Direto da folia de carnaval em São Paulo para o SXSW em Austin
Expectativas para o encontro de 2025
Expectativas para o encontro de 2025
4 de março de 2025 - 8h46
Escrevo este artigo em pleno sábado de Carnaval, enquanto muitos aproveitam a folia, inclusive eu. Nos últimos anos tenho sido assíduo frequentador do Websummit, tanto em Lisboa quanto no Rio. Este ano, vou direto da quarta de cinzas para o vibrante ecossistema de ideias do SXSW.
Pode ser um pouco audacioso da minha parte, mas decidi fazer uma presença focada na trilha de AI, ficando apenas 5 dias. Claro que muito do que acontece no SXSW, rola off site e não vou ficar de fora das rodas de networking cidade a fora. Nos últimos anos, AI foi assunto do dia a dia, sempre com muita expectativa sobre aplicações práticas, mas com frequência faltavam casos de uso disruptivos e seguros para aplicação imediata em larga escala ao mesmo tempo. Confesso que eu sempre voltava dos eventos de inovação e tecnologia com um sentimento de que os casos de uso poderiam ter mais profundidade. Mas só recentemente começamos a ver esses exemplos saírem do papel e ganharem força de verdade. Mais inspirador do que nunca, este é o momento em que a tecnologia mostra a que veio, transbordando das áreas de TI para todos os departamentos e setores como parte do que estamos chamando de democratização da tecnologia.
No SXSW 2025, o que mais me anima é testemunhar como os usos de AI estão ganhando escala. Não falamos mais de experimentos isolados, e sim de implementações que alcançam milhões de pessoas. Isso significa fábricas mais eficientes, instituições financeiras mais seguras, operadoras de telecomunicações mais inteligentes e startups criando produtos totalmente novos apoiados por AI. Em vez de apenas discutir o que poderia ser feito, espero poder ver exemplos do que já está sendo feito em larga escala, trazendo resultados tangíveis.
Espero ver de perto casos que simbolizem esse ganho de escala e transversalidade setorial da inteligência artificial, como redes autônomas, cidades inteligentes e finanças impulsionadas por IA, experiências imersivas que combinem realidade virtual e realidade aumentada, os avanços na saúde, a personalização da experiência do cliente no varejo e as automações criativas, como por exemplo os avatares interativos e quase humanos trabalhando como Agents personificados. Sem falar do quão impressionante seria encontrar um humanoide destes mais avançados e poder sonhar com um no curto/médio prazo tanto na empresa quanto em casa. Algo que me remete ao filme O homem bicentenário com Robin Williams, de 1999, quando tudo isso era apenas ficção científica. Na indústria, espero ver empresas compartilhando como combinaram algoritmos de visão computacional com a expertise dos operários para reduzir a zero os defeitos de produção ou mesmo fazer previsões de manutenção e demanda com altíssimo nível de assertividade. Sem falar das fábricas autônomas, como aquelas que já estão sendo apelidadas de “dark factories”. E claro, muitas startups promissoras ou já estabelecidas, incluindo as do Pitch Competition da KPMG, que vão subir ao palco com soluções surpreendentes. É comum no SXSW o lançamento de ideias que desafiem o status quo e a AI está por trás de grande parte delas atualmente. Estar lá, no meio desse ecossistema, significa captar em primeira mão essas novidades e tendências para depois trazê-las ao Brasil.
No trabalho, tenho a missão diária de ajudar nossos profissionais e clientes a incorporarem a inteligência artificial em suas rotinas de forma segura, responsável e, sempre que possível, divertida. Acredito que adotar uma nova tecnologia não precisa ser intimidante e, sim, ser uma jornada envolvente que motive as pessoas. Muitas vezes, isso significa desmistificar siglas e algoritmos com exemplos práticos e acessíveis, ou até com experiências interativas que tornam o aprendizado mais leve. Quando a equipe se diverte na jornada, a inovação deixa de ser um bicho de sete cabeças e passa a fazer parte da cultura da empresa.
Essa humanização da tecnologia é fundamental para gerar resultados tangíveis tanto na evolução da cultura quanto no lucro dos negócios. Em outras palavras, não basta implementar AI por implementar: o objetivo é melhorar a vida de quem trabalha na empresa e, ao mesmo tempo, impulsionar a performance e os resultados financeiros. Vejo isso acontecer quando uma solução de AI libera os times de tarefas repetitivas para que eles foquem no que é estratégico, ou quando insights de dados levam a decisões mais acertadas que abrem novas fontes de receita.
Enquanto fecho este texto, ainda escuto de longe os blocos de Carnaval passando. É um lembrete divertido de que inovação e criatividade estão por toda parte. Minha fantasia neste ano não foi de pierrô nem de arlequim, mas de “explorador de tendências”. E a aventura está só começando. Na Quarta-feira de Cinzas, embarco para Austin com o entusiasmo de quem leva resquícios de purpurina na mala e muitas perguntas na cabeça.
Vou do Carnaval à conferência com um objetivo claro: voltar do SXSW repleto de aprendizados e inspirações para compartilhar. Quero trazer na bagagem novas ideias de como aplicar AI de forma responsável e eficaz, histórias de sucesso que possam inspirar empresas brasileiras e, quem sabe, algumas soluções fresquinhas para experimentar junto aos nossos clientes.
A tecnologia que estamos vendo nascer e crescer agora tem um enorme potencial de transformar negócios e sociedade para melhor. E é nosso papel, como entusiastas e profissionais de inovação, canalizar essa energia para algo positivo. Se a era da IA finalmente decolou, então que voemos alto, com segurança, propósito e até um pouco de diversão.
Nos vemos em Austin após a folia!
Compartilhe
Veja também
CMO da Rare Beauty: “Solidão é lugar onde marcas podem gerar impacto”
Katie Welch conta como marca de beleza fundada por Selena Gomez construiu uma comunidade de fãs com a premissa do pertencimento e da inclusão
Amy Webb: a inteligência viva e o fear of missing anything
CEO do Future Today Strategy Group descreve a convergência entre IA, biotecnologia e sensores; além de alertar para os efeitos de um mundo em transição