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SXSW

10 mitos sobre IA para abandonar em 2025

COO e fundadora da Unstoppable Domains, Sandy Carter, lista crenças para deixar para trás e como a inteligência artificial realmente transformará os negócios e a sociedade.


13 de março de 2025 - 15h57

Mitos IA

Sandy Carter, ex-gerente geral da IBM e VP da Amazon Web Services e atual COO e fundadora da Unstoppable Domains, falou no SxSw sobre algumas concepções a respeito da tecnologia que precisam ser revisadas (Crédito: Taís Farias)

Em 2024, a adoção de inteligência artificial atingiu 72% de todas as empresas do mundo. Um ano antes, em 2023, a taxa era de 55%. Os dados são da pesquisa “The state of AI in early 2024: Gen AI adoption spikes and starts to generate value”, da McKinsey. Com o crescimento acelerado e os contornos ainda desconhecidos de para onde a tecnologia pode levar humanidade, surgem uma série de dúvidas a respeito do tema.

Sandy Carter, ex-gerente geral da IBM e VP da Amazon Web Services e atual COO e fundadora da Unstoppable Domains, atacou o tema ao levar para o palco do South by Southwest os principais mitos sobre a inteligência artificial e como ela vai, de fato, impactar os negócios. Confira a seguir:

Mito 1: IA é apenas uma tecnologia

O primeiro mito descartado por Carter é de que a inteligência artificial seria apenas mais uma tecnologia em desenvolvimento. Para ela, a IA vai efetivamente transformar nossas vidas. Um exemplo disso são os modelos de recomendação de plataformas, como Amazon e Netflix, já usuais para os consumidores e totalmente baseados em IA. A Mckinsey estima que US$ 13 trilhões de dólares serão adicionados aos sistemas de processamento de dados generalizado, sistemas de IA que lidam com grandes volumes de dados, até 2030. “A IA vai evoluir mais rápido que qualquer outra tecnologia, passando de experimentação para uma produção real”.

Mito 2: eu não posso confiar na IA

Para a especialista, é possível sim confiar na inteligência artificial. Mas, para isso, é preciso usá-la com responsabilidade. Nesse sentido, é necessário um investimento massivo em transparência, segurança e o um esforço intencional na eliminação de vieses. Ela cita o surgimento de empresas e soluções dedicadas a esse campo, como a Crowd Gen que cria uma marca d’água invisível que impede que imagens privadas sejam usadas para alimentar modelos. “Acredito que em breve teremos uma certificação de confiança que as empresas buscarão ao comprar produtos de outras empresas. Isso será um diferencial competitivo para um agente de IA, por exemplo”, define.

Mito 3: IA vai substituir trabalhos

Quando o assunto é trabalho, a fundadora da Unstoppable Domains não nega que posições serão substituídas pela automação. Porém, haverá mais transformação de trabalhos do que uma substituição efetiva. Um relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o impacto da IA no trabalho indica que 92 milhões de empregos serão perdidos para automação por IA até 2030. A contrapartida é que nesse mesmo período 170 milhões de novos empregos serão criados. “Minha previsão é que a transformação do trabalho será maior que a eliminação”, defende a especialista.

Mitos 4 e 5: minha empresa não vai ser afetada pela IA e o SEO

Em uma previsão dupla, Carter defendeu que não apenas os negócios, mas todas as marcas serão afetadas pela IA. Isso porque 45% das pessoas que pesquisam online têm as plataformas de inteligência artificial como seu canal de pesquisa favorito. Com isso, ela também defende que o SEO, engenharia de otimização de mecanismos de busca, deve migrar para uma engenharia de otimização generativa. A executiva divide sua previsão: “O marketing universal, alimentado por IA, acabará até 2030. Mesmo que você esteja fazendo marketing agora para um segmento, o que você precisa fazer é hiperpersonalização. Marketing para uma pessoa, criando essa experiência para ela”.

Mito 6: implementação de IA é complexa e difícil demais

Criar e gerenciar vai se tornar, cada vez mais, fácil. Inclusive, para profissionais que não contam com habilidades técnicas ligadas a tecnologia e programação. Carter introduz o conceito de vibe coding, modalidade em que o usuário descreve suas necessidades para um modelo de linguagem e ele gera a codificação, sem que o usuário entenda de programação. “No futuro, empresas terão programadores gerenciando agentes de IA. E muitos de nós, que não somos técnicos, seremos capazes de usar essas soluções sem código para criar soluções para nós em áreas que nos causam desconforto”, aponta.

Mito 7: qualquer dado – até os genéricos – vão funcionar

Os dados se tornarão mais importantes que os códigos e a qualidade deles importa. Em alguns setores que exigem alta acurácia, como o de saúde e o financeiro, uma taxa de 85% de precisão pode significar um prejuízo de milhões de dólares. É também por isso que muitas empresas de tecnologia estão desenvolvendo modelos para esses setores que mesclam dados genéricos com bases específicas das companhias, que elevam a precisão. Assim, a executiva aposta no crescimento de marketplaces de dados em que eles poderão ser comercializados. “Agora, se você é uma empresa, seus dados são extremamente valiosos, então trate-os como capital, como um produto. Pense em maneiras de monetizá-los dentro da sua própria empresa e, às vezes, até fora dela”, conclui.

Mito 8: é tudo sobre large language models

Embora os large language models tenham ganhado projeção e popularidade, Carter garante que o futuro da IA envolve mais que isso. Ela cita, especialmente, os agentes de IA, sistemas inteligentes autônomos que realizam tarefas específicas. Os agentes seriam base de toda uma economia em que o contato pode acontecer entre agente e empresa, agente e humano e até entre agentes. E COO faz sua previsão: “Até 2027, teremos uma economia A para A, uma economia de agente para agente. Alguma intervenção humana ainda existirá, mas não muita”.

Mito 9: IA é totalmente sobre softwares

Se engana quem pensa que a transformação da IA ficará limitada aos softwares, Carter garante que o hardware terá um grande impacto. Um dos setores mais afetados por essa transformação será a robótica e a evolução das máquinas humanoides. “Minha previsão para esse setor é que, até 2030, os humanoides farão parte do mercado de trabalho convencional. Meu conselho para você é: esse é o futuro, mas comece a pensar nisso agora e a decidir como um robô ou humanoide poderia ser usado no atendimento ao cliente ou na sua logística”, provoca.

Mito 10: eu não consigo me manter atualizado

“Eu diria que tudo está evoluindo rapidamente, mas há algumas coisas que vocês podem fazer para acompanhar tudo o que está acontecendo em IA. Existem algumas estratégias muito interessantes”, aponta Carter. Entre as estratégias da executiva para se manter atualizado frente as mudanças está a prática de testar e brincar com a tecnologia, interagir com especialistas, participar de eventos do setor e acompanhar newsletters e publicações da área.

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