16 de março de 2023 - 15h22
(Crédito: Ben Houdijk/Shutterstock)
Tenho formação em Eletrônica e Comunicação Social. Antes de assumir o cargo de CEO na WMcCann, fui Mídia, com foco em performance. Quem atua nessas áreas, convive com essa tecnologia na rotina desde a revolução da internet 3.0. A inteligência artificial está nas ferramentas que ajudam a fazer recomendações de investimento de mídia para os nossos clientes, trazendo insights a partir de dados, o que é fundamental para a tomada de decisões dos gestores de marcas.
No SXSW, porém, o foco do debate sobre inteligência artificial foi o impacto dela nas atividades intelectuais criativas – provável efeito da rápida ascensão do ChatGPT, a ferramenta de IA generativa da OpenAI que conseguiu atingir a incrível marca de 100 milhões de usuários em dois meses do lançamento.
Dos corredores, aos painéis, passando pelas filas quilométricas, só se fala sobre o assunto. Das implicações em segurança de dados e garantias à propriedade intelectual, até dimensões mais econômicas, como o efeito dela no mercado de trabalho – o grande receio de quem atua, sobretudo, com comunicação na indústria criativa hoje.
Ian Beacraft, CEO da Signal and Cipher e um dos maiores especialistas em Web3 e metaverso do Vale do Silício, levou o tema à discussão na sua fala no evento. Menos apocalíptico que o senso comum, ele enxerga a IA como um meio para potencializar as habilidades profissionais, possibilitando o foco em outras atividades. É interessante ouvir a leitura dele, sobretudo no que diz respeito à relação que precisaremos desenvolver com as máquinas nesse novo contexto: devemos aprender a gerenciar o que ele chamou de “seres digitais”, para fazê-los atuar a nosso favor.
Vai ao encontro da visão de uso estratégico da tecnologia que compartilho. Se ela está aí, mostrando o que é capaz de fazer e evoluindo cada vez mais rápido, não adianta negar seu potencial em se tornar, de fato, algo transversal em todas as atividades e profissões.
Parece um insight óbvio, mas necessário. Na nossa indústria, acredito que ainda por desinformação, há resistência no uso de ferramentas tecnológicas desenvolvidas para aumentar a eficiência nas atividades. É como se o progresso tecnológico fosse um risco para a criatividade e que o olhar pragmático de negócios, que estimula o uso da tecnologia para atingir melhores resultados, afetasse a qualidade do que é produzido.
Já parou para pensar que se não precisássemos gastar tanta energia em tarefas rotineiras cada um de nós poderia ir mais longe? Existe um limite para a inteligência humana ou a gente que está ocupado demais e dispersos em atividades pouco importantes? Quando assumi como CEO da WMcCann, um dos meus pilares de trabalho foi eficiência operacional. Sou apaixonado por esse tema e acredito que a IA pode sim ajudar nesse quesito.
No pré-pandemia, em 2019, o Brasil levou 1.600 representantes, no retorno presencial, em 2022, foram 1.100. Agora, em 2023, o Brasil invade de uma vez o festival com uma média de 2.000 inscritos. Cerca de 2.000 pessoas em busca de “para onde o farol está apontando” em relação a tendências, inovações e negócios.
É imperativo que passemos a entender o que exatamente é a Inteligência Artificial, o que não é, e quanto ela agrega ao negócio. Imagino que tenha sido esse um dos grandes motivos dessa nossa invasão brasileira em Austin. Afinal, se o próprio Greg Brockman, presidente e co-fundador da OpenAI, dona do ChatGPT e do Dall-E, disse que é “Inimaginável” pensar em como será a IA em 2050, seguiremos em busca de nem que seja só um facho de luz.