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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

É hora de imaginar o futuro que queremos viver

Precisamos imaginar uma nova realidade. Nunca foi tão urgente construir algo novo, diferente de tudo o que estamos vendo agora


14 de março de 2025 - 15h46

É meu terceiro SXSW e, pela primeira vez, começo o evento mais otimista com as possibilidades para o futuro. Sim, ainda é possível construir um mundo a partir das nossas próprias perspectivas e não das que são demandadas por um pequeno grupo de pessoas (homo-gênero).

Esperava um ano de palestras angustiantes e menos esperançosas, especialmente agora em que os EUA estão sendo regidos por homens que tentam nos colocar no mais pessimista dos mundos. Claro que pode ser um reflexo das minhas escolhas dentro da extensa grade de programação. Mas o convite que a edição de 2025 está me fazendo é claro: precisamos imaginar uma nova realidade. Nunca foi tão urgente construir algo novo, diferente de tudo o que estamos vendo agora.

Na sessão “The Unusual Suspects with Kenya Barris and Malcolm Gladwell”, os podcasters perguntaram a Brené Brown por que, a todo tempo, ainda temos que discutir questões básicas do mundo. Por que não aprendemos com o passado? Brené respondeu que os contextos mudam. Ela enfatizou que, em uma sociedade já dominada pela inteligência artificial, o poder reside nas histórias humanas que podem ser contadas.. São essas histórias que nos fazem aprender, imaginar e construir o mundo que faz sentido para os desafios contemporâneos. Kenya Barris complementou destacando a importância da curiosidade para criar pontes, pois na curiosidade não há julgamentos, mas disposição genuína para entender o outro.

Ben Stiller, diretor da série Ruptura (Severance) da Apple TV, falou sobre o sucesso da obra durante a sessão “Apple’s Eddy Cue and Severance’s Ben Stiller: Moving Culture Through Innovation and Creativity”. Segundo ele, o engajamento do público acontece porque a série é uma grande metáfora da labuta diária, que aborda um questionamento comum: qual o sentido do nosso trabalho? O que estamos fazendo, com qual objetivo e para quem? Será o momento de imaginar o que queremos para o nosso trabalho? Onde podemos colocar nossos esforços para, de novo, transformar?

A artista digital Holly Herndon, em sua palestra “AI, Music & Creativity in the Imagination Age”, nos fez mergulhar em suas criações com IA. Ela, que cria seus próprios modelos de linguagem, acredita que é a partir da arte que vamos imaginar um mundo colaborativo e criativo. Está em nossas mãos criar novos modelos que sirvam à humanidade e não apenas aos bilionários do planeta. Nessa mesma linha, Brené Brown reforçou que é na poesia e nos espaços dedicados à arte que encontraremos as soluções que realmente precisamos, não apenas na IA.

E a biotecnologia também abre possibilidades para criar um mundo ao nosso favor, tema abordado na sessão “Colossal: Technology Company Turning Science Fiction to Science Fact”. Claro que aqui entramos em muitas questões éticas sobre a manipulação de DNA, mas existem caminhos promissores, desde recuperar espécies extintas até criar alimentos mais nutritivos. Ben Lamm, CEO da biotech Colossal, trouxe ainda a ideia provocativa de que a bioengenharia pode transformar até mesmo a arquitetura. Imagine edifícios vivos, verdadeiras casas-árvore integradas à natureza — ou melhor, sua casa sendo a própria natureza, algo que Amy Webb chamou em suas previsões futurísticas de metamateriais e living intelligence.

Por fim, em outra sessão impactante, “How Young People Are Remaking Social Media”, a ativista digital Emma Lembke trouxe um panorama crítico sobre os efeitos negativos das redes sociais atuais — desinformação, fake news, bullying, polarização, crises de privacidade e de saúde mental. Os números são alarmantes e a questão é urgente: por que ainda estamos nesses espaços? O otimismo aqui está na sua proposta de que juntos podemos criar novos mundos e ambientes digitais mais humanos e saudáveis. Ela já tem um plano estruturado, com metas claras e medidas de sucesso, desenvolvido por cabeças diversas e de gerações diferentes.

O futuro, portanto, é um convite urgente para agir com imaginação e criatividade, diferente do sentimento de apatia e medo vigentes. Temos, no tempo presente, a oportunidade única de moldar o mundo que desejamos habitar. O que você está esperando para imaginar e criar o mundo em que quer viver? A hora é agora.

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