A sua casa de sempre – agora com upgrades obrigatórios

10 de março de 2025 - 11h12

Nada como se mudar para uma casa novinha em folha. Linda, espaçosa. Tudo funciona perfeitamente: as torneiras têm pressão ideal, as janelas abrem sem esforço, e o sinal de Wi-Fi cobre todos os cômodos. Poucas coisas batem o conforto de uma casa bem planejada (pelo menos é o que dizem).

Mas aí, um belo dia, você acorda e descobre que algo mudou. De repente, a torneira da cozinha agora só libera um fio de água – a menos que você assine o “Plano Premium de Pressão Máxima™”. As janelas? Agora só abrem até a metade, a não ser que você pague o pacote “Ventilação Completa”. O sinal de Wi-Fi começa a sumir nos cantos da casa, mas felizmente há um novo “Booster Pro™” disponível por uma pequena taxa mensal!

Ah, e o elevador, que sempre funcionou perfeitamente, agora só é acessado quando pagamos uma “taxa única mensal”. Mas calma! Você ainda pode usar as escadas e chegar no mesmo lugar. “Afinal, o que são 12 andares?”

Engraçado como isso soa familiar, né? Antes, os aplicativos funcionavam bem, os serviços eram simples, e o que você comprava – pasme – realmente era seu. Que antiquado…

Mas agora? O vídeo começa a travar, o algoritmo parece menos inteligente, o app fica mais lento… até que – voilà! – surge uma solução mágica em forma de assinatura, pacote extra ou recurso “exclusivo”.
Eles não estão vendendo um produto melhor – eles estão vendendo o direito de voltar a ter o que você já tinha. Como se alguém estivesse removendo, peça por peça, os tijolos da sua casa para depois te oferecer um pacote de restauração como uma “nova funcionalidade”.

Mas fique tranquilo: essa deterioração controlada é só para o seu bem. Afinal, quem não gosta de pagar um pouco mais para ter o privilégio de voltar a viver com o básico?

Esse pensamento desconfortável surgiu durante a ótima “The Past, Present and Weird Future of the creator Economy”, palestra de Jim Louderback, editor da newsletter “Inside The Creator Economy” aqui no SXSW, quando ele falou “estamos pagando mais para ter exatamente o que tínhamos”