Como a IA está redefinindo a cultura corporativa

6 de março de 2025 - 15h14

De 7 a 15 de março, Austin será novamente o epicentro das discussões sobre inovação no SXSW 2025. No último evento, a grande descoberta foi a Inteligência Artificial (IA) e suas infinitas possibilidades. Um ano depois, a IA já está incorporada ao dia a dia das empresas e começa a transformar algo ainda mais profundo: a cultura corporativa. Mas será esse o grande tema do ano ou outra revolução está prestes a surgir?

A IA passou da fase de experimentação e foi além da simples automação. Ela está mudando a forma como trabalhamos, lideramos e inovamos. Segundo um estudo da Deloitte, 58% das grandes empresas no Brasil já a utilizam em suas operações diárias, e entre essas, 79% planejam expandir o uso da tecnologia para novas áreas.

Com a IA assumindo funções operacionais, o significado de trabalho e liderança está sendo redesenhado. Algumas mudanças já estão em curso: menos hierarquia, mais valor para soft skills e uma nova cultura de inovação.

O novo ambiente de trabalho exige menos hierarquia, mais autonomia e decisões cada vez mais baseadas em dados, o que descentraliza o poder e exige novos modelos de gestão. Aprendemos nos últimos anos que a IA não se limita a substituir tarefas repetitivas. Ela está transformando a forma como as equipes se comunicam, como líderes tomam decisões e até mesmo como os valores organizacionais são definidos.

E para lidar com o novo ritmo ditado pela tecnologia cada vez mais integrada, as softs skills, ou seja, as habilidades comportamentais como inteligência emocional, criatividade e pensamento crítico se fazem ainda mais necessárias. Há inclusive um movimento de profissionais para este tipo de atividade.

Com a IA acelerando testes de hipóteses, personalização em escala e novas formas de experimentação, adaptar-se rapidamente virou regra e, para que tudo isso funcione bem, as empresas já começaram a adaptar a cultura organizacional para abraçar a inovação. Esse novo ritmo exige que as empresas abandonem a aversão ao erro e adotem um mindset de aprendizado contínuo, onde a adaptação rápida se torna tão essencial quanto a inovação em si.

Evolução da Ética

Uma provocação recente me fez refletir: como seria uma empresa onde todos os funcionários fossem geridos por uma IA? Seria um ambiente sem direção, não tendo liderança humana? Ou, ao contrário, seria uma organização altamente eficiente, guiada por decisões puramente baseadas em dados, sem vieses pessoais?

Até que ponto líderes e colaboradores devem depender da IA para tomar decisões, personalizar experiências ou definir regras de negócios? Um estudo da Boston Consulting Group (BCG) revelou que 60% dos executivos já enfrentaram dilemas éticos no uso de IA, incluindo vieses algorítmicos e falta de transparência em processos decisivos.

O SXSW, que sempre antecipou tendências, este ano deve trazer discussões profundas sobre como essa evolução também traz desafios éticos, explorando como equilibrar eficiência tecnológica e humanização. Temas como ética na IA, diversidade nos algoritmos e o futuro das relações entre humanos e máquinas prometem ganhar espaço.

As empresas que enxergarem a IA não apenas como uma ferramenta, mas como um agente de transformação cultural, sairão na frente. O SXSW 2025 não trará respostas prontas, mas será um espaço essencial para desenhar os próximos passos do mundo corporativo.

O futuro das empresas está sendo moldado agora. Como ele será nos próximos anos?