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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

A grande inovação é: saber se relacionar (mais e melhor)

A tecnologia nos prometeu aproximação, mas, em muitos casos, tem nos afastado, criando um processo gradual de desaprender a ouvir


13 de março de 2025 - 18h06

Parece contraditório que, em um evento onde o digital é o protagonista, o fator humano possa ganhar tanto destaque. E é justamente esse paradoxo que tenho visto – não apenas ganhar força na programação, mas atrair tanto o interesse (pelo menos o meu). 

Afinal de contas, a tecnologia que nos prometeu aproximação tem, em muitos casos, nos afastado, criando um processo gradual de desaprender a ouvir, a prestar atenção no outro e a buscar trocas mais profundas.

A Emma Lembke trouxe essa discussão de forma muito forte em sua apresentação “Como a Geração Z está reconstruindo as redes sociais do zero”. Ela contou como cresceu acreditando que o digital era um espaço de conexão, até perceber que as plataformas foram desenhadas para prender sua atenção a qualquer custo, sem se preocupar com seu bem-estar. 

Como ela mesma afirmou, “o problema não é só da Geração Z, mas de toda a sociedade” – o design das redes está moldando nosso comportamento e impactando a forma como nos relacionamos.

E há quem coloque toda essa culpa da desconexão acontecendo apenas no digital.

No painel sobre relações humanas, ouvi que os relacionamentos não falham por conta de conflitos, mas sim por falta de reparação. Parece óbvio, né? Mas isso me faz pensar sobre como, muitas vezes, a gente evita desentendimentos quando, na verdade, deveríamos aprender a reconstruir conexões depois deles. 

Se estamos deixando de lado essa sensibilidade no mundo físico, imagina o quanto a tecnologia impulsiona e acelera esse processo? E aí vem um ponto importante: estamos perdendo a arte da conversa? 

Como foi dito na palestra sobre entrevistas e conexões reais, a conversa não é apenas um meio de transmitir informações, mas uma forma essencial de entender o outro e construir pontes. 

“A base de uma boa conversa não é ter a próxima pergunta pronta, mas estar presente para o que está sendo dito”, disse o Rich Roll, atleta de resistência e apresentador do The Rich Roll Podcast.

No mundo acelerado de hoje, essa escuta ativa se torna ainda mais valiosa. E o SXSW tem me permitido, muito mais do que participar das palestras, painéis, apresentações, dar espaço para que cada vez mais eu busque essa troca com as pessoas.

Seja no digital ou no presencial, saber se conectar é uma habilidade que precisamos resgatar e aprimorar. Tecnologia sem humanidade é só código.

E, no fim das contas, talvez a grande revolução, tendência, inovação ou como você deseja chamar o que vem pela frente, não esteja em saber mais, mas em saber se relacionar melhor.

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