Opinião
A polêmica da propaganda nos games
Você é contra ou a favor?
Você é contra ou a favor?
27 de julho de 2022 - 9h57
Às vezes eu me pego criticando a construção de prédios na praia, mas depois penso que se o local não oferecesse um hotel confortável eu não iria. Criar um game para a nova geração de consoles ou um triple A de PC demanda um investimento muito grande e se as empresas não se reinventarem não vão conseguir sobreviver logo os gamers ficarão sem jogar suas franquias prediletas.
2022 está sendo o ano mais fraco em lançamentos da última década. A realidade é que mesmo com um público gamer crescendo ano a ano, as empresas não conseguem lançar mais que um ou dois jogos a cada três anos.
Essa produção baixa influencia em toda a cadeia do nosso mercado. Seja nas lojas de games online, nas poucas lojas físicas que sobraram; nos views das mídias de games e dos influenciadores do Youtube; no trabalho das agências de publicidade e assessorias de imprensa.
Diante desse dilema e embora pertençam a grandes conglomerados, Xbox (Microsoft) e Sony Playstation têm seus próprios orçamentos, e estão buscando alternativas para tonar a produção de jogos viável.
Eu assisti TV por duas décadas vendo anúncios no meio da programação. Antes do advento TV a cabo, as novelas eram interrompidas pelos fabricantes de margarina, produtos de limpeza e cerveja, que mostravam seus produtos às famílias reunidas à frente da TV para o momento novela das 8.
Sabe que essa interrupção me irritava menos que os anúncios do Youtube de hoje, que interrompem seu vídeo de meditação para mostrar um programa novo de ginástica ou um curso de dança – tudo o que você não queria saber que existe quando está meditando. Para que você se acalme, existe a opção de fazer uma assinatura do Youtube sem anúncios. Eu tenho muita curiosidade em saber qual o percentual do público da plataforma que paga para se livrar do plim plim.
No primeiro semestre deste ano, a Microsoft anunciou que vai permitir anúncios nos jogos gratuitos do Xbox, em breve. De acordo com a publicação que postou primeiro, o Business Insider, esses anúncios podem aparecer como outdoors em jogos de corrida. Entretanto, não foi confirmado se essas propagandas se estenderiam a skins de avatar ou divulgações em vídeo.
“Curiosamente, a Microsoft não ficaria com qualquer parte desta receita e estaria mais interessada em construir a rede de publicidade do Xbox, já que tenta identificar com quais empresas e agências de publicidade trabalhar. Em vez disso, a receita dos anúncios será compartilhada entre a desenvolvedora do jogo e a agência do anunciante”, explica a reportagem.
Uma semana depois do “furo” sobre o Xbox, saíram reportagens contando que a Sony também queria experimentar um novo programa de propagandas nos jogos de PlayStation. De acordo com o Advertising Insider, a Sony quer encorajar desenvolvedores a criarem jogos gratuitos para jogar ao adicionar essa nova forma de monetização além das microtransações.
Em ambos os casos a ideia é sempre contextualizar os anúncios para que eles não destoem do game e não interrompam a experiência do jogador.
A Sony não deixou claro se vai ficar com parte do lucro, mas o artigo dizia que pretende compensar os jogadores dando skins e outros itens gratuitos nos jogos.
Trazendo de volta a questão dos apartamentos na praia e o pagamento de uma mensalidade ao Youtube para me livrar da interrupção enquanto medito, estou pensando se para os gamers seria muito ruim disputarem seu jogo de futebol preferido num estádio cheio de propaganda – como acontece na vida real. Ou poder pilotar uma Ferrari no F1.
Nesses casos creio que as propagandas até possam passar despercebidas no momento de adrenalina, tornando-se subliminares. Mas a realidade por enquanto é outra. A EA teve de remover as propagandas do UFC, pressionada pelos fãs, que alegaram que pagando pelo jogo não queriam ver anúncios. Nesse caso ficou ruim mesmo. A empresa colocou uma inserção interrompendo a luta em um jogo pago.
A 2K fez o mesmo. Adicionou publicidades obrigatórias entre as partidas do NBA 2K21, jogo vendido ao preço cheio. Embora ela tenha saído pela tangente esclarecendo que a forma como o comercial foi implementado não estava correta, o anúncio continua lá na versão 2021 do jogo de basquete. “Os jogadores podem esperar que o problema seja consertado em episódios futuros”, postou a empresa.
Endeuzadas quando surgiram, as TVs a cabo agora têm propaganda, assim como a Netflix está se preparando para lançar um plano mais barato com anúncios no ano que vem.
Perdendo mercado, a Netflix planeja oferecer níveis mais baratos e suportados por anúncios aos consumidores, depois de 25 anos de história, nos quais acumulou quase 222 milhões de clientes pagantes.
A Netflix foi questionada repetidamente ao longo dos anos se consideraria trazer anúncios para sua plataforma, uma ideia que sempre derrubou. Mas os tempos mudaram. A Disney e a Hulu, dois concorrentes, exibem anúncios.
Segundo a empresa (via Variety), um novo plano de acesso aos conteúdos da plataforma, mais barato e com anúncios comerciais, está em desenvolvimento. Ele deve chegar ao consumidor já na primeira metade de 2023.
Em relação à preocupação que os consumidores têm que essas empresas meçam seus hábitos de consumo, no meu ponto de vista esta proteção só é válida para quem nunca usou o Google. Quem nunca?
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