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Como os bancos tradicionais estão apostando em criptomoedas
Financeiras investem em soluções e pretendem levar o acesso aos ativos digitais a um público mais abrangente
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Taís Farias
28 de junho de 2022 - 6h00
Em março, o Banco do Brasil, primeira instituição bancária a operar no País ainda em 1808, anunciou a criação de um novo programa de serviços baseados em blockchain. A companhia ainda apresentou um fundo de investimento próprio voltado ao setor de criptomoedas. O projeto foi batizado de Lentes BB e carrega o objetivo de aplicar tecnologias digitais para criar modelos de negócio, melhores experiências e ganhos de eficiência. Para isso, a iniciativa será materializada por meio de laboratórios físicos e virtuais que vão unir empreendedorismo, capacitação e tecnologia com o apoio de parceiros – startups, universidades e outras empresas.
A primeira parceira anunciada é a startup GoLedger e, depois do blockchain, a iniciativa deve seguir explorando outros conceitos como IoT e 5G. Já com o BB Multimercado Criptoativos Full, o Banco do Brasil se tornou o primeiro banco público do País a ter um fundo de investimento próprio em criptomoedas. No mesmo mês, na Argentina, a divisão global de blockchain do Santander firmou uma parceria com a startup Agrotoken para desenvolver um produto focado em empréstimos para agricultores.
A solução, que já passa por testes, faria o equivalente a uma tokenização da tonelada de grãos vendida e entregue pelo agricultor que, com esse ativo, poderá solicitar o empréstimo. O banco, por sua vez, tem acesso aos dados dos produtores pela plataforma e consegue criar um contrato inteligente.
Talvez um dos acenos mais concretos dos bancos em direção às criptomoedas seja o do Nubank. Em maio, a companhia anunciou o investimento em cripto como o novo serviço do aplicativo de seu banco digital. A iniciativa se deu por meio de uma aliança com a Paxos que realiza a custódia das criptomoedas no app e fornece a estrutura blockchain. A novidade foi disponilizada para alguns dos clientes do que podem realizar movimentações em bitcoin e ether, da Ethereum.
Em comunicado enviado ao Meio & Mensagem, o banco digital afirmou que acredita no potencial atual e futuro dos serviços financeiros do Brasil. No entanto, apesar da tendência, a companhia enxerga barreiras na complexidade das plataformas, que para o Nubank foram desenvolvidas para um público nichado, e na linguagem. Nesse sentido, a financeira posiciona a inclusão de cripto como parte da estratégia de democratizar o acesso a um portfólio expandido de produtos.
Para Marcos Cavagnoli, diretor de Digital Cash Management e Open Finance do Itaú Unibanco, o avanço da legislação também deve fazer com que as criptomoedas se aproximem de um público mais amplo. “Um ponto fundamental para a evolução do tema cripto no Brasil e no mundo é o avanço regulatório. Nos últimos dias houve a importante aprovação no Senado do PL 4401/21, projeto de lei que define uma série de diretrizes para a atuação de empresas no mercado cripto, e que agora retorna para votação na Câmara. Uma regulação abrangente certamente trará uma série de benefícios para empresas que atuam no mercado, mas trará ganhos principalmente para os cidadãos, que terão muito mais segurança ao investir em ativos digitais”, afirma o executivo.
Ele também considera a ação do Banco Central nesse processo. “O Brasil possui um sistema financeiro bastante avançado e com uma agenda de inovação muito forte. Nesse sentido, existe uma atenção grande por parte do Banco Central para que novas tecnologias complementem os benefícios já proporcionados por iniciativas como o Pix e o Open Finance. Um exemplo da atuação conjunta entre o regulador e o mercado é o Lift Challenge, desafio organizado pelo Banco Central, em que foram selecionados 9 projetos com foco no teste de funcionalidades do Real Digital”, aponta Marcos Cavagnoli.
O diretor do Itaú Unibanco conclui sobre as vantagens que essa transformação deve trazer para o público final: “A tecnologia cripto também pode viabilizar investimentos para o pequeno investidor que hoje são disponíveis somente para grandes investidores. Um exemplo é a modernização da infraestrutura atual do mercado de capitais, que pode diminuir o número de intermediários e deixar debêntures ou empréstimos comerciais acessíveis ao investidor comum”.
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