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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

De espectadores a comunidades: o futuro da descoberta e conexão

Com search descentralizado, creators como gatekeepers e gaming como território estratégico, marcas precisam ir além do alcance e construir pertencimento


17 de março de 2025 - 14h25

Nos últimos anos, as transformações no digital têm sido aceleradas por mudanças no comportamento do consumidor, novas tecnologias e a ascensão de plataformas que desafiam os modelos tradicionais de busca, influência e conexão. No SXSW, ficou evidente que o futuro da presença digital das marcas passa por um novo momento: a era da comunidade.

O primeiro grande aprendizado do evento foi sobre o impacto das novas formas de descoberta. O Google Search, que dominou esse território por mais de duas décadas, já não é mais a única – ou principal – porta de entrada para informações sobre marcas e produtos. Redes sociais como TikTok, Instagram e YouTube ganharam relevância como motores de busca e agora dividem esse espaço com a inteligência artificial e plataformas conversacionais. Neste novo cenário, a percepção da marca não é mais controlada pelas próprias empresas, mas sim formada pelas conversas que acontecem na internet. Por isso, a participação ativa das marcas nessas interações, seja dentro de comunidades já estabelecidas ou fomentando novas conversas, é essencial para garantir relevância e visibilidade.

Outro ponto central das discussões no evento foi a evolução da Creator Economy. Se antes os criadores eram meros intermediários entre marcas e audiências, agora eles são protagonistas na construção de comunidades. O SXSW reforçou a transição de três fases dentro desse ecossistema: a era do patrocínio, na qual as marcas compravam cultura; a era da influência, na qual as marcas emprestavam cultura dos creators; e agora a era da comunidade, onde as marcas precisam se integrar de maneira genuína para permanecerem relevantes. Esse movimento se fortalece à medida que a inteligência artificial se torna uma ferramenta para amplificar o alcance e a produtividade dos criadores, sem substituir a necessidade da conexão humana. O desafio das marcas será encontrar formas de se inserir nessas comunidades sem parecerem intrusivas, mas sim colaborativas e autênticas.

A ascensão dos micro e nano criadores também foi um dos destaques do evento. Enquanto os grandes influenciadores oferecem alcance, são esses criadores menores que constroem engajamento e conexão genuína com suas comunidades. Em um cenário onde 10% da população global poderá se tornar influenciadora até 2027, as marcas precisam mudar seu foco: em vez de perseguir métricas como número de seguidores, curtidas e visualizações, a atenção deve estar nos superfãs – aqueles que realmente impulsionam a conversa e o consumo.

Por fim, um dos temas mais provocativos do SXSW foi a relação entre marketing e gaming. A batalha pela atenção do consumidor nunca foi tão intensa, e o tempo médio de atenção nas redes sociais caiu para apenas 1,3 segundos. Enquanto isso, dentro dos mundos virtuais dos games, esse tempo sobe para impressionantes 11 minutos. A Geração Z e a Geração Alpha já utilizam plataformas como Roblox e Fortnite não apenas para jogar, mas para se conectar e socializar. O grande desafio para as marcas é como se inserir nesse espaço, sem depender exclusivamente de grandes investimentos como os feitos por grifes de luxo. Nesse sentido, os criadores de conteúdo gamers são uma ponte viável e eficiente para conectar marcas a essas audiências, criando narrativas envolventes dentro do universo dos jogos.

A era da comunidade já começou! Quem quer se manter relevante precisará aprender a navegar nesse novo cenário, onde influência, conexão e pertencimento são os principais ativos. O futuro da Creator Economy não será apenas sobre quem tem mais alcance, mas sobre quem constrói relações mais sólidas e significativas.

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