Agências, cadê vocês?
Percorrendo as ruas de Austin e trocando ideias com colegas brasileiros, um sentimento é unânime: as agências brasileiras não estão presentes no SXSW
Percorrendo as ruas de Austin e trocando ideias com colegas brasileiros, um sentimento é unânime: as agências brasileiras não estão presentes no SXSW
10 de março de 2025 - 16h17
Percorrendo as ruas de Austin e trocando ideias com colegas brasileiros, um sentimento é unânime: as agências brasileiras não estão presentes no SXSW. Não estou me referindo às independentes ou menores, mas sim às grandes e famosas. A presença delas é insignificante se comparada à de outros países. E isso é desalentador. Vivemos em um mercado que prega, a todo momento, a disrupção, os novos modelos de negócio e a inovação. Um mercado que depende da criatividade para sobreviver. No entanto, a realidade é que as grandes agências não estão de olho no SXSW, um verdadeiro celeiro criativo para quem deseja estar à frente do seu tempo. Na verdade, há uma falta de atenção para a própria criatividade, que parece estar subutilizada.
Há tempos não vemos uma campanha realmente impactar o gosto popular, com raras exceções. E aqui no SXSW podemos testemunhar discussões com profissionais que conquistam milhões — tanto de pessoas quanto de dólares — com seus trabalhos. Pessoas que entendem que a criatividade vai além do óbvio. Ela é uma ferramenta para impulsionar negócios, gerar insights e criar campanhas que, cada vez mais, se tornam commodities no dia a dia do consumidor.
Ouvir sobre criatividade com nomes como Ben Stiller, Hideo Kojima, Robert Rodriguez, Issa Rae, entre tantos outros, é uma experiência que faz a mente ferver. Mas onde estão vocês, agências?
O Brasil sempre foi reconhecido por sua criatividade. As agências de publicidade do país historicamente estiveram à frente do seu tempo, inovando na forma de contar histórias e ajudando a moldar a comunicação global. No entanto, em um momento em que a economia criativa é um dos principais motores da inovação, as grandes agências brasileiras estão ausentes de eventos como este e se interessando ainda por premiações.
A publicidade tradicional já não é a principal força da economia criativa. Criadores de conteúdo, startups, comunidades e novas plataformas estão liderando essa transformação. No SXSW, essas vozes dominam os debates, enquanto as agências, presas a modelos ultrapassados, ficam à margem dessa conversa.
Agências, cadê vocês? Não quero encontrá-las apenas na La Croisette, durante o Cannes Lions. Ouvir gente de fora da publicidade faz bem. E tá tudo certo não saber tudo sempre.
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