Tecnologia com pés no chão
Depois de tantos “hypes”, perceberam-se algumas decepções e muitas confirmações
Depois de tantos “hypes”, perceberam-se algumas decepções e muitas confirmações
2 de março de 2023 - 20h44
Poderíamos resumir o MWC deste ano com a expressão: “tecnologia com pés no chão”. Depois de tantos “hypes”, perceberam-se algumas decepções e muitas confirmações. Se de um lado, a monetização esperada do 5G não ocorreu, a confiança na tecnologia e em aplicações de serviços “mais sensatos” se reforçou, e que parece ter modificado a tônica original do 6G.
Vimos modelos de IoT mais maduros, aplicações de IA voltadas à eficiência e produtividade, menos Metaverso ao estilo “second life” e mais aplicações de interação real-virtual. Avanços tecnológicos e estabilização na indústria de semicondutores parecem trazer mais tranquilidade para os próximos passos. Inovações e startups também se fizeram presentes, porém com aplicações mais realistas e estruturais, e menos voltadas aos “Jetsons”.
Transição e eficiência energética foram temas recorrentes em operadoras e fabricantes, assim como as constantes referências ao foco em verticais de indústria, agronegócio e mineração. Cidades inteligentes ainda estiveram presentes com força, mas com o foco mais voltado à mobilidade urbana, valendo ressaltar várias iniciativas para comunicação “não terrestre”, por meio de satélites de baixa órbita.
Por fim, as preocupações com a mão de obra direta (na indústria) e indireta (nos usuários) parece ter ganho um forte impulso, que, inclusive, é reforçado por uma ampliação do conceito de redes e interfaces abertas.
Os idiomas do futuro (e parcialmente já de hoje) são a programação e a robótica. O governo espanhol irá investir 356 milhões de euros nos próximos dois anos para o “Programa Código Escuela 4.0”, com forte apoio de entidades privadas como a Telefónica, que trouxe o tema ao seu estande.
O aprendizado tradicional através de formação básica dissociada das aplicações parece não ser mais suficiente para o desenvolvimento das competências demandadas pelo mundo. Este é um gargalo a ser enfrentado no mundo inteiro, especialmente no Brasil. Reduzir a falta de letramento digital e adequar a educação em todas suas etapas e disciplinas são imprescindíveis para ampliar a nossa competitividade.
O aprendizado tradicional através de formação básica dissociada das aplicações parece não ser mais suficiente para o desenvolvimento das competências demandadas pelo mundo, a partir da enorme plataforma de tecnologias hoje oferecidas.
Este é um gargalo a ser enfrentado por nosso país, que perderá competitividade e ampliará o abismo digital caso não tome medidas efetivas para combater a falta de letramento digital e de adequação da educação em todas as etapas e disciplinas.
O maior evento de telecomunicações do mundo reiterou a importância da inteligência artificial na transformação dos negócios. Enquanto muitos discutem se o ChatGPT vai roubar os empregos, as palestras e demonstrações do MWC mostraram que as soluções de IA estão cada vez mais maduras e podem ajudar o humano a ir além, ter novos insights, solucionar problemas complexos reais, aumentar a produtividade e permitir uma melhor experiência aos usuários e clientes.
E aqui voltamos novamente a um tema de destaque no evento: a geração de oportunidades adicionais de crescimento de receita com o 5G para provedores de serviços. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos defendeu que as grandes plataformas de tecnologia, como as maiores usuárias da infraestrutura de conectividade, também passem a contribuir com os investimentos em redes, hoje preponderantemente arcados pelas operadoras e provedores de acesso. Esse é um tópico que ainda vai render muito.
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