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SXSW

Empreendedorismo preto com Katheryn Finney na SXSW

O que aprendi sobre empreendedorismo preto com Katheryn Finney na SXSW 2023


17 de março de 2023 - 10h39

Crédito: Shutterstock

Você sabia que, dos US$ 150 bilhões de venture capital dos EUA, menos de 1% é destinado a startups fundadas por pessoas negras? Esse dado tão chocante foi o gancho de uma das palestras que, sem dúvida, foi um dos pontos altos da SXSW 2023 para mim.

A sessão em questão foi a “How to Build the Damn Thing”, que promoveu a entrevista feita pela fundadora da Capitalize VC Tessa Flippin com Kathryn Finney, fundadora do Genius Guild, fundo de risco que investe em negócios de empreendedores pretos.

Ela é autora do livro “How to Build The Damn Thing”, que aborda princípios do venture capital e aponta a falta de diversidade de investimentos em empreendedores pretos.

A conversa entre as duas mulheres negras que precisam lutar pelo espaço em um mundo dominado por homens brancos me encheu de reflexões. Agora, quero compartilhá-las com você.

Cenário preocupante

Antes de me debruçar sobre a palestra inspiradora na SXSW, é preciso falar sobre o real cenário do empreendedorismo preto.

Segundo a Deloitte VC Human Capital Survey, 8 dos 10 parceiros de investimento em Venture Capital eram brancos. Quando pensamos em gênero, o cenário é ainda pior: as fundadoras negras receberam apenas 0,27% do valor total de VC norte americano.

No Brasil, o percentual de startups fundadas por pessoas pretas ou pardas é de apenas 5,8%, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

A BlackRocks Startup, que foi criada “com o objetivo de promover acesso à população negra em ambientes altamente inovadores e tecnológicos”, lançou o primeiro mapeamento de startups fundadas por pessoas negras no país.

No total, 25,1% dos fundadores de startups brasileiras são pretos e pardos. Analisando esse público, apenas 29,3% receberam algum tipo de investimento. Quando olhamos fundadores brancos, esse percentual sobe para 36%.

Entre pessoas pretas e pardas, os tipos de investimento se concentram em

Investidor Anjo (34,2%)

Seed (33,7%)

Programa de Aceleração (20,5%)

Venture Capital (3,2%).

Outro dado interessante é sobre o surgimento dessas startups: 89,8% foram fundadas entre 2015 e 2021. Em um artigo exclusivo para a Startups, falei sobre a jornada do empreendedorismo preto, vale conferir.

Inspiração

Kathryn compartilhou sua jornada e carreira como empreendedora e investidora para encorajar fundadoras negras e empreendedoras a construir suas próprias coisas. O fundo de risco fundado por Finney busca aumentar a riqueza e injetar capital em startups fundadas por pessoas negras.

As startups lideradas por negros são uma oportunidade de negócios subestimada e negligenciada que representa uma oportunidade de investimento lucrativa que é ignorada por muitos.

Em um evento como a SXSW, que movimenta tanta gente no mundo todo, ver a troca entre essas duas empreendedoras foi algo inesquecível. Sinto que presenciei algo revolucionário, que fala muito sobre representatividade e quebra tabus.

Kathryn contou que as pessoas não tinham nenhuma expectativa de que ela fosse capaz de receber investimentos, mesmo tendo um modelo de negócio sólido e números – tudo que era necessário para se tornar um unicórnio nos dias de hoje – mas ainda assim, não conseguia expandir.

Ela então foi procurar estatísticas e viu que, em 2015, existiam 88 startups fundadas por pessoas negras e, dessas, apenas 11 receberam investimentos acima de 1 milhão de dólares.

Foi aí que Finnley começou o seu trabalho de se entender, à medida que crescia na carreira, como investidora porque desejava dar espaço para outras pessoas pretas empreenderem.

Destaques e dicas

Quando perguntada sobre dicas para empreendedores pretos, Katheryn Finnley ressalta a importância, principalmente para mulheres pretas, de se “gabarem” de suas vitórias, que não há nada de errado em fazer isso.

Além disso, a autora recomendou encontrar de um a dois sponsors que falem das vitórias dessa pessoa empreendedora e que dê acesso para locais onde há oportunidade de investimento.

Então fale de você e das suas vitórias e encontre uma dessas pessoas pra fazer isso também.

“Um dos desafios como empreendedor negro, muitas vezes, é que não fazemos parte das redes de networking que precisamos para poder partir para as próximas fases”, explicou.

Por fim, quero destacar dois pontos da fala de Katheryn

Vendam os negócios de vocês pelo viés das oportunidades. Estamos há muito tempo falando sobre as desigualdades.

Agora precisamos focar no potencial dos negócios, qual o tamanho dessa oportunidade? Imagina se tivessem investido no Hip Hop há 10 anos… quanto dinheiro teria ganho?

Espero ter plantado uma semente de curiosidade e reflexão.

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