A gente até chega mais rápido furando a fila da palestra, mas com isso não chegamos a lugar nenhum
Do que adianta ser a maior delegação estrangeira, pagar para ver um conteúdo de qualidade sobre o presente e o futuro, se o desrespeito permanece?
Do que adianta ser a maior delegação estrangeira, pagar para ver um conteúdo de qualidade sobre o presente e o futuro, se o desrespeito permanece?
14 de março de 2023 - 8h48
Mais uma vez o Brasil está em peso em Austin, no Texas, nos EUA, para ver renomados profissionais, como Amy Webb, Esther Perel, John Maeda, Ryan Gellert e muitos outros, falando sobre tecnologia, futuro, relacionamento versus intimidade artificial, inovação e tudo o que o SXSW 2023 pôde pensar e preparar.
Em termos de volume, o nosso país é a maior delegação estrangeira e a segunda maior geral, depois da americana, no evento. Vamos confessar que aqui há uma elite brasileira. Afinal, estamos pagando para consumir um conteúdo de qualidade e ampliar nossas mentes.
Mas durante todos esses dias, eu me perguntei: de que adianta gastar dinheiro para estar no front das informações, para se desenvolver, e furar filas?
Quer um exemplo? No sábado mesmo, estávamos na fila de uma festa com muitos brasileiros convidados, aguardando nossa hora de conseguir entrar e, bem na nossa frente, já vão surgindo brasileiros, puxando papo como quem não quer nada com outros que estão mais à frente, e por ali acabam ficando, achando que ninguém está vendo. Ou até sabem que estão sendo observados, mas não ligam para quem “ficou para trás”.
Eu trouxe aqui apenas uma passagem, mas a situação não é pontual, ela tem ocorrido todos os dias. Direto algumas pessoas usam um amigo que tá adiantado na fila para conversar e já aproveitam o gancho para ficar ali mesmo, entrar em um lugar mais na frente ao invés de começar lá do final.
É óbvio que ninguém quer esperar duas horas para ver uma palestra ou para aproveitar uma festa, mas, infelizmente, esse é o preço que se paga (ou pelo menos deveria se pagar) para estar em um evento de grande porte como o SXSW.
Desde o dia 10/03, estamos aqui discutindo pautas como ESG, relações humanas e conscientização, mas novamente eu pergunto: de que adianta ir para os EUA, pagar para ver tudo isso, se a pessoa vai continuar sendo desrespeitosa com todos que estão ali ao furar uma fila?
Pensamos em um Brasil do futuro, mais justo, evoluído, mas a verdade é que ele nunca vai chegar enquanto houver um jeitinho brasileiro para tudo.
Claro, a gente chega mais rápido furando a fila da palestra, mas a real é que com isso não chegamos a lugar nenhum. Só vamos realmente evoluir, quando aprendermos a respeitar, a deixar de arranjar um jeito para tudo.
Em outras palavras, nós precisamos furar a fila do conhecimento e do desenvolvimento e não a do evento.
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