Conheça os cases brasileiros no Innovation Awards
“From Smart Campus to Real Smart Cities”, do Centro Universitário Facens e “Engineering the World’s First Smart Lipstick”, do Grupo Boticário, concorrem à premiação de inovação do festival
“From Smart Campus to Real Smart Cities”, do Centro Universitário Facens e “Engineering the World’s First Smart Lipstick”, do Grupo Boticário, concorrem à premiação de inovação do festival
Amanda Schnaider
10 de março de 2025 - 17h43
Os vencedores da 26ª edição do SXSW Innovation Awards — premiação de inovação do festival — serão anunciados na noite desta segunda-feira, 10, numa cerimônia no Ballroom D do Austin Convention Center. Ao todo, a iniciativa conta com 55 finalistas, em 11 categorias, incluindo dois cases brasileiros.
Os finalistas puderam mostrar seus projetos ao júri e ao público do festival no SXSW Innovation Awards Finalist Showcase, que aconteceu no último sábado, 8. Na ocasião, os jurados votaram para determinar o vencedor de cada categoria, assim como o campeão do prêmio Best in Show. O público também pôde votar para determinar o vencedor do prêmio People’s Choice.
“Engineering the World’s First Smart Lipstick”, do Grupo Boticário, participa da 26ª edição do SXSW Innovation Awards (Crédito: Amanda Schnaider)
“Temos realizado estreias, competições de startups e premiações dentro do SXSW há muitos anos. A cada ano, acredito que melhoramos um pouco na organização desses aspectos do evento”, disse Hugh Forrest, chief programming officer do festival. “Nossa organização aprimorada aumenta a probabilidade de algo que seja lançado, ou ganhe reconhecimento no SXSW, tenha um impacto global”, completou.
Uma novidade na premiação este ano é o patrocínio da Latam Airlines. “Estar presente num evento como o SXSW não só reforça a imagem da marca como também o compromisso em seguir inovando”, pontuou Rodrigo Padilla, global chief brand officer do Grupo Latam.
O executivo ainda ressaltou que objetivo da companhia com o patrocínio é fornecer uma experiência VIP no dia da premiação para alguns clientes e parceiros, além de levar alguns influenciadores para cobrir o evento. Neste ano, o patrocínio será somente ao SXSW Innovation Awards, porém, Padilha não descarta uma participação maior da marca no festival em 2026.
Além de ter maior delegação internacional de participantes no festival, o Brasil também marca presença na premiação de inovação com dois cases, de áreas de atuação diferentes, mas que jogam luz em como o País tem se destacado quando o assunto é tecnologia e inovação, mesmo diante de grandes mercados, como o norte-americano e o europeu.
Um dos cases brasileiros, que está disputando na categoria de Interface Design, é o “Engineering the World’s First Smart Lipstick”, do Grupo Boticário, em parceria com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR). O projeto se trata de um protótipo de batom inteligente focado em pessoas com deficiência física e visual.
Ainda em fase de protótipo, a solução usa um sistema de visão computacional, combinada com inteligência artificial, para mapear o rosto da pessoa. Após distinguir os tons faciais e labiais dessa pessoa, um braço robótico faz a aplicação do batom inteligente.
Milene Haraguchi Padilha, expert de P&D do Grupo Boticário, enfatiza que a IA utilizada no projeto foi treinada para, inclusive, considerar a miscigenação do Brasil. “Geralmente, essas IAs são bastante eurocentristas, então a nossa foi desenvolvida com tom e sub tom de pele considerando a nossa miscigenação, formatos de lábios diferenciados que temos aqui, texturas e tudo isso ajuda a melhorar a aplicação do produto, a precisão do que temos ali nessa solução final”, conta.
A expert revela ainda que foram sete anos de desenvolvimento do projeto, que nasceu com o propósito de tornar a beleza mais acessível e inclusiva. “Todo o processo de desenvolvimento dessa tecnologia contou com a colaboração de pessoas com deficiência visual ou deficiência motora”, complementa.
O designer sênior da CESAR, Davi Pradines, complementa esse ponto, ressaltando que projetos de acessibilidade, sejam eles em qualquer ambiente mercadológico, são muito raros e difíceis de existir. “Estamos falando de um projeto de dimensões que transformam a vida de muita gente, e o time todo viu isso na rotina de testes, e de quanto mais disponibilizávamos parte da nossa solução, as etapas que íamos fazendo, as versões do nosso protótipo, mais víamos o impacto que isso traz”, reforça.
O outro case brasileiro que está concorrendo no SXSW Innovation Awards, mas dessa vez na categoria de Urban Experience, é o “From Smart Campus to Real Smart Cities”, projeto inovador de cidade inteligente, humana e sustentável, do Centro Universitário Facens, de Sorocaba, São Paulo.
Com início em setembro de 2014, o projeto idealizado em conjunto com o Grupo Splice, trata-se de um laboratório vivo que busca solucionar problemas reais da sociedade, utilizando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, como eixos transversais nos projetos, conectando a comunidade acadêmica, mercado/empresas, governo e sociedade.
“O Smart Campus Facens é um laboratório vivo de Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentáveis, utilizando o campus do Centro Universitário Facens para estudos e implementação reais aplicáveis aos conceitos de Smart Cities”, revela a Professora Dra. Regiane Relva Romano, também diretora de cidades inteligentes do Smart Campus Facens.
O projeto possui atuação multidisciplinar e integração com demais Centros de Inovação e departamentos da Facens, a fim de criar e manter um portfólio de soluções para as cidades, complexos e conglomerados de convivência humana, como shopping centers, condomínios, clubes e outros, segundo Regiane.
Ao todo, mais de 350 projetos já foram desenvolvidos e implementados. Inclusive, segundo Regiane, diversos deles geram dados que são coletados e enviados para uma Central de Monitoramento/Dashboard, que emprega os conceitos de IoT, Inteligência Artificial, além das melhores práticas de gerenciamento de projetos.
Além de implementar o conceito de cidade inteligente em Albertina, o projeto teve impacto na cidade de Sorocaba. Em 2018, graças à parceria com a Facens, foi reconhecida em Paris como uma Fab City — modelo urbano que prestigia o desenvolvimento da produção local para transformar a cidade em autossuficiente e conectada. O projeto também ajudou a cidade de Sorocaba a ganhar os prêmios Band Cidades Excelentes em 2023 e 2024.
Em 2024, outro projeto do Brasil, da Lenovo, também em parceria com o CESAR, esteve entre os finalistas do SXSW Innovation Awards, na categoria Artificial Intelligence, mas acabou não levando o prêmio. No ano anterior, o Brasil levou para casa o People’s Choice Award, com o projeto Educbank, de São Paulo.
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