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SXSW

A base da internet

“Aismosis” será a base da internet. Ehhh amigues, quem disse isso foi Amy Webb


12 de março de 2023 - 13h23

Crédito: Camilo Barros

Uma das palestras mais aguardadas anualmente no SXSW é dessa figura ligada em alta voltagem. Webb é CEO do Future Today Institute, que faz previsões com base em dados e são usadas por centenas de empresas – aí não tem jeito, falou em dados, tocou direto meu coração e eu não perco por nada.

Ela já foi considerada por Hugh Forrest, vice-presidente e diretor de programação do SXSW, a principal voz do evento que disse “se alcançamos a notoriedade que alcançamos, devemos parte disso a Amy Webb”. Ela rivaliza a notoriedade da edição com figuras exponenciais que são trend topics no momento do evento. Porém, ano após ano essas figuras perdem o gás e a bola dela continua lá em cima, com seu guia que parece uma máquina do tempo para nos dizer o que vai acontecer ali adiante. Embora neste ano ela abriu dizendo que não trazia muitas respostas.

Webb apontou para uma verdadeira confluência de ferramentas tecnológicas que avançam em velocidade meteórica e será a base da nova internet. “Essa que conhecemos hoje já morreu”, profetiza. Os códigos cada dia mais avançados que somam a IA generativa – sim, ela falou disso -, os processadores potentes e até a nuvem, vão gerar um novo modelo de interação online. O avanço da IA generalista, essa que executa diferentes tipos de tarefas, é o caminho sem volta para se chegar à inteligência artificial geral (AGI), que é o momento em que as máquinas, de fato, poderão resolver uma grande variedade de questões como qualquer ser humano.
“Eu tenho uma novidade para vocês”, disse Webb, “já estamos nesse caminho.”
Tremei, você que se arrepia ao olhar o avanço dos dados sobre suas tarefas. Está mais do que na hora de mergulhar nesse universo! Porque se ela disse isso, pode aguardar que vem. E se vem, você precisa empoderar a sua tomada de decisão se tornando um profissional data-driven ou arruma um jeito de voltar aos anos 1990. Conforme Webb, de agora em diante, tudo é informação. Ela

Por falar nisso, ela fez uma retrospectiva para ilustrar o fundamento de suas previsões e citou que nos anos 1990 a internet, ainda insipiente, era apenas uma rede global de computadores que facilitava o tráfego de informação, majoritariamente para uso científico. Então veio a world wide web e todos pudemos passar a navegar naquele ambiente chamado internet e assim, numa evolução permanente que teve início em páginas básicas, quase vazias, surgem os primeiros sites sociais como o MySpace onde se depositava informações pessoais que seriam usadas para gerar conexões, assim como o iTunes seria o local onde era possível ouvir música, além de ser uma ferramenta que observava o nosso comportamento. Tanto quanto o eBay sabia o que estávamos comprando ou vendendo e onde. Repare que é informação sobre informação sendo acumulada, os chamados metadados. Isso tudo passa a valer dinheiro, porque é uma pesquisa que consegue entender o nosso comportamento e por onde deixamos nossas pegadas, nossas informações pessoais. Isso mesmo, os cookies!

Eu me recordo que no início dos anos 2000 existiam poucas ferramentas de pesquisa, uma delas, precursora desse modelo que temos hoje, era a Pathfinder, aquilo era uma coisa espantosa, mas hoje seu desempenho seria risível. Nascia ali esse modelo de pesquisa chamado “busca”, e as moedinhas começaram a girar, era uma janela de possibilidades para se fazer dinheiro. Então surge o Yahoo, AOL e Google numa evolução de ferramentas equilibrada em montanhas de metadados gerados, em grande parte, por aquelas buscas. Dados fornecidos por nós mesmos, e era isso que tinha para o momento. “Agora temos novas formas de conteúdo geradas por diferentes usuários, mas também pelos próprios algoritmos”, explica Webb.

Webb provoca a audiência ao soltar esta: o que sempre fizemos foi buscar algo na internet, “Agora, em vez disso, ela é quem está nos procurando nos dias de hoje”.
Ela aponta ainda que o nosso relacionamento com a informação será totalmente transformado por conta daquela ideia de Transformers, citada em artigo publicado por pesquisadores do Google, sobre um tipo de rede neural que aprende o contexto em sequência de dados.

Isso nos joga para esse futuro da nova versão das buscas onde haverá uma transferência contínua de informação tal e qual um bate-papo entre pessoas, diferentemente do que temos até hoje com gráficos, imagens ou vídeos como resposta. E assim chegamos ao que ela diz ser a AIsmose, a combinação de AI e osmose, onde todos os dados fluirão para o sistema de IA por meio de qualquer fonte onde esteja baseado.

“Por não terem intuição, essas ferramentas de IA só podem refletir os dados que foram alimentados e armazenados em sua memória associativa. Em breve, goste você ou não, vamos contar com esses sistemas para a escola, para o trabalho, para governar e isso me assusta. Não porque não funcionem bem, mas porque realmente funcionam muito bem.”

A maneira como isso vai se refletir em nossa sociedade, na real substituição da mão de obra humana e na qualificação dos profissionais, é um debate que não pode ficar parado no canto da sala.

Agora me diz, dá pra perder essa mulher fantástica?

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