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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

AI: Por que o Brasil é Follower e não Influencer?

Sendo o Brasil um dos maiores mercados de publicidade do mundo, não restam dúvidas de que se investirmos em tecnologia teremos startups nacionais fortalecidas, marcas usufruindo e estaremos exportando inovação


13 de março de 2024 - 10h12

O SXSW está recheado de palestras envolvendo o tema “Inteligência Artificial”, o que era esperado – para não dizer desejado, pelo público que compareceu ao evento este ano. Aqui, foi possível encontrar palestras com títulos variados e criativos para que, de algum jeito, a sigla AI (Artificial Intelligence) estivesse inserida como “Clinical AI is Not Just Any AI”, ou Atomic Energy and AI, e teve ainda “Revolutionizing Astrophysics with AI, e a não menos criativa “AI and Journalism: The Massive Consequences When Truth is AI”

Em parte, os títulos eram apenas Clickbait, caso contrário, a audiência seria potencialmente menor.

O ponto é que a AI avança significativamente em países dominantes do desenvolvimento tecnológico, e eu me refiro a desenvolvimento tecnológico como a própria criação de linguagens de programação como Java (EUA), Phyton (Holanda), R (Nova Zelândia) e C++ (Dinamarca), além dos componentes computacionais como chips, processadores e placas de vídeo, sendo a maioria das empresas nascida nos EUA.

Outro fator que ajuda a amplificar o uso de AI é a computação em nuvem (Cloud Computing), que é dominada pelas gigantes Amazon, Google e Microsoft.

Olhando para os softwares de Inteligência Artificial Generativa, por exemplo, temos empresas consolidadas como a Adobe, além de novas empresas, como a OpenAI, ambas dos EUA.

Os milhares de brasileiros que vêm ao SXSW todo ano voltam encantados com as maravilhas tecnológicas que encontram aqui como o Apple vision Pro, ChatGPT, Midjourney ou até mesmo startups de destaque como a Gan.ai’s (plataforma de hyper personalização de vídeos), também a Cephable (que permite que pessoas controlem devices por comandos de voz e movimentos) e a TMPatch’s (empresa que criou uma nova forma menos dolorida e menos invasiva de aplicar vacinas).

O que todas essas empresas têm em comum? Nenhuma é brasileira.

Este panorama nos gera a dúvida sobre como o Brasil está no cenário tecnológico e o que nós, do mercado de comunicação, podemos fazer para colocar o nosso país na vanguarda para sermos criadores de tendências e não apenas usuários seguidores.
Temos bons pólos de desenvolvimento tecnológico e estamos avançando significativamente em algumas frentes, talvez a mais conhecida seja a tecnologia bancária (na qual o Brasil é referência mundial), além de outras categorias como aviação e agricultura de precisão.

Contudo, para um país com as ambições que o Brasil tem (e que envia mais de 3 mil pessoas para Austin), ainda precisamos desenvolver políticas de incentivo para que empresas e instituições invistam em formação de engenheiros de software, e não estou falando (apenas) da dependência de incentivos governamentais (assunto no qual os que americanos também enfrentam desafios, vide a movimentação da sede da Tesla da Califórnia para o Texas em busca de redução de taxas), mas também de investimentos privados em treinamento e criação de projetos internos.

Uma coisa vital que aprendemos ouvindo as palestras no SXSW é que por trás de novas tecnologias existem empresas fomentando projetos e startups.
É aqui que entra o desafio do pós-SXSW: voltar para o Brasil sabendo que temos a oportunidade de investir em ideias, produtos e projetos inovadores.
O nosso país tem aproximadamente 13 mil startups (nem todas são geniais) aguardando ansiosamente uma oportunidade.

Podemos planejar um ambiente propício para que a liderança de marketing se junte à liderança de tecnologia para criarem projetos juntos.
Olhando para os desafios de investimento, ao invés de focarmos apenas naquilo que a verba de mídia pode comprar, o Marketing pode começar a planejar investimentos para desenvolvimento tecnológico, assim, as revoluções tecnológicas não ficarão dependentes dos CTO’s.

Um caminho produtivo, e que algumas marcas como Enel e Bauducco vêm fazendo, é a de criar grupos internos mistos que buscam startups no mercado, avaliam e incentivam financeiramente.
Abrir uma nova linha de investimento, além das tradicionais que já ficam abaixo da área de comunicação, faz com que o Marketing passe a ser um player importante no desenvolvimento de novas tecnologias, trazendo ainda mais sentido para as missões técnicas em eventos como o SXSW.

Sendo o Brasil um dos maiores mercados de publicidade do mundo, não restam dúvidas de que se investirmos em tecnologia, a partir da ótica da Comunicação, teremos startups nacionais fortalecidas, marcas usufruindo de tecnologias criadas no próprio berço e estaremos exportando inovação, ao invés de apenas importar.
E, quem sabe, nos próximos SXSW teremos startups brasileiras aos montes encantando o mercado americano.

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