A importância da saúde social em um mundo tecnológico, digital e acelerado
Novas discussões reconhecem que as conexões sociais são tão relevantes quanto a saúde física e mental
Novas discussões reconhecem que as conexões sociais são tão relevantes quanto a saúde física e mental
12 de março de 2025 - 17h40
Este é meu segundo ano na SXSW. Quando participei pela primeira vez, em 2024, um dos grandes destaques, para mim, foi a conexão entre tecnologia, inteligência artificial (IA) e questões relacionadas à saúde mental e às doenças do cérebro.
O festival deste ano começou com Kasley Killam, autora do livro The Art and Science of Connection, discutindo a importância de falarmos mais sobre “Social Health”, ou seja, a parte da saúde relacionada a entender como conexões humanas e relacionamentos promovem uma melhor qualidade de vida. Para Killam, a saúde social está hoje no mesmo patamar em que a saúde mental estava há uma década. Isso significa que, daqui a alguns anos, estudos sobre saúde social e como cuidar dela serão tão relevantes quanto os relacionados à saúde mental atualmente.
Estudos atuais já indicam que pessoas socialmente isoladas têm maiores taxas de doenças cardiovasculares e comprometimento das funções cognitivas. Por outro lado, está comprovado que as conexões humanas aumentam a imunidade e a longevidade.
Killam também comentou que empresas, times e indivíduos que priorizarem a saúde social irão prosperar. Portanto, criar conexões humanas e estabelecer uma boa saúde social será uma vantagem competitiva. Além disso, na visão da autora, as escolas deveriam ensinar sobre conexões humanas e relacionamentos para as crianças, assim como ensinam exercícios nas aulas de educação física.
Pode parecer estranho dizer que é preciso ensinar crianças a desenvolverem laços afetivos, mas a visão de Killam é corroborada por dados e por outros especialistas. Scott Galloway, por exemplo, disse em sua primeira palestra que “a solidão é a maior ameaça da América no momento” e que os jovens não estão criando relacionamentos.
Ainda no primeiro dia de palestras, o futurista Rohit Bhargava trouxe os sete segredos não óbvios para entender as pessoas e prever o futuro, e um deles é: ser apenas humano. Bhargava reforça que pessoas que entendem pessoas sempre vencem e que compreender o ser humano ajuda a prever o futuro — uma questão até um pouco óbvia, mas que acaba esquecida em tempos dominados pela IA.
O que acho mais fascinante na SXSW é justamente a capacidade de sermos expostos a um universo amplo de conteúdos que se contradizem, mas, ao mesmo tempo, se complementam e nos fazem refletir. A dualidade que estou percebendo aqui nestes últimos dias, entre o avanço tecnológico e o mundo digital, em contraste com o que é real e tangível, tem sido uma oportunidade para refletir e entender melhor as complexidades e interconexões desses dois mundos, cada vez mais presentes.
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