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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA


12 de março de 2025 - 18h48

Nadia Murad é a mais nova de 12 irmãos. Ela cresceu em uma pequena comunidade Iazidi no Iraque e viveu uma vida normal e feliz durante sua infância e juventude. Foi a primeira de sua família a receber estudos secundários e sonhava com abrir o primeiro salão de beleza de seu povoado. Até que, em 2014, ela e muitos outros membros de sua família e comunidade, foram capturados pelo Estado Islâmico. Nadia viu 6 de seus irmãos serem mortos pela organização terrorista. Ela e todas as outras mulheres se tornaram escravas sexuais dos militantes do ISIS. Nadia foi uma das mais de 6 700 mulheres iazidis que foram aprisionadas durante o período que o ISIS dominou maior parte do território do IraqueApós inúmeras violações sexuais e abusos físicos dos mais diversos, ela finalmente conseguiu escapar do cativeiro e fugiu para um campo de refugiados. De lá ela conseguiu emigrar para a Alemanha.
Apesar de toda a dor pessoal causada pela traumática experiência, Nádia diz que no momento que ela passou o último posto de controle do Estado Islâmico e realizou que estava livre, imediatamente sentiu a responsabilidade que passava a ter de contar a sua história ao mundo, denunciando os atos cometidos pelos terroristas e buscando assim chamar a atenção da comunidade internacional para este outro terrível aspecto das guerras, que é o uso da violência contra a mulher como arma de guerra. Quando uma televisão a procurou para uma entrevista, ela sentiu que era o momento de começar a sua luta.
A partir da entrevista dada à TV americana, Nadia começou a viajar o mundo, entrevistando-se com importantes chefes de estado, líderes religiosos (como o papa) e chegou até à ONU. Ela se juntou com a advogada e ativista Amal Clooney, para lutar pelos direitos dos Iazidis, seu povo, no Iraque. Nadia criou uma ONG chamada Nadia’s Initiative, que ajuda a reconstruir as comunidades em crise. Em 2018, Nadia Murad ganhou o Prêmio Nobel da Paz.
Nadia tem lutado, especialmente, para levar aos tribunais os criminosos sexuais de guerra, colocando-os em pública evidência e torcendo para que assim, outros homens em guerra pensem duas vezes antes de cometer crimes sexuais com vítimas de guerra. Ela diz que estes terroristas não tem, muitas vezes, medo de morrer. Mas temem a exposição pública e ter que confrontar suas vítimas sexuais em um tribunal, uma humilhação pela qual não querem passar. Por isso a sua luta pela responsabilização criminal e pública destes assaltantes. É uma luta longa. Ela mesmo diz que há mais parentes seus mortos do que criminosos do Estado Islâmico já condenados. Contudo, diz ela, não podemos perder as esperanças. Ela, que encontrou certa paz interior através do esporte, saindo para longas corridas sempre que pode, diz que sonha com o dia em que sua luta não seja mais necessária e ela possa, eventualmente, retomar o seu antigo sonho de montar um salão de beleza. Um lugar como ela sempre o imaginou, onde as mulheres se juntam, sentem-se seguras e podem falar umas com as outras sobre seus problemas de dia a dia, apoiando-se mutuamente, sentindo-se amparadas e cuidadas.
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