Quais setores têm se beneficiado mais das soluções de IA?
Áreas de telecomunicações, saúde e varejo são algumas das que já estão impulsionando suas operações a partir da melhora da eficiência dos modelos de IA
Áreas de telecomunicações, saúde e varejo são algumas das que já estão impulsionando suas operações a partir da melhora da eficiência dos modelos de IA
Fernando Murad
4 de março de 2025 - 8h03
Telecomunicações, saúde e varejo são áreas com grande adoção de aplicações utilizando modelos de IA (crédio: Shutterstock)
Inovações como DeepSeek e chips otimizados para inteligência artificial (IA) estão tornando a inferência da IA mais eficiente, ou seja, a capacidade de um modelo de IA de fazer previsões precisas com base em novos dados.
Essas inovações têm impacto na viabilização de aplicações mais acessíveis e escaláveis. Chips especializados e arquiteturas otimizadas, por exemplo, permitem reduzir drasticamente o custo de processamento, tornando possível rodar modelos avançados em dispositivos menores e com menor dependência da nuvem, destaca Marcelo Ramos, CEO da Axway América Latina.
“Isso significa que as empresas poderão utilizar IA de forma mais distribuída, levando modelos poderosos para o edge computing, que nada mais é do que o balanceamento dos recursos e armazenamento em vários dispositivos, sem depender de um data center central. Essa estratégia pode beneficiar diversos setores, como o de telecomunicações, de saúde e o próprio varejo”.
Em termos de aplicações, operadoras de telecomunicações têm utilizado IA para otimizar suas redes 5G, automatizar o atendimento ao cliente e criar gerenciamento proativo de falhas nos próprios sistemas. No caso da área da saúde, modelos de inferência otimizados viabilizam diagnósticos médicos ajudados por IA, além de monitoramento remoto de pacientes.
Varejo, transporte e o próprio segmento de tecnologia também serão beneficiados à medida em que oferecem melhores produtos baseados em hábitos de consumo, otimização de estoque, melhores rotas de entrega e de tráfego, melhores aplicações de segurança e sistema de linguagem natural.
Já setores mais regulados, como o financeiro, que inclui bancos e seguradoras, ainda enfrentam desafios devido a restrições de privacidade, compliance e governança de dados. “Mas acredito que tais setores se beneficiarão muito usando IA para melhor prever tendências, analisar riscos e otimizar processos de trading e detecção de fraudes”, diz Ramos.
No ambiente corporativo, o executivo indica que estarão disponíveis assistentes de IA mais ágeis e responsivos, uma maior integração com os sistemas de missão crítica (aqueles essenciais para o funcionamento da empresa e que não podem ser interrompidos em hipótese alguma) e novas oportunidades para a personalização da experiência do usuário.
“Essas melhorias permitirão que aplicações mais complexas e dependentes de IA sejam viáveis em tempo real, como veículos autônomos, assistentes virtuais mais inteligentes, aprimorando ainda mais a experiência do usuário, e sistemas de monitoramento preditivo. Por outro lado, isso intensifica a necessidade da segurança cibernética, já que quanto mais dispositivos rodando IA localmente, maiores os vetores de ataque e os desafios de proteção de dados”, analisa Ramos.
David Aiub, diretor sênior de tecnologia EMEA da CI&T, ressalta que a revolução na capacidade de processamento está impulsionando a aplicação da IA em dispositivos móveis, IoT e computação de borda, elementos essenciais para serviços de baixa latência em redes futuras e no 5G.
“Essa evolução abre um leque de oportunidades para soluções inovadoras em áreas como cidades inteligentes, indústria 4.0 e saúde, além de impulsionar avanços significativos em diversos setores, com benefícios tangíveis para toda a sociedade. Apesar de ainda ter grandes desafios, como o desenvolvimento de algoritmos mais eficientes e a necessidade de infraestrutura robusta, o futuro da IA se mostra promissor e repleto de possibilidades”.
O diretor da CI&T considera a indústria de telecomunicações como a mais avançada na implementação dessas soluções, com operadoras utilizando ferramentas para personalização de serviços, automação de tarefas e desenvolvimento de novos produtos, como assistentes virtuais.
“Os avanços na inferência da IA estão impulsionando uma série de aplicações, com destaque para reconhecimento de fala, visão computacional, processamento de linguagem natural e recomendação personalizada. Setores como tecnologia, saúde, finanças e varejo lideram a adoção dessas soluções, enquanto setores tradicionais e pequenas empresas ainda enfrentam desafios na implementação. A inferência aprimorada oferece um potencial transformador para diversos setores, com benefícios que se estendem a toda a sociedade”, sugere.
Algumas aplicações que despontam como mais promissoras nesse ambiente ainda volátil, segundo Fabio Caversan, vice-presidente global de inovação do Grupo Stefanini, são assistentes virtuais conversacionais (chatbots), reconhecimento de imagens e vídeos (câmeras de segurança inteligentes e validação de documentos ou identidade), dispositivos móveis e wearables (smartwatches que monitoram a saúde), automação industrial (detecção de falhas, correção e otimização em tempo real) e sistemas de recomendação (personalização precisa de ofertas em tempo real).
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