Virtualização, nuvem híbrida e Open Ran
Três pilares de um mundo aberto
Três pilares de um mundo aberto
4 de março de 2025 - 11h02
As novidades e inovações apresentadas no Mobile World Congress (MWC) começaram a ganhar o mundo. Seja o desembarque de soluções emergentes da indústria de telecomunicações (Telco) ou os lançamentos de produtos voltados ao consumidor final, como celulares, gadgets e novos aparelhos inteligentes, o pano de fundo desses avanços surpreendentes resume-se a duas tecnologias fundamentais: a virtualização de dados e a combinação entre nuvem híbrida e Open RAN. De antemão, a primeira tecnologia pode ser uma novidade para tomadores de decisão e executivos recém-chegados, mas a verdade é que a metodologia é uma peça-chave da informatização.
Crucial para o desenvolvimento da TI corporativa na década de 1990, principalmente com a massificação da computação em datacenters, a virtualização teve seu interesse renovado nos últimos anos, após uma nova perspectiva de negócios para as máquinas virtuais (VMs). Resumindo seu conceito de maneira breve, as VMs são ambientes digitais gerados por um software chamado de hypervisor, e funcionam de maneira autônoma aos servidores locais a partir de interfaces de gerenciamento, armazenamento e rede próprios. Por meio da abordagem, telcos e outros tipos de empresas podem implementar centenas de sistemas a partir de uma única CPU, economizando tempo, potencializando a produtividade de equipes técnicas e reduzindo gastos com tecnologia ao longo de jornadas de tecnologia.
Afinal, desde a chegada da inteligência artificial e do Machine Learning (ML) para impulsionar negócios, uma das maiores preocupações de organizações tem sido o crescimento de gastos com a manutenção e implementação de soluções emergentes. De acordo com um levantamento recente da consultoria Forrester, 72% das grandes companhias ouvidas excederam os investimentos previstos para as áreas de infraestrutura e operação de tecnologia. Ainda segundo o relatório, caso essa mentalidade não mude, a previsão é que o gasto com essas tecnologias ultrapasse a marca de mais de US$ 1 trilhão nos próximos dois anos, inviabilizando as operações em curto e médio prazos.
Frente a uma série de desafios para equilibrar contas e encontrar a medida exata para equilibrar jornadas tecnologia, organizações apostam na disciplina não apenas para ajustar ecossistemas às novas tendências e soluções de IA, como também para quantificar e aferir resultados em diferentes instâncias: cloud, on-premises, edge e em ambientes híbridos. Para isso, não bastam mais as tradicionais ferramentas de automação e otimização de desempenho em nuvem. Trabalhar em múltiplos locais e, muitas vezes até em sistemas legados, exige contar com aplicações modernas de integração de ecossistemas, potenciando o monitoramento e controle de dados e cargas de trabalho.
O grande motor para viabilizar a virtualização bem como facilitar a adoção da IA é, sem dúvida, o código aberto. A partir de sua implementação, empresas dispõem de amplo arsenal de soluções, aplicações e microsserviços para acelerar suas jornadas de tecnologia e escalar oportunidades de soluções emergentes, sem ficar refém de um fornecedor. Para além disso, a comunidade open source oferece um sem-número de projetos e iniciativas gratuitas — KubeVirt, Kubernetes e o Red Hat Developer Hub, por exemplo —, disponíveis no Red Hat OpenShift, para personalizar ambientes e desenvolver roadmaps exclusivos que se enquadram na realidade, cultura e demandas corporativas.
Para além das VMs e da otimização da IA para ambientes corporativos, a metodologia aberta também se apresenta como uma grande aliada para transformar o Open RAN (Open Radio Acess Network) em uma tecnologia economicamente rentável e produtiva para os atuais padrões da indústria. À medida que o ecossistema de telcos encontra maneiras de transpor seu ponto de adoção em larga escala, fica cada vez mais claro que para atingir o sucesso operacional, o sucesso da iniciativa baseia-se na combinação entre a expertise aprendida com arquitetura de nuvem e as ferramentas operacionais mais modernas que permitem estender o ciclo de vida de aplicações RAN.
De acordo com um relatório recém-publicado pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, o Open RAN tem o potencial de revitalizar todo o ecossistema de fornecedores graças à combinação de tecnologias emergentes e parcerias entre diferentes empresas no ecossistema, sobretudo, por meio de colaborações estratégicas para a expansão e desenvolvimento da tecnologia. É certo que alguns players já dispõem do conhecimento e da competência para operacionalizar serviços, dentro de bases de 5G multivendor, se diferenciando da concorrência e tomando à frente no mercado; em tempo, a democratização da solução, bem como sua popularização para diferentes frente técnicas e comerciais, ainda depende da atuação e do protagonismo de companhias parcerias e alianças multilaterais, como a O-RAN.
Afinal, se um dos alicerces da tecnologia é sua característica flexível e sua faceta colaborativa para o desenvolvimento de melhorias contínuas, nada melhor que exaltar a base do futuro da tecnologia: uma rede colaborativa direcionada para proporcionar avanços não apenas para todo o mercado, mas também para clientes em diferentes partes do globo. De certo, há ainda muito por vir no que diz respeito ao potencial criativo e inovador do Open RAN; por outro lado, frente a um horizonte de um ecossistema financeiro renovado para telcos, e empresas de tecnologia no geral, já demonstra o vigor ilimitado do código aberto para transformar setores e iluminar novas perspectivas, à medida que um caminho comum desenha-se adiante.
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