositivos IoT e até mesmo no PlayStation. Orquestrando diversas áreas, afirma.
Contudo, “Está claro que a inteligência artificial emergiu como uma das tecnologias mais transformadoras e que são componentes chave para a transformação digital das empresas. Especialmente quando conseguimos combinar a IA com outras tecnologias como a nuvem, a cibersegurança, IoT, blockchain ou o big data”, afirma a diretora de negócios, dados e IA da Telefónica Tech, Elena Gil Lizasoain.
Portanto, diz Elena, é importante porque mais empresas têm evoluído com os casos de IA. “É claro que a IA generativa, mas também a agora chamada de inteligência artificial tradicional, tem muito a ser desenvolvida para os modelos tradicionais de aprendizado de máquina (machine learning) e aprendizado profundo (deep learning). Somos um setor intenso de geração de dados e há muitos anos implementamos soluções de big data e IA”, diz Elena.
Assim, a executiva explica que a Telefónica Tech é a empresa do grupo Telefónica que combina e integra as diferentes tecnologias digitais. “Para realmente navegar na jornada de integração do cliente à inteligência artificial, o que fornecemos é proposta de valor ponta a ponta porque é importante trabalhar com os clientes para realmente personalizar. Começamos com a estratégia certa, a plataforma certa, o modelo de governança certo”, afirma.
Assim, para Elena, o que se aprendeu até agora sobre a introdução da inteligência artificial generativa é que existe enorme potencial que começa a passar da prova de conceitos para ser realmente integrado aos processos das empresas.
De fato, afirma, “as oportunidades são ilimitadas, mas é importante primeiro trabalhar com abordagem responsável desde o design e garantir que, em cada empresa, as necessidades dos projetos sejam atendidas. Com responsabilidade e ética. As aplicações de negócios são sempre muito importantes. Mesmo que pareça óbvio, tem que ter um plano de negócios e o cálculo do retorno do investimento para escolher corretamente os modelos fundamentais. E isso é muito importante quando se começa a escalar.”
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